sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Recordar é Viver: "Picova, um lateral moderno"












Por Wanderley `Tico´ Cassolla


A coluna procura sempre resgatar os grandes times e jogadores que fizeram parte da história do amadorismo garcense. Contando com a ajuda dos amigos e também da internet/redes sociais vamos aos poucos encontrando os craques do passado, que passaram na nossa várzea. Quem não se lembra do Antonio Carlos Soares, o Picova, um lateral direito, que nas décadas de 70/80 fez sucesso e era disputado pelos principais times. Achamos o Picova na vizinha cidade de Pirajuí, onde está aposentado do Banespa e é um próspero sitiante. Em Garça ele morou por vários anos na vila Manolo, hoje José Ribeiro.

Na época os times jogavam no tradicional esquema 4-2-4, com uma linha de zagueiros com a função especifica de marcar. Os laterais (hoje alas) não passavam do meio do campo. Foi justamente aí que o Picova se destacava dos demais “becões”. Com um físico privilegiado gostava de apoiar o ataque, ir a linha de fundo, além do que, tinha um ótimo passe de bola. Assim é que jogou só em time de ponta da várzea, dentre os principais estão o Barol, Serenata, Ipiranga, Casa Ipiranga e Vumec. 

O auge da carreira do Picova foi na forte equipe do Serenata, do presidente Paulo Renato Alves de Souza e do técnico Juvenal Hilário do Nascimento. Com certeza o Serenata, ao lado do Bandeirante, do presidente João Bento, na década de 50, está entre os melhores times de todos os tempos. O Serenata era apoiado pela Industria de Óleo e Sabão do Manolo e contava com seleção dos melhores jogadores de Garça.

Eu tive a oportunidade de ver o Serenata jogar. Estava começando a carreira no Ipiranga, e enfrentei a tradicional agremiação verde e branca em várias oportunidades. Confesso que alguns resultados foram derrotas e por goleadas.

O Serenata tem dois títulos inéditos para o futebol garcense: bi-campeão do Campeonato Regional da Liga de Futebol de Marília, nas temporadas de 1.972/73. Nenhum outro time conseguiu tal feito. Por outro lado, como sempre privilegiou a competição regional, não teve a mesma sorte em nosso amadorismo. Nos mesmos anos de 1.972 e 73, disputou a final contra o banco Induscômio, perdendo as duas decisões, resultados apontados pelos torcedores como verdadeiras “zebras”.

Recordamos o Serenata, posando com a faixa de campeão regional de 1972, no Estádio Municipal “Frederico Platzeck”. Em pé da esquerda para direita: Nelsinho, Paraná, Dadi, Picova, Jorjão do Prata e Mário; agachados: Dominguinhos, Natal, Titica, Helinho Tercioti, e Edílio Ramos.

O Picova lembra dos grandes jogadores da época, fazendo questão de citar o Dominguinhos (um craque da bola), Zé Walter, Chico Ramalho, Corinho, Béia, Rabudinho, José Luiz Português, Chola (goleirão), Rôla, Tião Quadrado, Claudião, Plínio Dias, e muitos outros. Haviam muitos bons jogos, verdadeiros clássicos, e quanto aos árbitros, destaca o Walter Palmital, Ranulfo, Agamenon e o emblemático Moisés Rodrigues de Santana. 

Apesar de jogar na defesa só foi expulso uma única vez na carreira, num lance normal de disputa de bola, só que o árbitro Agamenon mandou para o chuveiro mais cedo. Veja na outra foto, um quarteto de destaque da final entre Serenata x Induscômio, Da esquerda para direita: Picova (Serenata), Washington (Induscômio), Zé Walter e Corinho. Na outra foto ao lado dos colegas do Serenata: Picova, Jorjão goleiro e Zé Walter. Agachado está o Edson Tercioti. Picova deixou nossa cidade nos anos 80, e também parou de jogar bola. Foi trabalhar em São Paulo, onde ficou três anos. De lá voltou para o interior, indo morar em Pirajuí, onde reside até os dias de hoje (foto). Os filhos Gustavo, Daniel e Rodrigo não puxaram para o pai em se falando de bola. Nas horas de folga, acompanha o futebol e continua torcendo pelo São Paulo, ao lado da esposa Marli.  E porque o apelido “Picova”. Segundo ele tudo porque na época de criança era “bom” de jogar  burca (ou bolinha de gude). Tinha facilidade para embirocar as burcas dentro dos buraquinhos do jogo, quatro ou seis, que a garotada chamava de “picovas”.