sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Recordar é Viver: "Titico, um corinthiano campeão e goleador"

 








Por Wanderley `Tico´ Cassolla

A coluna homenageia um dos grandes goleadores de nossa várzea, que infelizmente faleceu no último final na cidade de Presidente Venceslau, vitimado pelo terrível virus Covid/19. Torcedores mais antigos se lembrarão dele: Antonio Castanha Neto, ou “Titico” (foto), que marcou muitos gols no começo dos anos 70, quando disputou campeonatos citadinos. Na época a várzea tinha muitos goleadores, o Viola, Helder “Alemão", Morozini, Cláudio, e o Titico estava no mesmo nível de todos. Com a vantagem de saber proteger bem a bola, principalmente dentro da área, para finalizar no gol. A trajetória dele foi curta em nossos gramados, pois devido a sua ocupação profissional, teve que mudar para outra cidade.

 A adolescência viveu na Fazenda Paraíso, onde seu pai trabalhava.A família veio  para Garça, indo morar na Vila Manolo (hoje José Ribeiro). Tanto o Titico como o irmão mais novo, o Zé Walter, começaram a jogar no antigo campo de terra da vila (onde hoje é a escola Manoel Joaquim Fernandes).

Logo foram descobertos pelos dirigentes do Paulistinha, que estavam formando uma equipe  juvenil. E saiu um grande time, onde foram revelados Waldir Peres, Helinho Tercioti, Bidiu, Inocêncio e Celsinho Cassemiro. Logo de cara, no ano de 1.965, o Paulistinha foi campeão do Torneio Pedro Valentim Fernandes, e o Titico despontou marcando gols. Depois foi para o Amador, defendendo entre outras equipes, o  Frigorifico Barol, Transribas e Serenata. Na temporada de 1971/72, o Serenata do presidente Paulo Renato Alves de Souza, montou um verdadeira seleção para disputar o difícil campeonato regional, promovido pela Liga de Futebol Marília. Um competição difícil, jogando contra cidades da região, e o Serenata conquistou de forma brilhante o titulo de campeão.

Veja o Serenata posando com a faixa de campeão, no Estádio Municipal “Frederico Platzeck”. Em pé da esquerda para direita: Nelsinho, Paraná, Dadi, Picova, Jorge e Mário Campos Novos; agachados: Dominguinhos, Natal, Titico, Helinho Tercioti e Edílio Ramos.

No ano seguinte, o Serenata novamente repetiria o grande feito. Até hoje nenhuma outra agremiação garcense conseguiu tal feito. Porém, Titico não terminou o campeonato, uma vez que se mudou de Garça. Mesmo assim disputou alguns jogos. No outro flagrante, posando com alguns dos jogadores, que depois se tornariam bi-campeões. Em pé da esquerda para direita: Jorge, Dadi, o irmão Zé Walter e o técnico João Truzzi; agachados: Dominguinhos, Titico e Edgar de Souza.

 UM DIA  DE GOLEADOR: No ano de 1.971, eu começava ainda bem jovem, com apenas 14 anos, minha trajetória no campeonato amador, defendendo o Ipiranga. Lembro de um jogo entre Serenata x Ipiranga, disputado no Campo da Rebelo, que era um pouco mais acima de onde fica o “Toyotão”.

 Neste dia o Titico demonstrou toda a sua habilidade de artilheiro, marcando 6 gols. O ótimo time do Serenata ganhou de 7 a 3, e me lembro que todos os gols foram marcados de dentro da área, nada de chutão de longe. Domínio da bola e bola colocada no canto. A partir de então, eu passei a espelhar no Titico, na arte de fazer gols.  

CAMPEÃO NO CORINTHIANS:  Pouca gente sabe, mas o Titico foi campeão jogando pelo Corinthians, no ano de 1.977, mas o de Presidente Venceslau. Naquele ano faziam “só” 23 anos, que o alvinegro de SP. não ganhava um título. Então foi promovido uma competição só com times com o nome de Corinthians, em duas chaves da capital e do interior. O folclórico presidente Vicente Mateus, na promoção do evento, falava em alto e bom som “Agora, finalmente, o Corinthians vai ser campeão". 

O Corinthians de Presidente Venceslau foi o melhor do interior. E na disputa com o “xará” da  Capital, acabou conquistando o inédito título. Na foto Titico é o quarto em pé, da esquerda para direita. Nesta conquista, o Titico mudou radicalmente de posição. De centroavante passou a jogar na zaga, de beque central. E olha que se saiu muito bem. Sabia as “manhas e manias” de como anular um atacante, não deixá-lo marcar gols. Segundo o esportista Toninho Moré, ele destacou atuando ao lado de Canhoteiro, Carlos Rossato, Nélio Luiz, Djalmao, Periquito e outros zagueiros,

Por ironia do destino naquele mesmo ano, no dia 13 de outubro, o Corinthians quebraria o jejum e também se tornaria campeão paulista em cima da Ponte Preta.

Titico ainda disputou a 3ª Divisão de Profissionais pelo Corinthians de Presidente Venceslau, cidade que o recebeu de braços abertos, desde quando lá chegou, nos idos de 1.973. Titico nasceu em Garça, completou 70 anos e continuava trabalhando no SIF - Serviço de Inspeção Federal. Era casado com Diva, e o casal teve dois filhos, Fábio e Rafael, e três netos, Gabriel, Artur e Nícolas.