Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Em meio a esta pandemia do
Coronavius/Covid-19, recebo mais uma
triste notícia. O falecimento de um amigo de longa data, o sr. José Luiz Matos
Gomes, corrido na última quarta-feira. O sr. José Luiz “Português" foi, durante
muito tempo, dirigente do futebol amador. Natural de Espinçadeira, em Portugal,
chegou ao Brasil ainda jovem, adorou a nossa terra, constituiu sua família e ficou
para sempre. Era um apaixonado pelo futebol, torcedor fervoroso do Sporting de
Lisboa. Aqui no Brasil admirava a Portuguesa de Desportos (a Lusa do Canindé) e
o Vasco da Gama (o gigante da Colina). Tinha como ídolos, o moçambicano
Eusébio, o “Pantera Negra”. Também adorava o futebol de Cristiano Ronaldo.
Através do futebol matava saudades da terra natal.
Aqui em Garça, foi um dos mais atuantes dirigentes do futebol amador,
com passagens pelos bons times da Casa
Ipiranga, dos amigos Pedro e Gérson, e no
Ipiranga, onde eu jogava, e passei a admirá-lo por sua conduta firme e
correta. Dos muitos dirigentes que tive jogando bola, o “seo” José Luiz está
entre os melhores. Era admirado e tinha o respeito dos jogadores. E com um lance marcante: creio que foi únicos dirigentes a anular um gol
por aqui.
No
final do ano passado estivemos fazendo uma visita em sua casa. Passamos
momentos agradáveis, falando muito de futebol, evidentemente. Na ocasião lhe
presentei com um chaveiro do Eusébio, o grande ídolo português, artilheiro da
Copa de 1966 (foto). Ficamos de voltar. Inclusive o nosso primo Júlio Cassola,
esteve passeando em Portugal, junto com a família, e trouxe uma bonita
lembrança do Sporting para ele (foto). Com o início da pandemia não foi
possível. Mas não faltará oportunidade para entregarmos aos seus
familiares.
GOL ANULADO: Se
na Copa do Mundo de 1.982, realizada na Espanha, o sheik Al-Sabah, no jogo
Kuwait x França, anulou um gol da França, em Garça já tivemos um lance igual.
Tudo protagonizado pelo “seo” Zé Luiz, então dirigente do Ipiranga. O fato
aconteceu no Campeonato Amador, no jogo Ipiranga x Paulista, prélio disputado
no “Platzeck”, só não me recordo o ano.
Foi um domingo de manhã, às
10 horas e o já desclassificado Paulista estava numa jornada inspirada,
dominou o Ipiranga, que não se encontrava em campo. O franco favorito Ipiranga
jogava pelo empate, e o placar estava 2 a 2.
Até que num rápido
contra-ataque o Paulista, o atacante Nardinho, recebe lançamento, a defesa do
Ipiranga sai em linha, o bandeira não levanta o instrumento de trabalho, o
Nardinho dribla o goleiro e marca o 3º gol do Paulista e o juizão corre pro
centro do campo. Aí foi aquele “quiprocó” danado. Foi gol ou estava impedido?
Jogadores discutindo com a arbitragem, outros comemorando, e o juizão no meio
da roda. Os ânimos cada vez mais exaltados. A torcida querendo pular o
alambrado. O tempo passando. Até que o “seo” José Luiz sai do banco de reservas
e vai caminhando calmamente pelo gramado. Com os braços para trás consegue
chegar perto do juiz, que estava no círculo central acuado. Se aproximou
colocou a mão no peito do juiz e perguntou: “Posso te falar uma coisa? ” Sim,
respondeu em resposta. Aí disse bem alto, para todo mundo ouvir: “Olha aqui no
meu olho. O camisa 7, o Nardinho que fez o gol, estava em impedimento. Recebeu
a bola sozinho na frente da defesa”.
O juiz não pensou duas vezes: “Se o José
Luiz falou é porque o Nardinho estava impedido mesmo. Eu conheço da honestidade
dele. O gol está anulado”. Pode recomeçar o jogo lá na grande área. As
reclamações pararam e o jogo teve continuidade. Mais alguns minutos, o apito
final, e deu empate. Com este resultado o Ipiranga conseguiu a classificação
para a fase seguinte do campeonato. Um lance inusitado que sempre comento nas
rodas esportivas. Jamais esquecerei, pois eu era o centroavante ipiranguista.