Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Na
tarde da última quinta feira, fomos surpreendidos com a triste notícia do
falecimento do José Roberto Tivo, carinhosamente conhecido na cidade como
“Guarda Tivo”. Uma pessoa peculiar, querida e admirada em nossa comunidade.
Dentre suas paixões, duas instituições não podem ser esquecidas: o Exército
Brasileiro e a Polícia Militar.
Hoje
vamos falar um pouco do outro lado, que ele adorava, o esportivo. Talvez poucas
pessoas saibam, mas o Tivo era um apaixonado pelo futebol. Creio que nunca
chutou uma bola. Mas entendia do assunto. Pelo menos demonstrava em nossas
conversas, quando nos encontrávamos para um papo. Ou através das redes sociais.
Gostava de falar dos grandes times e jogadores do Garça e também do amador. Dos
jogos que assistiu no “Platzeck”, principalmente do “Azulão”, com a casa cheia
de torcedores. Falava dos “derbys” contra o MAC e o Noroeste, lembrando com
facilidade dos nomes dos jogadores: Pedroso, Bô, Abegar, Osmar Silvestre,
Rogerinho, Plínio Dias, etc.
Sempre
reportava ao inesquecível gol do goleiro do Chiquinho, contra o Olímpia, no dia
14/10/1.973, e o Garça venceu por 3 a 1. “Eu estava trabalhando dentro do
gramado do “Platzeck”. Quando o Chiquinho deu aquele chutão pra frente, eu já
pressenti que a bola ia entrar, lá naquele gol dos eucaliptos. Foi o primeiro e
único gol que assisti ao vivo. A torcida foi a loucura. Um golaço, que não se
vê mais na televisão”. Gostava de comentar os jogos contra o MAC. “Parecia
clássico Palmeiras x Corinthians. Em Marilia, o MAC vencia. Aqui, o Garça não
só vencia, como colocava o MAC. na roda”. Sempre lembrava como torcedores com
alegria destas suas passagens.
Recordamos uma das formações do Garça daquele campeonato, cuja escalação
o Tivo “sabia de cor e salteado”. Em pé, da esquerda para direita: Chiquinho,
Índio, João Luiz, Brito, Pedroso e Abegar; agachados: Maurílio, Cláudio Belon,
Pulga, Foguinho e Escurinho.
O
Tivo também acompanhou os jogos do campeonato amador de antigamente, das
décadas de 70/80. “Era uma época de bons times, e começava a dizer os nomes:
Ipiranga, Frigus, Flamengo, Casa Ipiranga, Fazenda São Francisco, Fazenda dos
Bonini, etc”. Para minha surpresa falava com detalhes do primeiro título do
Ipiranga, no ano de 1.976. “Eu estava no “Platzeck”. Gostava de ver o Ipiranga
jogar, um timaço, tinha bons jogadores. O camisa 7 (Sarará) 8 (Chico Ramalho) e o 10 (Toninho Marques) dava gosto ver
jogar. Só o numero 9, o centroavante que perdia gols (se referindo a este
articulista)”. E o papo seguia, bola pra frente. Ele falava de coisas, que eu
nem lembrava mais.
A sua memória estava em plena forma. Para o Tivo recordar,
onde quer que esteja, mostramos uma das formações do Ipiranga daquela
temporada. Em pé da esquerda para direita: Bertoza, Béia, Tim, Corinho, Robson
“Pézão” e Berto Nico; agachados: Gilvan, Toninho Marques, Heitor “Tiarim”
Gonçalves, Chico Ramalho e Sarará.
TIVO
CANTOR: Um hobby que o corintiano
Tivo adorava, outro lazer preferido, praticamente diário: cantar músicas
no melhor estilo “karaokê”. Cantava, oferecia e mandava para os amigos das
redes sociais. E olha que ele tinha um repertório bem eclético: do sertanejo ao
caipira antigo, das baladas internacionais às músicas românticas de
antigamente, do brega aos sucessos populares da rádio AM. Antes de cantar
saudava os amigos e amigas de Garça e por este Brasil afora.
Dependendo da música, o Tivo se vestia com o
traje/figurino do estilo ou do cantor. Ali ele se realizava. Todas as noites
chegava em nosso `zap´ um canção nova. Algumas para matar saudades, um “modão”
que não tocava mais nas emissoras de rádio. Ia
buscar, do fundo de seu baú.
A última foi na segunda feira, feriado de 7
setembro, quando cantou, orgulhosamente, o Hino da Independência, trajando sua
roupa do exército (vídeo que está circulando na net). Por esta admiração e
adoração, o Tivo recebeu homenagens,
tanto do exército como da Polícia Militar. Na foto, ao lado do Sargento Trovão
e da esposa Cristina. Também teve participação ativa no encontro e desfiles dos
Eternos Atiradores do Tiro de Guerra.