sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Recordar é Viver: "O polivalente Heitor Gonçalves, o Tiarim"







Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Nos dois últimos sábados estivemos acompanhando as finais do futebol suíço master e notamos que a modalidade está “pegando fogo”. Jogos disputadíssimos, com muita empolgação, às vezes exageradas, gerando alguns tumultos, mas nada que possa tirar o brilho da competição. A grande final começa no próximo sábado entre dois gigantes: Salec x Dinos, num páreo duro e de difícil prognóstico. Uma pequena vantagem pro Dinos, que tem a vantagem do empate, fruto da melhor campanha.

Paralelamente, também estivemos observando como estão bonitos os cinco campos do Conjunto Poli-Esportivo “Manoel Gouveia Chagas”. Todos homenageando pessoas que deram sua parte para o engrandecimento do esporte em nossa cidade. São eles: Martin Carvalho, Heitor Gonçalves, Naudert da Silva Braga, Marco Antonio da Silva e João Luiz Zancopé.

A coluna hoje homenageia o ex-jogador Heitor Gonçalves, o “Tiarim”, de tradicional família garcense, com quem tivemos a felicidade de conviver e jogar bola juntos em várias temporadas, seja no amador ou no profissional. O Tiarim foi o tipo de jogador polivalente, atuava em várias posições. Era o tipo de jogador “raçudo”, com ele não tinha bola perdida. Um jogador tático, fazia o que o treinador mandava. Na defesa era um verdadeiro “carrapato’ na marcação. Na frente andou marcando muitos gols. No Campeonato Amador de 1975, me desbancou e terminou como artilheiro. A premiação foi na sede da CCE (Comissão Central de Esportes). Em pé, da esquerda para direita: Angelim Mantovaneli, Jair Cassola (dirigente da CCE), Júlio Custódio, Toninho Rossignoli (dirigente da CCE), Serginho, Tiarim, Gilmar Mantovaneli, Berto Nico e Gininho.

O Tiarim jogou no Tupi, Ipiranga, Araceli, Vasquinho, entre outros. No Ipiranga foi campeão amador de 1976. Veja uma das formações do Ipiranga, contra a seleção dos Milionários. Em pé da esquerda para direita: Osvaldo de Castro (presidente), Alcides Vaz (treinador), Corinho, Robson Pezão, Berto Nico, Ricardinho, Béia e Jair Proença; Agachados: Chico Ramalho, Tiarim, Nôzinho, Tico e Toninho Marques.

Mas um jogo do Tiarim, defendendo o Garça FC, no mesmo ano de 76, jamais vou esquecer pois estava presente. Foi contra o Rio Preto, no Estádio Anisio Haddad. O Garça foi para São José do Rio Preto, com apenas 12 jogadores. O técnico Walter Zaparoli, escalou o Tiarim de volante, e deu a seguinte ordem “sua missão é marcar o camisa 10 do Rio Preto, o famoso Wilson Tadei”. Improvisado de “volante”, o Tiarim cumpriu o seu papel, não deixou o Wilson Tadei andar em campo, com uma marcação cerrada. Num dos lances, pelo lado esquerdo, quase na linha de fundo, ele desarmou o Wilson Tadei, e acuado num canto, deu um “rolinho entre as pernas”, deixando o craque do Rio Preto sem ação.

No intervalo, nos vestiários, o Túlio Calegaro chegou o perguntou: que lance foi aquele? Na sua simplicidade, o Tiarim respondeu: assim que tirei a bola do “hómi”, fiquei acuado, sozinho, não encostou ninguém do nosso time. Pensei em dar um bicudo na bola pra frente ou pra fora, mas acho que não acertei a bola direto, e saiu aquilo. Gostou né?  Risada geral nos vestiários. Confesso que foi a primeira vez que vi um “rolinho” no futebol. O Wilson Tadei foi substituído por volta dos 20 minutos do segundo tempo. E olha que tinha dirigentes do São Paulo assistindo o jogo, interessados na sua contratação. 

O Garça perdeu, mas o Tiarim realizou um dos melhores jogos com a camisa do Azulão.  Na coluna “Túnel do Tempo”, estamos acompanhando a trajetória do Garça a 40 anos atrás, e o Tiarim, como atacante, já marcou três gols, contra o Olímpia e Barretos. De fato, ele marcou época até mesmo a nível regional. O ginásio de esportes de Álvaro de Carvalho tem o nome de Heitor Gonçalves, numa outra homenagem mais que merecida. 
Na outa foto o campo no suíço que homenageia o Tiarim. Ao lado do marco, o irmão Luiz Arnaldo e o sobrinho Guilherme, filho do mano Pepê.