sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Recordar é Viver: "Guarda Tivo e a paixão pelo futebol"







Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Na tarde da última quinta feira, fomos surpreendidos com a triste notícia do falecimento do José Roberto Tivo, carinhosamente conhecido na cidade como “Guarda Tivo”. Uma pessoa peculiar, querida e admirada em nossa comunidade. Dentre suas paixões, duas instituições não podem ser esquecidas: o Exército Brasileiro e a Polícia Militar.

Hoje vamos falar um pouco do outro lado, que ele adorava, o esportivo. Talvez poucas pessoas saibam, mas o Tivo era um apaixonado pelo futebol. Creio que nunca chutou uma bola. Mas entendia do assunto. Pelo menos demonstrava em nossas conversas, quando nos encontrávamos para um papo. Ou através das redes sociais. Gostava de falar dos grandes times e jogadores do Garça e também do amador. Dos jogos que assistiu no “Platzeck”, principalmente do “Azulão”, com a casa cheia de torcedores. Falava dos “derbys” contra o MAC e o Noroeste, lembrando com facilidade dos nomes dos jogadores: Pedroso, Bô, Abegar, Osmar Silvestre, Rogerinho, Plínio Dias,  etc. 

Sempre reportava ao inesquecível gol do goleiro do Chiquinho, contra o Olímpia, no dia 14/10/1.973, e o Garça venceu por 3 a 1. “Eu estava trabalhando dentro do gramado do “Platzeck”. Quando o Chiquinho deu aquele chutão pra frente, eu já pressenti que a bola ia entrar, lá naquele gol dos eucaliptos. Foi o primeiro e único gol que assisti ao vivo. A torcida foi a loucura. Um golaço, que não se vê mais na televisão”. Gostava de comentar os jogos contra o MAC. “Parecia clássico Palmeiras x Corinthians. Em Marilia, o MAC vencia. Aqui, o Garça não só vencia, como colocava o MAC. na roda”. Sempre lembrava como torcedores com alegria destas suas passagens.  

Recordamos uma das formações do Garça daquele campeonato, cuja escalação o Tivo “sabia de cor e salteado”. Em pé, da esquerda para direita: Chiquinho, Índio, João Luiz, Brito, Pedroso e Abegar; agachados: Maurílio, Cláudio Belon, Pulga, Foguinho e Escurinho.

O Tivo também acompanhou os jogos do campeonato amador de antigamente, das décadas de 70/80. “Era uma época de bons times, e começava a dizer os nomes: Ipiranga, Frigus, Flamengo, Casa Ipiranga, Fazenda São Francisco, Fazenda dos Bonini, etc”. Para minha surpresa falava com detalhes do primeiro título do Ipiranga, no ano de 1.976. “Eu estava no “Platzeck”. Gostava de ver o Ipiranga jogar, um timaço, tinha bons jogadores. O camisa 7 (Sarará) 8 (Chico Ramalho)  e o 10 (Toninho Marques) dava gosto ver jogar. Só o numero 9, o centroavante que perdia gols (se referindo a este articulista)”. E o papo seguia, bola pra frente. Ele falava de coisas, que eu nem lembrava mais. 

A sua memória estava em plena forma. Para o Tivo recordar, onde quer que esteja, mostramos uma das formações do Ipiranga daquela temporada. Em pé da esquerda para direita: Bertoza, Béia, Tim, Corinho, Robson “Pézão” e Berto Nico; agachados: Gilvan, Toninho Marques, Heitor “Tiarim” Gonçalves, Chico Ramalho e Sarará.

TIVO CANTOR: Um hobby que o corintiano Tivo adorava, outro lazer preferido, praticamente diário: cantar músicas no melhor estilo “karaokê”. Cantava, oferecia e mandava para os amigos das redes sociais. E olha que ele tinha um repertório bem eclético: do sertanejo ao caipira antigo, das baladas internacionais às músicas românticas de antigamente, do brega aos sucessos populares da rádio AM. Antes de cantar saudava os amigos e amigas de Garça e por este Brasil afora.

Dependendo da música, o Tivo se vestia com o traje/figurino do estilo ou do cantor. Ali ele se realizava. Todas as noites chegava em nosso `zap´ um canção nova. Algumas para matar saudades, um “modão” que não tocava mais nas emissoras de rádio. Ia  buscar, do fundo de seu baú. 

A última foi na segunda feira, feriado de 7 setembro, quando cantou, orgulhosamente, o Hino da Independência, trajando sua roupa do exército (vídeo que está circulando na net). Por esta admiração e adoração, o Tivo  recebeu homenagens, tanto do exército como da Polícia Militar. Na foto, ao lado do Sargento Trovão e da esposa Cristina. Também teve participação ativa no encontro e desfiles dos Eternos Atiradores do Tiro de Guerra.

O “guarda Tivo” faleceu aos 59 anos de idade. Trabalhou por muitos anos na Prefeitura de Garça, até que  aposentou no ano de 2.019. Era casado com a Cristina e o casal tem um filho, o Gabriel. Com certeza deixou uma grande legião de amigos, fãs e admiradores.