sábado, 22 de fevereiro de 2020

Recordar é Viver: "Sempre é carnaval"









Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Como faz todos os anos a coluna “muda de campo” e fala um pouco de carnaval, a maior festa do povo brasileiro. É hora de recordar um pouco dos antigos carnavais de Garça, especialmente de salão, quando tudo era alegria e folia. Outrora nesta época era só carnaval, futebol nem pensar. Os tempos mudaram, tem bola rolando em plena folia de momo. Uma pena que o carnaval vem perdendo espaço e sua tradição nos dias atuais, principalmente nas cidades interioranas.

O mundo não para, as brincadeiras de antigamente hoje ficaram só na saudade. Um dos motivos sem sombras de dúvidas é a “internet”, principalmente entre a juventude. Com isto algumas festas foram sendo renegadas e “jogadas para um segundo plano”. E o carnaval também sentiu o duro golpe. Carnaval de salão em poucas localidades. Pelo jeito, o carnaval vai ficar só nas ruas e nas grandes capitais”. Dos cerca de 5.570 municípios do Brasil, uma quantidade mínima ainda luta para manter a tradição.

A festa que era popular, praticamente ficou elitizada, com muito luxo, glamour, e grana para quem quiser curtir.  Quem gosta só resta ficar em casa e assistir na tela da TV os desfiles das escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo, e os corsos da Bahia, Pernambuco e outros Estados do Nordeste. Garça já teve grandes bailes carnavalescos, eram cinco noites de folia. Clubes completamente lotados e muita animação. Quem não se lembra dos bailes do Clube Zé do Patrocínio, Kai-Kan, Clube do Garça, do Grêmio e do Tênis Clube. Sem falar do “Panelão”, que fervia pra tudo quanto é lado de tanta animação. 

Tentando manter a tradição em Garça, o CPP – Centro do Professorado Paulista -, realizará dois bailes carnavalescos. O primeiro acontece neste sábado, a partir das 22 horas, depois tem repeteco na noite de segunda feira. O som fica por conta da Banda Plínio e Cia, que promete tocar as tradicionais marchinhas, frevo, axé e sambas enredos. 

No Garça Tênis Clube tem duas matinês para a criançada, no domingo e na terça feira, a partir das 15 horas. Portanto, quem comparecer vai poder soltar o grito e cantar pra valer os grandes sucessos: Jardineira, Mamãe eu Quero, Cabeleira do Zezé, Saca-Rolha, Cachaça não é água, Turma do Funil, Transplante de Corintiano, Caiu na Rede, Índio quer apito, Marcha da Cueca, Me dá um dinheiro aí, Allah-la-o, Teu Cabelo não nega, Maria Sapatão, Máscara Negra, Cidade Maravilhosa, Tristeza, Sassaricando, Quem sabe, sabe, Recordar é Viver, Tá Chegando a hora e tantas outras. Dos bons tempos que não voltam jamais. Afinal de contas, o carnaval é sinônimo de celebração e diversão.

HISTÓRIA: O Carnaval é uma festa popular que acontece praticamente em todo o mundo, a melhor e mais celebrada é no Brasil. Apesar do forte secularismo presente no Carnaval, a festa é tradicionalmente ligada ao catolicismo, uma vez que sua celebração antecede à quaresma. Você sabia que o carnaval não é uma invenção brasileira? A sua origem remonta à antiguidade. 

A palavra Carnaval é originária do latim, “carnis levale”, cujo significado é “retirar a carne”. Este sentido está relacionado ao jejum, que deveria ser realizada durante a quaresma e também ao controle dos prazeres mundanos. No Brasil a história do Carnaval iniciou no período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o “Entrudo”, uma brincadeira de origem portuguesa que era praticada pelos escravos. Nela as pessoas saiam as ruas sujando umas às outras jogando lama, urina, etc. 

O entrudo foi proibido em 1841, mas continuou até meados do século XX. Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos, e as escolas de sambas. Afoxés, frevos e maracatus também passaram a fazer parte da tradição cultural carnavalesca brasileira. Marchinhas, sambas e outros gêneros musicais também foram incorporados à maior manifestação cultural do Brasil. 

Recordando os grandes carnavais de Garça de antigamente, não podemos esquecer de duas figuras lendárias: o “seo” Paulino da Silva Oliveira, um folião em potencial, que no ano de 1.958, desfilou com sua bicicleta homenageando o rinoceronte Cacareco, satirizando os políticos da época. E do maestro Geraldo Omedio Moyses (tocando saxofone no baile do Garça), que montava sua banda para alegrar os carnavais garcenses. Na foto aparece também, o Fernando, Bruno e Mateus. Além destes integrantes, lembro dos cantores Zelito e Verissinho, e o outro instrumentista, o “artista” Joãozinho da Banda.