Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Hoje recordamos outro
jogador que teve uma grande passagem
vestindo a tradicional camisa do Garça FC: João Batista Neves Araújo. Ou
João Neves, carioca do bairro da Tijuca, um zagueiro que
jogava um bolão.
Foram apenas duas
temporadas, nos anos de 1.988 e 1.989, que agradou em cheio dirigentes,
torcedores, e abriu as portas para o João Neves deslanchar no cenário
brasileiro. Mais notadamente no futebol paranaense.
Se outrora o futebol
profissional garcense, teve no Pedroso e depois Pilão, dois “becões” no melhor
estilo “Deus da Raça”, criada por Rondinelli, ex-zagueiro do Flamengo, a esta
altura temos que acrescentar o nome de
João Neves. Tal como os mais antigos, ele vestiu a camisa do Garça com
amor e carinho. Raça, determinação e voluntariedade em campo foram os seus
atributos principais.
Só que João Neves levava um
pouco mais de vantagem, pois ia constantemente para o ataque, e marcava gols. A
maioria de cabeça, seu forte. Tinha uma grande impulsão nas cobranças de
escanteios e faltas alçadas na área. Se não cabeceasse para o gol, ajeitava
para os atacantes marcar. Vale lembrar que o mais importante gol de sua
carreira foi de cabeça (matéria abaixo). Me arrisco em afirmar que o João Neves está entre os principais zagueiros
artilheiros do Garça.
CHEGADA AO GARÇA: No
ano de 1.988, João Neves tinha acabado de disputar o certame carioca pelo
Friburguense, e dificilmente seria aproveitado no Bangu, clube dono do seu
passe, que tinha muitos zagueiros. Foi quando Márcio Rossini (que depois foi
técnico do “Azulão”), então “xerifão” titular na zaga do Bangu, o aconselhou jogar
no Garça. Após um telefone para o diretor Laudesmir “Galo” Marangão, tudo ficou
acertado. E o presidente do Bangu, o famoso Castor de Andrade, não colocou
qualquer objeção. Pelo contrário, incentivou João Neves a vir para o Garça, um
time de tradição, para ele ganhar mais experiencia no futebol. Tudo acertado,
João Neves pegou o “busão” até São Paulo e depois para Garça, uma cidade
praticamente desconhecida. Só que segundo João Neves: “fui muito bem recebido
pelos dirigentes e jogadores. Tive que retribuir em campo. O Garça tinha
grandes jogadores: goleiro Mamela, Pilão, Fenê, o prata da casa Dinho Parreira,
e tantos outros. Um time de respeito. Jamais esquecerei dos jogos no “Platzeck”
e do calor da torcida. O Garça está no meu coração”.
Veja uma das formações do
Garça, da temporada de 1.988. Em pé da esquerda para direita: Dinho Parreira,
Pilão, Itamar, João Neves, Carlos Alberto “Mamela” e Fernandes. Agachados:
Barrinha, Fenê, Geraldão “Manteiga”, Dutra, Sidney Risadinha e Ditinho
(treinador de goleiros).
A CARREIRA: João
Neves começou nas equipes de base do Flamengo. Foi no tradicional clube carioca que começou a
vivenciar o futebol. Atuou ao lado de grandes jovens valores que depois fizeram
sucesso no futebol. O mais famoso foi o Crizam César de Oliveira Filho, o
“Zinho”. Depois foi negociado com o Bangu, do presidente Castor de Andrade e de
“Moça Bonita”, onde foi
profissionalizado. Em seguida, emprestado ao Friburguense, depois o Garça. Até
que chegou no Londrina, do Paraná, o clube onde se consagrou. Foram oito anos
jogando na “Capital do Café”, onde é reconhecidamente um verdadeiro ídolo.
Tal como no Garça, seu desempenho e atuações foram marcantes. Em algumas
ocasiões, com o término do Campeonato Paranaense era emprestado para outros
clubes, dentre os quais, o Operário de Ponta Grossa, o Tanabi, de São Paulo,
onde jogou ao lado do Edilson “Capetinha”, etc. Cumprido o empréstimo, João
Neves voltava para o seu querido Londrina. Atuou ao lado de consagrados
jogadores: Elber, do Bayer Munique e Seleção Brasileira, Éder Lopes (Atlético
Mineiro) e Matosas (ex-São Paulo e seleção uruguaia). Assim foi, até que no ano
de 2.000, quando estava com 32 anos de idade, encerrou a carreira. Ainda chegou
a ser técnico nas categorias de base da Portuguesa Londrinense, mas não seguiu
nesta carreira.
O GOL MAIS IMPORTANTE: Tá
certo que João Neves marcou gols pelo Garça e também nos times onde passou .
Mas com certeza, o mais importante foi no dia 19 de dezembro de 1.992, o gol do
título do Londrina, campeão paranaense daquela temporada. Na semi-final, o Londrina
eliminou o Atlético Paranaense e o União Bandeirantes despachou o Paraná Clube.
Foi, digamos, uma final “caipira” entre Londrina x União Bandeirantes, na
decisão do título. Foram necessários
três jogos para ser conhecido o campeão, uma vez que os dois primeiros
terminaram empatados: 0 a 0 e 2 a 2. No último e decisivo, vitória do Londrina
por 1 a 0, gol do João Neves, de cabeça, aos 31 minutos do primeiro tempo
(foto). A bola veio em “chuveirinho”, ele subiu nas alturas e testou forte no
canto.
João Neves atualmente está
residindo em Londrina, onde é servidor público estadual, lotado na área de
segurança/vigilância. No flagrante, veja como está o ex-craque do Garça, posando ao lado da esposa Ednea Ramos.
Mas a melhor definição para
João Neves, vem dos fãs londrinenses, como um que fez sua caricatura (foto), ou
lhe mandando mensagens: “O João Neves é hoje um símbolo de luta, de dedicação e
de regularidade. João Neves um leão mais uma vez. Parabéns João. O futebol ainda
sobrevive por causa de jogadores como você”.