sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Recordar é Viver: "João Neves, o zagueiro dos gols decisivos"















Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Hoje recordamos outro jogador que teve uma grande passagem  vestindo a tradicional camisa do Garça FC: João Batista Neves Araújo. Ou  João Neves,  carioca do bairro da Tijuca, um zagueiro que jogava um bolão. 
 
Foram apenas duas temporadas, nos anos de 1.988 e 1.989, que agradou em cheio dirigentes, torcedores, e abriu as portas para o João Neves deslanchar no cenário brasileiro. Mais notadamente no futebol paranaense.

Se outrora o futebol profissional garcense, teve no Pedroso e depois Pilão, dois “becões” no melhor estilo “Deus da Raça”, criada por Rondinelli, ex-zagueiro do Flamengo, a esta altura temos que acrescentar o nome de  João Neves. Tal como os mais antigos, ele vestiu a camisa do Garça com amor e carinho. Raça, determinação e voluntariedade em campo foram os seus atributos principais.

Só que João Neves levava um pouco mais de vantagem, pois ia constantemente para o ataque, e marcava gols. A maioria de cabeça, seu forte. Tinha uma grande impulsão nas cobranças de escanteios e faltas alçadas na área. Se não cabeceasse para o gol, ajeitava para os atacantes marcar. Vale lembrar que o mais importante gol de sua carreira foi  de cabeça (matéria abaixo). Me arrisco em afirmar que o João Neves está entre os principais zagueiros artilheiros do Garça. 

CHEGADA AO GARÇA: No ano de 1.988, João Neves tinha acabado de disputar o certame carioca pelo Friburguense, e dificilmente seria aproveitado no Bangu, clube dono do seu passe, que tinha muitos zagueiros. Foi quando Márcio Rossini (que depois foi técnico do “Azulão”), então “xerifão” titular na zaga do Bangu, o aconselhou jogar no Garça. Após um telefone para o diretor Laudesmir “Galo” Marangão, tudo ficou acertado. E o presidente do Bangu, o famoso Castor de Andrade, não colocou qualquer objeção. Pelo contrário, incentivou João Neves a vir para o Garça, um time de tradição, para ele ganhar mais experiencia no futebol. Tudo acertado, João Neves pegou o “busão” até São Paulo e depois para Garça, uma cidade praticamente desconhecida. Só que segundo João Neves: “fui muito bem recebido pelos dirigentes e jogadores. Tive que retribuir em campo. O Garça tinha grandes jogadores: goleiro Mamela, Pilão, Fenê, o prata da casa Dinho Parreira, e tantos outros. Um time de respeito. Jamais esquecerei dos jogos no “Platzeck” e do calor da torcida. O Garça está no meu coração”. 

Veja uma das formações do Garça, da temporada de 1.988. Em pé da esquerda para direita: Dinho Parreira, Pilão, Itamar, João Neves, Carlos Alberto “Mamela” e Fernandes. Agachados: Barrinha, Fenê, Geraldão “Manteiga”, Dutra, Sidney Risadinha e Ditinho (treinador de goleiros).

A CARREIRA: João Neves começou nas equipes de base do Flamengo. Foi no  tradicional clube carioca que começou a vivenciar o futebol. Atuou ao lado de grandes jovens valores que depois fizeram sucesso no futebol. O mais famoso foi o Crizam César de Oliveira Filho, o “Zinho”. Depois foi negociado com o Bangu, do presidente Castor de Andrade e de “Moça Bonita”, onde  foi profissionalizado. Em seguida, emprestado ao Friburguense, depois o Garça. Até que chegou no Londrina, do Paraná, o clube onde se consagrou. Foram oito anos jogando na “Capital do Café”, onde é reconhecidamente um verdadeiro ídolo. Tal como no Garça, seu desempenho e atuações foram marcantes. Em algumas ocasiões, com o término do Campeonato Paranaense era emprestado para outros clubes, dentre os quais, o Operário de Ponta Grossa, o Tanabi, de São Paulo, onde jogou ao lado do Edilson “Capetinha”, etc. Cumprido o empréstimo, João Neves voltava para o seu querido Londrina. Atuou ao lado de consagrados jogadores: Elber, do Bayer Munique e Seleção Brasileira, Éder Lopes (Atlético Mineiro) e Matosas (ex-São Paulo e seleção uruguaia). Assim foi, até que no ano de 2.000, quando estava com 32 anos de idade, encerrou a carreira. Ainda chegou a ser técnico nas categorias de base da Portuguesa Londrinense, mas não seguiu nesta carreira.

O GOL MAIS IMPORTANTE: Tá certo que João Neves marcou gols pelo Garça e também nos times onde passou . Mas com certeza, o mais importante foi no dia 19 de dezembro de 1.992, o gol do título do Londrina, campeão paranaense daquela temporada. Na semi-final, o Londrina eliminou o Atlético Paranaense e o União Bandeirantes despachou o Paraná Clube. Foi, digamos, uma final “caipira” entre Londrina x União Bandeirantes, na decisão do título. Foram  necessários três jogos para ser conhecido o campeão, uma vez que os dois primeiros terminaram empatados: 0 a 0 e 2 a 2. No último e decisivo, vitória do Londrina por 1 a 0, gol do João Neves, de cabeça, aos 31 minutos do primeiro tempo (foto). A bola veio em “chuveirinho”, ele subiu nas alturas e testou forte no canto. 
João Neves atualmente está residindo em Londrina, onde é servidor público estadual, lotado na área de segurança/vigilância. No flagrante, veja como está o ex-craque do Garça,  posando ao lado da esposa Ednea Ramos.
Mas a melhor definição para João Neves, vem dos fãs londrinenses, como um que fez sua caricatura (foto), ou lhe mandando mensagens: “O João Neves é hoje um símbolo de luta, de dedicação e de regularidade. João Neves um leão mais uma vez. Parabéns João. O futebol ainda sobrevive por causa de jogadores como você”.

João Neves e a decisão do Paranaense de 1992, vencida pelo Londrina, com um gol de cabeça seu