Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Seria
uma cápsula do tempo, descoberta no final do ano de 2024? Um mistério que até
hoje prevalece. Tudo começou quando da reforma no prédio do INSS/Instituto
Nacional do Seguro Social, no início da Avenida Dr. Rafael Paes de Barros.
Já
na fase final da reforma, a turma da pintura estava removendo algumas madeiras
pregadas na parede interna, que seriam “trocadas” por grafiato, quando se
deparou com um envelope bem guardado por trás do madeiramento.
Ao
abrir o envelope um achado especial: um talão de cheques, contendo 20 folhas do
Banco Comercial do Estado de São Paulo S/A, cuja agência funcionou no prédio.
Não havia qualquer menção, ou algo escrito no envelope, nem o porque do talão
de cheques ter sido guardado no local. .
Seria da época da inauguração ou de alguma reforma no prédio do banco? Alguma superstição ou um enigma? Talvez, um sinônimo de prosperidade?
Para tentar desvendar o mistério, procuramos o Dr. Caio Celso Nogueira de Almeida, uma verdadeira enciclopédia da história de Garça. Assim que mostramos a folha de cheque (foto), o Dr. Caio segurando em suas mãos, um pouco emocionado, fez uma verdadeira volta ao passado, recordando do seu primeiro emprego no banco.
Para
nossa surpresa descobrimos que o Dr. Caio trabalhou no citado banco. Foi
contínuo no ano de 1948, quando tinha apenas 16 anos de idade. Lembrou que, nesta época, o gerente do banco era o Sr. Carlos Dias Aguiar e tinha ainda os
seguintes funcionários: Nascy Mahamud, Bilbao e Roque.
Segundo
Dr. Caio, a cidade tinha um grande movimento, chegando a ter 12 agências
bancárias, tudo devido à expansão da lavoura do café, o “ouro verde do Brasil”.
De pronto afirmou: o cheque em questão era emitido e entregue ao cliente,
quando ele ia para uma outra cidade. No destino ele sacava o dinheiro na
agência do banco. Até porque na época as viagens eram longas e demoradas e nada
de ficar com dinheiro no bolso. Uma ordem de pagamento ou transferência para
outra conta era bem demorado. O cheque era pagável na localidade indicada pelo
cliente. Para ter validade, tinha que estar assinado pelo gerente e outra
chefia do banco, com a obrigatoriedade de conter o selo/estampilha na folha.
Quanto
a possível cápsula do tempo? (talão de cheque lacrado), Dr. Caio deduziu que
“Guardar um talão de cheque num lugar especial, poderia trazer sorte e render
bons negócios para o banco”.
BEQUE DE ESPERA: Há!!! Não posso esquecer de falar que o Dr. Caio é são-paulino. Também se aventurou a jogar bola. “Fui um bom beque de espera pelo lado esquerdo. Não era qualquer adversário que me driblava não”.
O
Dr. Caio disse que acompanhou muito o futebol na cidade, época do glorioso
Garça Esporte Clube, dos ano de 1950. “Era um grande conjunto de futebol, dava
gosto ver o time jogar. As domingueiras esportivas no Campo de Vila Williams eram sinônimo de alegria e também de assistir um grande espetáculo
futebolístico. O nosso Garça era respeitado por todo o interior de São Paulo.
Os destaques ficavam por conta do Altamiro Gomes, Doleite, Liquinho e dos
atacantes Paraguaio e Carlito”.
No
lado profissional, o Dr. Caio estudou na Escola Normal de Garça, se formou
professor em 1953 e lecionou em escolas da zona rural. Estudou, ainda na
Faculdade de Direito de Bauru, se formando em 1959, tendo desempenhado uma
brilhante carreira como advogado. Também fez o curso de piloto de avião no Aero
Clube de Garça, sendo um aluno exemplar. Teve a ousadia de realizar o primeiro
voo sozinho em 1948, com apenas 16 anos de idade. Também integrou o Rotary
Clube de Garça por 47 anos. No lado político foi presidente da UDN/União
Democrática Nacional aqui em Garça.
O
Dr. Caio é neto do Sr. Antonio Augusto Andrade Nogueira, o “Coronel Totó”, o
primeiro prefeito de Garça, em 1929.
Em Garça o banco funcionou na antiga Avenida Brasil, hoje, Dr. Rafael Paes de Barros, nºs 17 e 33. No número 17 era a entrada do banco, enquanto no nº 33, era o acesso à residência do gerente, que ficava no andar superior do prédio. Em 20 dia 20 de abril de 1969 foi instalada a Agência do INSS, em prédio próprio do Instituto.