Por Wanderley `Tico´ Cassolla
A coluna homenageia um dos
grandes goleadores de nossa várzea, que infelizmente faleceu no último final na
cidade de Presidente Venceslau, vitimado pelo terrível virus Covid/19.
Torcedores mais antigos se lembrarão dele: Antonio Castanha Neto, ou “Titico”
(foto), que marcou muitos gols no começo dos anos 70, quando disputou
campeonatos citadinos. Na época a várzea tinha muitos goleadores, o Viola,
Helder “Alemão", Morozini, Cláudio, e o Titico estava no mesmo nível de todos.
Com a vantagem de saber proteger bem a bola, principalmente dentro da área,
para finalizar no gol. A trajetória dele foi curta em nossos gramados, pois
devido a sua ocupação profissional, teve que mudar para outra cidade.
A adolescência viveu na Fazenda Paraíso, onde seu pai trabalhava.A família veio para Garça, indo morar na Vila Manolo (hoje José Ribeiro). Tanto o Titico como o irmão mais novo, o Zé Walter, começaram a jogar no antigo campo de terra da vila (onde hoje é a escola Manoel Joaquim Fernandes).
Logo foram descobertos
pelos dirigentes do Paulistinha, que estavam formando uma equipe juvenil. E saiu um grande time, onde foram
revelados Waldir Peres, Helinho Tercioti, Bidiu, Inocêncio e Celsinho Cassemiro.
Logo de cara, no ano de 1.965, o Paulistinha foi campeão do Torneio Pedro
Valentim Fernandes, e o Titico despontou marcando gols. Depois foi para o Amador, defendendo entre outras equipes, o
Frigorifico Barol, Transribas e Serenata. Na temporada de 1971/72, o
Serenata do presidente Paulo Renato Alves de Souza, montou um verdadeira
seleção para disputar o difícil campeonato regional, promovido pela Liga de
Futebol Marília. Um competição difícil, jogando contra cidades da região, e o
Serenata conquistou de forma brilhante o titulo de campeão.
Veja o Serenata posando com
a faixa de campeão, no Estádio Municipal “Frederico Platzeck”. Em pé da
esquerda para direita: Nelsinho, Paraná, Dadi, Picova, Jorge e Mário Campos
Novos; agachados: Dominguinhos, Natal, Titico, Helinho Tercioti e Edílio Ramos.
No ano seguinte, o Serenata
novamente repetiria o grande feito. Até hoje nenhuma outra agremiação garcense
conseguiu tal feito. Porém, Titico não terminou o campeonato, uma vez que se
mudou de Garça. Mesmo assim disputou alguns jogos. No outro flagrante, posando
com alguns dos jogadores, que depois se tornariam bi-campeões. Em pé da
esquerda para direita: Jorge, Dadi, o irmão Zé Walter e o técnico João Truzzi; agachados: Dominguinhos, Titico e Edgar de Souza.
Neste dia o Titico demonstrou toda a sua habilidade de artilheiro, marcando 6 gols. O ótimo time do Serenata ganhou de 7 a 3, e me lembro que todos os gols foram marcados de dentro da área, nada de chutão de longe. Domínio da bola e bola colocada no canto. A partir de então, eu passei a espelhar no Titico, na arte de fazer gols.
CAMPEÃO NO CORINTHIANS: Pouca gente sabe, mas o Titico foi campeão jogando pelo Corinthians, no ano de 1.977, mas o de Presidente Venceslau. Naquele ano faziam “só” 23 anos, que o alvinegro de SP. não ganhava um título. Então foi promovido uma competição só com times com o nome de Corinthians, em duas chaves da capital e do interior. O folclórico presidente Vicente Mateus, na promoção do evento, falava em alto e bom som “Agora, finalmente, o Corinthians vai ser campeão".
O Corinthians de Presidente Venceslau foi o melhor do interior. E na disputa com o “xará” da Capital, acabou conquistando o inédito título. Na foto Titico é o quarto em pé, da esquerda para direita. Nesta conquista, o Titico mudou radicalmente de posição. De centroavante passou a jogar na zaga, de beque central. E olha que se saiu muito bem. Sabia as “manhas e manias” de como anular um atacante, não deixá-lo marcar gols. Segundo o esportista Toninho Moré, ele destacou atuando ao lado de Canhoteiro, Carlos Rossato, Nélio Luiz, Djalmao, Periquito e outros zagueiros,
Por ironia do destino
naquele mesmo ano, no dia 13 de outubro, o Corinthians quebraria o jejum e
também se tornaria campeão paulista em cima da Ponte Preta.
Titico ainda disputou a 3ª
Divisão de Profissionais pelo Corinthians de Presidente Venceslau, cidade que o
recebeu de braços abertos, desde quando lá chegou, nos idos de 1.973. Titico nasceu
em Garça, completou 70 anos e continuava trabalhando no SIF - Serviço de
Inspeção Federal. Era casado com Diva, e o casal teve dois filhos, Fábio e
Rafael, e três netos, Gabriel, Artur e Nícolas.