Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Esta semana tivemos um
grande desafio pela frente: enfrentar pela Copa Quarentena de Futebol de Botão, o
são-paulino e também flamenguista Júlio César Martins Teixeira, meu ex-aluno, o
“Júlio Juruna”, do time dos Fraldinhas,
de muito tempo atrás. O aguardado jogo decisivo e valendo classificação,
aconteceu na noite da ultima terça-feira, decorridos 37 anos, sem termos um
contato mais direto. O resultado você verá no final da matéria.
Voltando no tempo chegamos
no ano de 1.983. O são-paulino Ari da Silva Braga, assumiu a CCE –
Comissão Central de Esportes, nos procurou para formar algumas equipes com
garotos e assim movimentar o Estádio Municipal “Frederico Platzeck”, que só
tinha alguns jogos do Campeonato Amador. Segundo Ari Braga “O campo do Garça
era muito grande pra ter poucos jogos e precisava ser melhor aproveitado”. Achamos
a ideia interessante e de pronto aceitamos o convite. A primeira medida foi
convocar a garotada, no programa “Bola no Gol”, apresentado pelo saudoso João
Alexandre Colombani.
Olha que superou nossas
expectativas, com a garotada comparecendo em peso ao campo. Como não daríamos
conta sozinho, chamamos o incansável professor Ednalvo Cardoso de Andrade, que
graças a sua experiencia, melhorou e aperfeiçoou bastante os treinamentos. O
resultado: 4 times montados, que carinhosamente foram chamados de “Fraldinhas”,
para os mais jovens de idade dos 10 aos 13 anos, e “dente de leite”, entre 14 e
15 anos. Se fosse hoje, seriam as equipes sub-11 e sub-13. Os treinamentos eram aos
sábados de manhã. Não demorou muito tempo para realizar jogos em toda a região.
E olha que os times fizeram bonito, com bonitas vitórias, em especial nas
cidades de Marilia e Lins.
Uma importante recomendação
do Ari Braga e que sempre eu e o Ednaldo levamos “ao pé da letra”: o garoto
tinha que estar estudando e ser disciplinado. Se dali não saísse um bom
jogador, pelo menos teríamos um cidadão do bem.
E neste clima vivenciamos
grandes momentos. Creio que todos guardam esta passagem para sempre. Impossível
lembrar os nomes de todos e quem
sobressaiu na carreira. Por incrível que pareça, acho que o mais famoso no futebol,
virou árbitro da Federação Paulista: Cássio Luiz Zancopé. Atualmente ocupa o
cargo de Secretário Municipal de Esportes. No momento, não me recordo de mais
alguém que teve sucesso no mundo da bola. A memória não é a mesma de
antigamente. De outro lado, fora do
futebol, muitos deles hoje são pessoas do bem e exemplos de pais de família.
Missão cumprida dos professores Tico e Ednalvo
Até mesmo fotos que
registraram estes momentos foram poucas, tanto é que no meu arquivo só guardo três. Veja o
bom time dos Fraldinhas, do ano de 1.983. Em pé da esquerda para direita:
Fernando Tardim, Rodrigo Brassoloto, Marcelo Abreu, Amadeu, Marcelinho, Fabinho e Tico
(treinador); agachados: Neto Delicato, Rodriguinho, Cadado, Julio “Juruna” com
a bola do jogo, Marquinhos e Casinha.
Avançando no tempo, chegamos no ano de 2.020. Como tudo na vida passa, os “Fraldinhas e Dente de Leite” foram crescendo, virando adultos e cada um seguindo o destino diferente. Alguns continuaram morando em Garça, outros por este Brasil afora. Vez ou outra tenho a alegria de encontrá-los, geralmente na beira dos campos. O contato que tenho com a maioria vem das redes sociais.
Agora esta semana o encontro foi diferente, digamos pra valer.
Tivemos que encarar o Júlio Cesar
Martins Teixeira, o eterno “Júlio Juruna”, em jogo válido pela “Copa Quarentena”
de futebol de botão. Só esclarecendo, que hoje temos em Garça um movimentado
campeonato municipal de futebol de botão, disputado aos sábados, que está
paralisado devido à pandemia do coronavírus. E, paralelamente durante a semana,
acontece a Copa Quarentena, em pleno andamento. Detalhe importante: no local do
jogo só pode ter os 2 botonistas, sem torcida, com a obrigatoriedade do uso de
máscaras (foto) e álcool em gel.
Pois bem, depois de 37 anos, confesso que o
desafio foi grande. Encarar o bom botonista Júlio “Juruna”, agora numa disputa
de mesa, foi pra lá de complicado. O
jogo foi na minha casa, na Arena: Stadium/Tico/9. Primeiramente, colocamos a
conversa em dia, recordando os bons tempos dos “Fraldinhas”, “desde o dia que
ele chegou no campo do Garça, todo vergonhoso, junto com o pai o Sr. Teixeira, e pediu uma vaga pra
jogar”, etc., etc. E o apelido de `Juruna´, ganhou de imediato entre a garotada,
em razão do corte de cabelo, pra frente na testa, bem parecido com o Mário Juruna,
líder indígena, que se aventurou na politica naquela época.
O Júlio esteve ausente de
Garça por vários anos, na busca do seu ideal. Através de concurso, ingressou na Secretaria da Segurança Pública
do Estado de São Paulo, no ano de 1.993, e passou a integrar a gloriosa equipe
de Corpo de Bombeiros. Fez carreira trabalhando em diversas cidades do interior
paulista, mais notadamente em Marília. Até que
agora está de volta á sua terra natal. Para minha surpresa e alegria, o
agora subtenente Teixeira (foto) é o comandante da base de Bombeiros de Garça.
Quanto ao jogo do botão foi bem disputado, um derby. Como era esperado, com amplo predomínio do Júlio. Só que no quesito gol, o “professor” Tico foi mais decisivo e ganhou: 2 a 1. Mas a bem da verdade, eu gostaria mesmo que o jogo terminasse empatado. A revanche acontecerá no campeonato municipal.