Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Com certeza ele está entre os jogadores que
mais vestiram a camisa do Garça: Agamenon Soares Galvão, o ex-zagueiro que
chegou em Garça para não sair mais. Na noite da última quinta feira partiu para
um plano superior. Deixou os gramados da terra definitivamente. Foi “convocado
pelo Grande técnico” para acertar a defesa do time lá de cima. E que reforço de
peso a zaga ganhou! Uma coisa é certa: vai ser mais difícil a rede balançar.
A cidade ficou mais triste. Os esportistas em
geral, amantes do futebol dos bons tempos do Garça, lamentam o falecimento do
Agamenon, que agora virou um eterno ídolo.
O Agamenon foi um daqueles jogadores que chegou
em Garça e não saiu mais. A raça deste nordestino, nascido no dia 01/12/1938, na
cidade de Quebrangulo, Estado de Alagoas, se engajou plenamente em nossa comunidade,
em todos os aspectos. No trabalho “forte que nem um ferro”, até porque foi um
excelente ferreiro. No futebol, um espetacular zagueiro, com muita raça em campo,
que vestiu a camisa do Garça com muito amor e carinho. A sua trajetória no
futebol profissional foi estupenda: uns 20 anos, entre as décadas de 50 e 60, época
romântica do esporte bretão na cidade. Está num seleto grupo de jogadores, que
fez parte dos memoráveis esquadrões do Garça Esporte Clube e Garça Futebol Clube.
A sua
dedicação era tamanha que sempre foi titular absoluto na lateral direita. Numa
ocasião, ao disputar um lance, trincou o osso da perna. Não se fez de rogado,
nem pediu substituição. Jogou praticamente todo o segundo tempo com a perna
quebrada. Assim que terminou o jogo foi direto para o hospital engessar a
perna. E contente da vida, nada de reclamação e dor, pois o Garça conseguiu uma
importante vitória diante do São Bento de Marília, no tradicional e mais
esperado derby regional.
Recordamos uma das formações do Garça EC da
temporada de 1.958, na época comandado pelo técnico Moacir. Em pé da esquerda
para direita: Agamenon, Aldo, Adilson,
Xisto, Altamiro e Dadico; agachados: Haroldo, Vicentinho, China, Cecy e Plínio
Dias.
Como um grande futebolista,
depois que encerrou a carreira no profissional ainda se aventurou na várzea e teve
uma rápida passagem no futebol suíço, na época do “terrão”, nos campos atrás do
Hospital São Lucas. Aí já veterano, por puro lazer, mas com o mesmo futebol de
antes, de muita garra e disposição. Não podemos esquecer também que sempre
colaborou com as entidades sociais da cidade. Num trabalho prestativo e
voluntário.
Na outra foto ao
lado do goleiro Waldir Peres, que ele viu crescer no futebol. Neste encontro o
Waldir relembrou que quando começou a treinar no gol do Garça, não gostava de
defender os chutes do Agamenon. “Ele batia bem e muito forte na bola. Era cada “canudo”,
que as vezes nem via a bola passar. Com o Agamenon aprendi muita coisa, que
muito me ajudaram na minha vida de goleiro.
No outro
flagrante, quando foi homenageado no Garça Tênis Clube, por ocasião de mais uma
edição do campeonato de pênaltis, promovido pelo esportista Enéas Filho. Na ocasião
ele também cobrou um pênalti e marcou o gol no corintiano Ricardo Conessa,
improvisado de goleiro. Também foi homenageado no futebol suíço. Outra bonita
lembrança foi no suíço master de 2.009, quando o troféu de campeão levou o seu
nome.
Como bem disse o são-paulino
Dr. Caio de Almeida, amigo e fã de carteirinha de seu futebol: “realmente a
cidade hoje chora. O Agamenon, dentro de sua simplicidade, era uma pessoa encantadora.
Garcense de excepcional personalidade defendeu com a alma a sua terra. Profissional dotado de postura invejável,
sério, responsável, de honestidade exemplar, naturalmente, será lembrado como
exemplo de cidadão probo. Meu amigo, que Deus o tenha”.
Aos familiares do Agamenon a nossa solidariedade. Podem ter certeza que a sua jornada foi cumprida com muito amor e afabilidade a família, amigos e os fãs do futebol. Agora o Agamenon “subiu” e foi jogar bola lá no céu. Mas ficará por todo o sempre incrustado no carinho, no coração, na ternura e na sinceridade do nosso cantinho da saudade.