Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Os esportistas garcenses
ligados ao futebol suíço, foram surpreendidos recentemente, com a notícia sobre
o relatório do Ministério Público Estadual, que aponta falta de acessibilidade
no Conjunto “Poliesportivo Manoel Gouveia Chagas”.
O MPE, atendendo
solicitação de um munícipe, enviou um relatório à Prefeitura Municipal,
solicitando esclarecimentos sobre a acessibilidade, ao mesmo tempo em que deverá
providenciar a adequação às normas vigentes, objetivando a continuidade na sua
utilização. Aí começa o imbróglio, tudo
porque o local onde estão os campos não é de propriedade da Prefeitura e sim
do IAPEN – o Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Servidores do Município de Garça. Então como a Prefeitura gasta em melhoramentos num local que não lhe pertence?
Como é de conhecimento de
todos, os campos foram construídos
depois de uma “parceria de
cavalheiros” entre a Prefeitura e o IAPEN. Creio que até mesmo não existe nada
de oficial, um documento assinado pelas partes, com o IAPEN cedendo o espaço. Até porque o terreno
é um dos suportes da solidez financeira do órgão, e que vai garantir no futuro,
o pagamento dos benefícios (aposentadorias, pensão e auxílios) dos servidores
municipais vinculados.
Diante disto, a
administração municipal estuda a possibilidade da transferência dos campos para
um recinto próprio. Um bom local seria entre o CT do Garça e o Ginásio de
Esportes “João Gonzales”.
Enquanto isto não se
concretiza, a SEJEL pretende continuar com as competições no mesmo local. Tudo
vai depender de uma autorização especial da Promotoria, enquanto não ficar
pronto os novos campos.
Convenhamos um assunto que
deverá ser tratado com muita atenção pelo futuro prefeito, assim que assumir o
cargo no primeiro dia de janeiro do próximo ano. Até porque hoje o futebol
suíço é a principal modalidade esportiva praticada em Garça, reunindo centenas de pessoas.
Você sabia que o bonito
conjunto poliesportivo foi inaugurado no dia 04 de maio de 1.996 e recebeu o
nome do esportista Manoel Gouveia Chagas, por indicação do então vereador
Washington Pereira de Araújo. A primeira competição oficial que aconteceu foi a
“Copa Lions”, tendo como campeão o
Pereira e Santos. Já no certame municipal, o primeiro campeão foi o Salão
Carter. Veja flagrantes da inauguração no antigo portal de entrada, pela Rua
Dr. Antonio Cid Garbin, no Bairro Cascata. Na foto estão, da direita para
esquerda: vereadores Cornélio Marcondes de Moura, Luiz Quini, Alvaro Chagas
(filho do homenageado), prefeito José Alcides Faneco e Luiz Roberto L. Souza,
diretor do IAPEN.
ESPORTISTA
e RELOJEIRO: Apesar de não ser garcense, o palmeirense Manoel
Gouveia Chagas foi um grande esportista, que muito colaborou tanto com o
futebol profissional como amador de nossa cidade.
Nasceu na cidade de Paulo Faria/SP., no dia 16 de janeiro de 1.941. Ainda adolescente veio morar em Garça, juntamente com seus familiares. Começou a trabalhar “cedo”, com apenas 10 anos já ajudava o pai Jerônimo Chagas, proprietário de uma pequena venda, localizado em frente ao casarão do Labieno da Costa Machado, no Bairro Labienópolis. Depois foi trabalhar na relojoaria do Valdomiro Baraldi, que ficava na Rua Barão do rio Branco, em frente à Casa Minerva. Alí começou aprender a arte e o oficio de “relojoeiro’, atividade que abraçou para toda a vida, desenvolvendo com maestria.
“Seo” Manoel Casou jovem, com apenas 16 anos. Passados dois anos, resolveu tentar a sorte na cidade grande, e foi para São Paulo. Assim que chegou já arrumou emprego na DIMEP, tradicional fábrica de relógios. Só que não ficou muito tempo, retornando para Garça, onde abriu o próprio negócio: a Relojoaria São Luiz, inicialmente na Rua Carlos Ferrari, depois na Rua Cel. Joaquim Piza, em frente à antiga CAOL.
Até que no ano de 1.962, mudou para a Rua Heitor Penteado, nº 206, na antiga Rodoviária, no térreo da torre do relógio, o famoso e tradicional “Big-Ben" Garcense (foto). Ali trabalhou ininterruptamente por aproximadamente 32 anos, consertando e vendendo relógios, além de bijuterias em geral. O seu diferencial era a pontualidade nos consertos e o atendimento carinhoso que dispensa aos clientes. “Seo” Manoel aposentou no mês de fevereiro de 1.992, mesmo assim continuou trabalhando. O mundo do relógio era sua vida, a sua grande paixão.
Agora outra infinita paixão do “seo” Manoel era o futebol. Tentou jogar, optou em ser goleiro, mas por pouco tempo. O destino de suas mãos não era salvar gols, mas sim “consertar” relógios. Como torcedor, dois times no coração: Palmeiras e Garça. Do “Verdão”, adorava ver e falar do time da academia, dos craques Dudu e Ademir da Guia. Do “Azulão” não perdia um jogo sequer. No domingo era sagrado ir no “Platzeck”.
Prestativo, sempre colaborou nas campanhas e rifas para ajudar o
Garça e o futebol amador. “Seo” Manoel foi mais um daqueles que veio para
Garça, chegou, gostou daqui e não saiu mais. Casou com a Vilma Gelamos Chagas e
o casal teve cinco filhos: Álvaro, Moacir, Luiz Manoel, Maria Cândida e Nilson.
Faleceu no dia 29 de janeiro de 1.994. Na outra foto, o palmeirense Álvaro, o
filho que abraçou o legado do pai, posando todo orgulhoso, no interior da
relojoaria.