sexta-feira, 7 de março de 2025

Recordar é Viver: O representante Júlio Pavarini

 


Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Próximo de completar 93 anos, encontramos antes do carnaval, Júlio Pavarini (foto), um abnegado esportista, e insuperável como representante dos jogos do futebol menor garcense. Nunca ouvi falar do Júlio jogando bola, só mesmo como representante. Uma “profissão”, digamos, pra lá de difícil de desempenhar. É o que eu sempre falo: jogar bola é fácil. Quero ver é ser dirigente de time, árbitro ou representante. Não é para qualquer um não.

Mas é o que o duartinense Júlio Pavarini sempre adorou fazer. Aqui em Garça foram uns 30 anos (ou mais), desde o começo dos anos de 1970. Ele representou jogos do amador, futebol suíço, campeonatos rural e futebol de salão (futsal). Teve até uma época na CCE/Comissão Central de Esportes, que o Júlio foi o responsável pela turma dos representantes. Organizava as súmulas, colocava nas pranchetas e distribuía para os demais representantes irem para os jogos. Na segunda feira, ele recolhia as pranchetas, conferia, em seguida entregava na CCE. para a computação dos resultados e controle dos cartões vermelhos e amarelos. Um trabalho incansável que o Júlio fazia com o maior prazer.

Muitas vezes aos domingos, saía de casa bem cedo, pois eram dois jogos que trabalhava: às 8h e às 10h. Depois rumava às fazendas, juntamente com o árbitro, e mais dois jogos: às 14h e 15h. Chegava em casa já escurecendo, com a certeza da missão cumprida. Foram muitos e muitos domingos que deixou a família em casa, para ir atrás dos jogos. Remuneração até que tinha, mas não era grande coisa.  Sempre sentado numa cadeira (foto) e com uma mesa à sua disposição, com o Júlio não tinha bagunça. Era enérgico e firme junto com o trio de arbitragem.




Ele lembra que trabalhou com muitos árbitros bons: Valter Bosque “Palmital” Garcia, Omar Neubern, Élcio dos Passos, Ranulfo José da Silva, Jomar “Português” Gonçalves e Moisés Rodrigues de Santana, dentre outros. No flagrante, posando no “Platzeck”. Em pé, da esquerda para direita: Élcio Passos, Chicão “Ferreira”, Moisés de Santana e Júlio Pavarini. No outro flagrante, trabalhando em mais uma edição Copa Lions/Taça Cidade de Garça e com um detalhe: o folclórico Taidão em pé. A frente está o troféu GARCAFÉ, para o time campeão e de posse transitória, instituído no ano de 1966.

Também faz questão de destacar os dirigentes da CCE. daquela época: Sérgio De Stéfani, Nelson Carvalho de Souza, Plinio Gonçalves Aredes Dias, Rui Mesquita, Mário Baraldi e Galdino de Almeida Barros.

O Júlio sempre esteve ligado ao futebol, é torcedor do Palmeiras, época da gloriosa `Academia´ dos anos de 1960. Seu ídolo é Ademir da Guia. No lado profissional foi um excelente gráfico, trabalhou na imprensa escrita, nos jornais Comarca de Garça e Correio de Garça.

CARTÃO É CARTÃO: A minha primeira passagem com o Júlio Pavarini foi no ano de 1972. Já observei que com ele não tinha moleza, nada de ir contra o regulamento. Na época, com apenas 15 anos, eu estava começando a disputar o Amador no time do Clube Atlético Ipiranga. Ainda garoto era reserva, juntamente com o Nôzinho, Alcir, Fabron e Mario Sambinha. Num jogo, o Ipiranga enfrentou o Cavalcante no antigo Campo de Vila Rebelo, também conhecido por “Beira Zona”, às 10h. O ataque do Ipiranga era formado por Bidiu, Serginho “Morto”, Cire e Claudião. Um jogo difícil e tenso. Entrei por volta dos 30 minutos do segundo no lugar do Cire, o placar estava 4 a 1, praticamente definido. Eis que o Claudião tromba com um zagueiro do Cavalcante, reclama, vem o juizão Antenor de Souza, dá cartão amarelo para os dois jogadores. Ao apito final, os dirigentes do Ipiranga foram até o juiz reclamar, para tirar o cartão amarelo do Claudião, que seria o terceiro. 

Na próxima rodada o Ipiranga enfrentaria o Frigus, no clássico da rodada, e o Claudião não poderia faltar. O `juizão´ até que concordou, mandou falar com o representante. Prontamente chegaram até o Júlio e pediram pra trocar o cartão, ao invés do Claudião passar para o Tico. Eis, que repentinamente e resoluto, o Júlio respondeu: “O que? Trocar o cartão jamais, o Tico é um menino bonzinho, não reclamou de nada durante o tempo que jogou. Se insistirem vou colocar o nome de todos vocês na súmula. Pronto, caso encerrado, um bom domingo para todos, e vamos almoçar."