Esta sexta-feira (30) é especial para o futebol amador garcense. O Flamengo Esporte Clube, de vila Rebelo, está festejando os 35 anos de sua fundação. Equipe mais antiga em atividade na várzea, o rubro-negro é o recordista em títulos ao longo dos tempos. Reproduzimos abaixo uma matéria veiculada no jornal Comarca de Garça, que conta a história da agremiação. Confira:
Fonte: jornal Comarca de Garça
Série 'Grandes Times'
Fim de 1976. Numa reunião entre amigos realizada no Vendão, começava a nascer o Flamengo EC. “Estava eu, o Renato (Desiderato), o Paulo (Desiderato) e o Édson (Alves, irmão caçula de dona Maria Aguiar, residente em Itapeva) e começamos a conversar sobre a formação de um time. Foram colocados alguns nomes – Corinthinha e Palmeirinha, entre eles - e o escolhido foi Comercial”, relembra Gilberto Aguiar. “Mas, no dia 30/03/77, chegamos a um consenso e como o time já tinha uma grande torcida no bairro, foi sugerido que o nome fosse Flamengo. Todo mundo aceitou e assim começamos a nossa história”, complementou.
Formado para as disputas do campeonato existente em vila Rebelo na época – entre 1977 a 1980 – o rubronegro nascia com a ajuda de algumas pessoas, pois não tinha patrocínio. “O Seu Lázaro, pai do Renato e do Paulo, ajudou muito no começo. Meu pai (o saudoso João Aguiar) foi ao Banespa e fez um empréstimo para comprar o primeiro uniforme. Mas não caiu bem, pois o mesmo era bordô, sem a ‘cara’ do Flamengo. Não restou outra alternativa senão comprarmos o uniforme do Shel que tinha o Americano em vila Manolo. Ele possuía um rubronegro e acabamos negociando e adquirindo aquele mesmo”, finalizou.
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Primeiro título conquistado pelo Flamengo na várzea garcense, o juvenil em 1977, ano de sua fundação |
Corinthinha veio primeiro, mas depois houve a unificação
O futebol sempre conviveu com os integrantes da família Aguiar. No clã já existia outra equipe, o Corinthinha, que era comandado pelo tio do conhecido Betão, Pedrinho. No alvinegro jogavam os outros irmãos, Nardão e Ênio. Nem precisa salientar que a rivalidade era ferrenha. Betão não se esquece: “Meus avós torciam pelo Corinthinha”. Mas o tempo e o bom senso trataram de aproximar as duas equipes. Desta feita, houve a unificação, com o Flamengo se tornando ainda mais forte.
Após a participação nos campeonatos de base em vila Rebelo, prevaleceu a opinião de se aventurar pelo amadorismo. E logo em sua participação inicial, na Copa Lions de 1980, o time chegou à decisão na inauguração do Toyotão, contra o Ipiranga. Foi o impulso que faltava para o Flamengo perpetuar o seu nome nos gramados garcenses.
Durante a sua participação na várzea, muitos esportistas contribuíram efetivamente para a manutenção do time. Entre eles destacam-se: Válter de Mattos, Antonio Marangão, Luis Quine, Jair Zanata, Leite Néctar e a empresa RCG.
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Flagrante do Corinthinha, no Toyotão, em 1980 |
É o time mais vitorioso da história do amadorismo garcense
Uma dezena de títulos no Campeonato Amador, seis vezes vencedor da Copa Lions, quatro torneios preparatórios, uma Taça Cidade de Garça (1982, ano que não aconteceu o Amador) e um certame juvenil. A galeria flamenguista reúne o maior número de troféus entre todos os times que já passaram pelos gramados garcenses.
Tudo começou com o juvenil em 1977, ainda nos torneios realizados em vila Rebelo. Vindo para a várzea, venceu quatro vezes o Preparação, que até na década de 90 tinha a nomenclatura “Torneio do Prefeito”. O time levantou o troféu de campeão nos anos de 1982/87/91/10/11.
Na Copa Lions, o rubronegro deu a “volta olímpica” nas temporadas de 1983/93/94/05/07/08, enquanto no Campeonato Amador, o principal da “Sentinela do Planalto”, o título veio nos anos de 1985/86/87/88/90/91/92/97/06/10/11.
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Time campeão amador de 1985 |
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O bi-campeonato: 1986 |
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Em 1987 se tornou tri-campeão |
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Único tetra-campeão legítimo - 1988 - em mais de 60 anos de campeonato |
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Em 1990, o quinto título da história da equipe |
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Flamengo, campeão amador de 1991 |
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Mais um tri-campeonato, agora em 1992 |
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Após o título de 1997, o time paralisou as atividades, retornando, através do patrocínio da empresa RCG, em 2004 |
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Em 2006, primeira vez campeão amador após o retorno |
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O 10º título veio em 2010 |
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Campeão em 2011 com gol marcado aos 13' do segundo tempo da prorrogação em épica decisão com o JP |
Gilberto Aguiar: eterno vencedor e recordista
Falar em recordes no amadorismo garcense é falar em Gilberto Aguiar. Militando nos gramados de nossa cidade desde a década de 70, Betão é uma espécie de “lenda viva” do futebol. Amigo, educado, cortês, colecionou ao longo dos anos uma legião de simpatizantes e admiradores. Sem nunca precisar bater no peito após a conquista dos seus vários títulos ou gritar que é o melhor técnico, pois sempre foi escolhido pelos próprios adversários para a seleção da temporada, o treinador rubronegro merece aplausos por sua conduta exemplar. Não se tem notícias de que Betão tenha se envolvido em tumultos ou agredido, verbalmente que seja, adversário ou arbitragem. Enfim, um grande “gentleman”, um exemplo de esportista que merece toda admiração da comunidade esportiva de Garça.
Maior vencedor da história dos campeonatos municipais, Betão continua tendo a humildade, simplicidade e cordialidade como características. É impossível não passar a respeitá-lo após conhecê-lo. Desta maneira, tornou-se campeão por quatro décadas diferentes – se contarmos o título juvenil em 1977 -, alcançando na última temporada a sensacional e incrível marca de uma dezena de títulos no Campeonato Amador. Isso se contarmos apenas o Flamengo, pois no Vimec, foi o vencedor em outras três temporadas.
Tendo o irrestrito apoio familiar, o respeito de seus comandados e o reconhecimento dos adversários, Gilberto Aguiar pode ser considerado o maior técnico nos 60 anos do amadorismo garcense.
Este é o técnico Gilberto “Betão” Aguiar
14 títulos | Campeonato Amador |
8 títulos | Copa Lions |
5 títulos | Torneio Preparação |
1 título | Taça Cidade de Garça |
1 título | Campeonato Juvenil |
4 títulos | Copa de Futsal |
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Gilberto 'Betão' Aguiar: ninguém ganhou tantos títulos no amadorismo |
João Aguiar, o grande símbolo flamenguista
No dia 21 de junho de 2009, o esporte garcense entrou em choque com a notícia do falecimento de João Aguiar. O patriarca da família rubronegra acabou perdendo a luta contra uma severa enfermidade, causando uma consternação poucas vezes vista.
De humor refinado e sempre com um sorriso no rosto, gostava como ninguém de discutir sobre futebol. Só mudava o tom brincalhão quando os gloriosos Corinthians e Flamengo eram o centro dos comentários dos adversários. Mas logo conseguia transformar o assunto numa grande confraternização entre amigos, tamanha admiração que gozava junto aos seus pares.
“Seo” João acompanhava ao lado da matriarca dos Aguiar, dona Maria, todas as partidas da equipe fundada no seio de sua família. Esportista contumaz assistia a toda transmissão pela TV, na maioria das vezes, independentemente da modalidade. Funcionário público reverenciado pelos companheiros pela competência e amizade, qualquer fosse o cargo ocupado por seu semelhante, João Aguiar deixou os estádios municipais mais tristes com a sua partida para o plano celestial. Nunca será esquecido, principalmente pelo fato de ter se tornado o grande símbolo do Flamengo nos mais de 30 anos de atividades da equipe. Que saudade o futebol amador sente do “seo” João!
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'Seo' João Aguiar, Betão Aguiar, o saudoso Betão, torcedor do time, irmão do zagueiro Tanajura, titular da equipe de 1985, primeira campeão amadora rubro-negra e agachados, Ênio Aguiar e Nardão Aguiar, em foto de 1987 |
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Betão e a matriarca da família, dona Maria Aguiar |
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Emoção: recebendo o troféu João Aguiar no Teatro pela conquista do título do Campeonato amador/10 |