Por Wanderley `Tico´ Cassolla
De
férias no trabalho, visitamos esta semana dois ex-craques do Garça: Dionísio
David Pereira e José Pedroso. Ou simplesmente, o ponta esquerda David e o
zagueirão Pedroso, que marcaram época no ótimo time do Garça dos anos 70.
Na
última terça feira, reunimos uma galera da boa: o corintiano Júlio Cassola,
Tonho Nêgo, ex-defensor do Garça, e Benedito de Oliveira, o “Ditinho”, o melhor
treinador de goleiros do Brasil, e partimos para as vizinhas Marília e Vera
Cruz. Olha que passamos uma tarde diferente, ouvindo histórias e causos dos
ex-jogadores que fizeram história com a jaqueta do Azulão, numa das melhores
fases do futebol profissional de Garça.
A
primeira parada foi em Marília e o emocionante encontro com o Davi, hoje com
73 anos de idade. Apesar de adoentado, continua com aquela alegria de um
jogador, que acaba de ganhar um campeonato e marcando o gol da vitória. A
cabeça continua um pouco “embaralhada”, decorrente das boladas e traumas
sofridos durante a carreira.
Antigamente as bolas eram bem mais pesadas que as
atuais e quando chovia, o peso redobrava. Segundo a medicina, trata-se de uma patologia chamada encefalopatia traumática crônica. Ela acontece devido às pancadas recebidas repetidamente no crânio, comuns aos jogadores de futebol.
Porém, alheio a isto, o David continua aquele brincalhão de sempre, que dentro do
campo fez muitos laterais de “manés”, fora dos gramados, não tinha tristezas,
era só alegria. Dentre os causos, Davi lembrou o dia que deu narrou o próprio
gol. O jogo era de campeonato, aqui no “Platzeck”, domingo de casa cheia. O
lance começa quando ele recebe a bola na intermediaria, domina, e parte para
cima dos jogadores adversários driblando e narrando ao mesmo tempo. “Recebe
David, domina, finta o lateral, vai pra linha de fundo, passa pelo beque
central, deixa o quarto zagueiro sentado, entra na área, dribla o goleiro,
fuzila e é gol. Goooooooool de David, do Garça, um golaço”.
Depois saiu
correndo, recebendo os abraços dos jogadores e aplausos dos torcedores. O `juizão´ não só confirmou o gol, como se aproximou dele e falou: “o camisa 11, apito
jogo há muito tempo, nunca vi um jogador narrar o próprio gol. Quando encerrar
a carreira já pode trabalhar na rádio, narrou o gol igualzinho ao Fiori Giglioti,
da Rádio Bandeirantes”.
O ponteiro Davi nasceu em Dois Córregos, começou a
carreira no XV de Jaú, depois jogou na Ferroviária de Araraquara, Inter de
Bebedouro, Rio Branco e Vasco de Americana, Portuguesa, Novo Horizontino,
Cafelandense e Garça, onde encerrou a carreira. Outra habilidade do David era
apitar igual o `juizão´, com o jogo correndo. Mas isto fica para uma próxima vez.
No
retorno, passamos em Vera Cruz e encontramos o Pedroso, sem sombras de dúvidas,
o melhor “béque central” do nosso futebol profissional em todos os tempos.
Próximo dos 78 anos de idade, o Pedrosão está gozando de boa saúde, algumas
“dorzinhas” pelo corpo, típicas da idade e de quem foi um vigoroso atleta.
Outro
bom papo, com muitas histórias da vida de atleta. Desde o início, onde saiu
direto da roça para ir jogar no Rio de Janeiro, na Portuguesa carioca. Apesar
de ser aprovado no teste, não acostumou na cidade grande e voltou para a
terra natal, na casa dos pais e trabalhando no meio rural. Não demorou, apareceu dirigentes de Marília e
o levaram para o São Bento, onde se profissionalizou.
Jogou ainda na Prudentina
(Presidente Prudente), União Bandeirantes (Paraná), Ferroviária de Assis,
Guarani (Adamantina), e o Garça, em dez temporadas, onde marcou época.
Recordando a carreira, Pedroso falou dos dois atacantes mais duro de marcar: Geraldão `Manteiga´ e Rogerinho.
"O Geraldão
enfrentei quando ele jogou pela Epitaciana (Presidente Epitácio) e São Bento
(Marilia), era forte, sabia proteger a bola e cabeceava bem. Já Rogerinho
(joguei contra e a favor no Garça), era rápido e sabia fazer gols. Quanto mais
você chegava junto e batia, mas ele partia pra cima. Usava de muita malandragem
para enganar o adversário e também o juiz."