sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Recordar é Viver: "Dr. Caio de Almeida e a cápsula do tempo"

 


Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Seria uma cápsula do tempo, descoberta no final do ano de 2024? Um mistério que até hoje prevalece. Tudo começou quando da reforma no prédio do INSS/Instituto Nacional do Seguro Social, no início da Avenida Dr. Rafael Paes de Barros.

Já na fase final da reforma, a turma da pintura estava removendo algumas madeiras pregadas na parede interna, que seriam “trocadas” por grafiato, quando se deparou com um envelope bem guardado por trás do madeiramento.

Ao abrir o envelope um achado especial: um talão de cheques, contendo 20 folhas do Banco Comercial do Estado de São Paulo S/A, cuja agência funcionou no prédio. Não havia qualquer menção, ou algo escrito no envelope, nem o porque do talão de cheques ter sido guardado no local. .

Seria da época da inauguração ou de alguma reforma no prédio do banco?   Alguma superstição ou um enigma? Talvez, um sinônimo de prosperidade? 


Para tentar desvendar o mistério, procuramos o Dr. Caio Celso Nogueira de Almeida, uma verdadeira enciclopédia da história de Garça. Assim que mostramos a folha de cheque (foto), o Dr. Caio segurando em suas mãos, um pouco emocionado, fez uma verdadeira volta ao passado, recordando do seu primeiro emprego no banco. 

Para nossa surpresa descobrimos que o Dr. Caio trabalhou no citado banco. Foi contínuo no ano de 1948, quando tinha apenas 16 anos de idade. Lembrou que, nesta época, o gerente do banco era o Sr. Carlos Dias Aguiar e tinha ainda os seguintes funcionários: Nascy Mahamud, Bilbao e Roque.

Segundo Dr. Caio, a cidade tinha um grande movimento, chegando a ter 12 agências bancárias, tudo devido à expansão da lavoura do café, o “ouro verde do Brasil”. De pronto afirmou: o cheque em questão era emitido e entregue ao cliente, quando ele ia para uma outra cidade. No destino ele sacava o dinheiro na agência do banco. Até porque na época as viagens eram longas e demoradas e nada de ficar com dinheiro no bolso. Uma ordem de pagamento ou transferência para outra conta era bem demorado. O cheque era pagável na localidade indicada pelo cliente. Para ter validade, tinha que estar assinado pelo gerente e outra chefia do banco, com a obrigatoriedade de conter o selo/estampilha na folha.

Quanto a possível cápsula do tempo? (talão de cheque lacrado), Dr. Caio deduziu que “Guardar um talão de cheque num lugar especial, poderia trazer sorte e render bons negócios para o banco”.

BEQUE DE ESPERA: Há!!! Não posso esquecer de falar que o Dr. Caio é são-paulino. Também se aventurou a jogar bola. “Fui um bom beque de espera pelo lado esquerdo. Não era qualquer adversário que me driblava não”.

O Dr. Caio disse que acompanhou muito o futebol na cidade, época do glorioso Garça Esporte Clube, dos ano de 1950. “Era um grande conjunto de futebol, dava gosto ver o time jogar. As domingueiras esportivas no Campo de Vila Williams eram sinônimo de alegria e também de assistir um grande espetáculo futebolístico. O nosso Garça era respeitado por todo o interior de São Paulo. Os destaques ficavam por conta  do Altamiro Gomes, Doleite, Liquinho e dos atacantes Paraguaio e Carlito”.

No lado profissional, o Dr. Caio estudou na Escola Normal de Garça, se formou professor em 1953 e lecionou em escolas da zona rural. Estudou, ainda na Faculdade de Direito de Bauru, se formando em 1959, tendo desempenhado uma brilhante carreira como advogado. Também fez o curso de piloto de avião no Aero Clube de Garça, sendo um aluno exemplar. Teve a ousadia de realizar o primeiro voo sozinho em 1948, com apenas 16 anos de idade. Também integrou o Rotary Clube de Garça por 47 anos. No lado político foi presidente da UDN/União Democrática Nacional aqui em Garça. 

O Dr. Caio é neto do Sr. Antonio Augusto Andrade Nogueira, o “Coronel Totó”, o primeiro prefeito de Garça, em 1929.

 O BANCO:  O Banco Comercial do Estado de São Paulo S/A., foi fundado em 1.912 pelo advogado José Maria Whitaker. A sede/matriz do banco era à rua São Bento nº 63, centro de São Paulo. Esteve em atividades até 1950. Com o crescimento do mercado bancário, fundiu com outras instituições financeiras, com a denominação de Banco União Comercial. Em 1974 foi incorporado ao Banco Itaú S/A.





Em Garça o banco funcionou na antiga Avenida Brasil, hoje, Dr. Rafael Paes de Barros, nºs 17 e 33. No número 17 era a entrada do banco, enquanto no nº 33, era o acesso à residência do gerente, que ficava no andar superior do prédio. Em 20 dia 20 de abril de 1969 foi instalada a Agência do INSS, em prédio próprio do Instituto.