Por Wanderley `Tico´ Cassolla
A Festa das Cerejeiras (ou Cerejeiras Festival) que acontece em nossa cidade, está desfalcada de seu melhor jogador, o jaqueta 10, Nelson Kosche Ichisato, que infelizmente faleceu no último dia 07 deste mês. Por incrível que pareça nesta 33ª edição, a florada das cerejeiras está com um brilho todo especial, como que em agradecimento ao seu criador.
Diz um velho e conhecido provérbio: “Toda pessoa
para ser eternizada, tem que escrever um livro, ter um filho e plantar uma
árvore”. O que falar, então, do “seo” Nelson que plantou um bosque de
cerejeiras? Deixou um legado que a cidade de Garça jamais poderá esquecer.
Tudo começou no ano de
1.979, quando o “seo” Nelson, um tanto quanto saudosista de sua origem e também
para matar saudades da terra natal, resolveu plantar 110 mudas ao
redor do lago “J.K. Williams”, adquiridas na cidade de Campos de Jordão. Naquela
época ele foi questionado, muitos duvidaram da plantação, uma vez que o clima
garcense não seria propício. Porém, com muita fé e toda paciência oriental,
todas as manhãs o “seo” Nelson estava lá, acreditando numa florada. Com aquela
garra e persistência de seu time do coração, o Corinthians, utilizava de um
balde para pegar água no lago, ia regando planta por planta. No time de futebol
ele foi um “curinga”: jogou em todas as posições, batia escanteio, corria na
área para cabecear e marcar gol. Aos poucos as árvores foram crescendo e o
bosque aumentando, cada vez mais bonito.
Susto: numa ocasião, uma
forte chuva quase pois tudo a perder. Destruiu a maioria das árvores. Como o
terreno onde foram plantadas é num declive, elas foram arrancadas e lançadas
próximas do lago.
Mas ele não desanimou.
Adquiriu mais plantas, até mesmo com recursos próprios. E não cansava de
afirmar: “logo virá uma florada, pode acreditar”. Não será preciso ir no Japão
para ver a flor da cerejeira. Aqui em Garça, logo teremos e numa coloração toda
especial. O principal adubo, segundo “seo” Nelson: o amor pelas cerejeiras
(sakura). Bem o resto não precisamos falar mais nada. Hoje são centenas de árvores
da espécie `Serrula Tamque´, que encantam a todos, principalmente a colônia
japonesa (veja nos flagrantes).
Segundo
o nosso amigo corintiano, Enéas Filho, o mais novo cidadão garcense “é a maior
festa da cerejeira do mundo, fora do Japão". Até domingo, milhares de
pessoas deverão comparecer na festa para apreciar muito da tradicional e peculiar
cultura japonesa. A festa conseguiu enorme projeção a ponto de ser considerado
o maior evento paulista voltado par a cultura oriental, além de fazer parte do
calendário estadual de eventos desde o ano de 1.992. Em 2.018 entrou
oficialmente para o calendário turístico estadual, e posteriormente para o
calendário turístico do país. Ao “seo” Nelson nossa eterna gratidão. Ao mesmo
tempo que rendemos nossas eternas homenagens, recordando a
celebre frase do Fiori Giglioti, locutor esportivo da Rádio Bandeirantes: “o
Sr. Nelson “subiu” e foi cuidar das cerejeiras lá no céu. Mas ficará por todo o
sempre incrustado no carinho, no coração, na ternura e na sinceridade do nosso
cantinho da saudade”. Sayonará!!!