sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Recordar é Viver: "O encontro de duas lendas do futebol no Platzeck"


Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Hoje recordamos o encontro de duas ilustres personalidades do esporte brasileiro: Adão Nunes Dornelles, um craque do futebol, e Fiori Gigliotti, um craque dos microfones do rádio. 

A imagem do inédito flagrante só foi possível, porque tempos atrás, ganhamos dos irmãos Álvaro e Mário Takiuti vários negativos, daqueles de “filmes de rolo”, mas estava difícil fazer a revelação. Até que num golpe de sorte, achamos na net um aplicativo específico, que transforma numa bonita foto digital.

Para a nossa surpresa, a maioria dos flagrantes, é da inauguração do Estádio Municipal “Frederico Platzeck”, no dia 04 de outubro de 1.966, na época um dos mais modernos da região e também da Alta Paulista. Aos poucos iremos publicá-las na coluna.

O principal atrativo foi o jogo entre uma seleção de Garça x Scratch da Rádio Bandeirantes, que tinha um famoso time que se apresentava por todo o interior. O astro era Fiori Gigliotti, então reconhecido como o “Locutor da Torcida Brasileira”. Do lado garcense, a estrela era o habilidoso meia atacante Adãozinho, que integrou o elenco da Seleção Brasileira, na Copa do Mundo realizada no Brasil em 1.950. O placar final foi Garça 3 x 4 Schatch do Rádio. Na foto estão da esquerda para direita: Ênnio Rodrigues, Adãozinho e Fiori Gigliotti. Ênnio Rodrigues era locutor da Rádio Bandeirantes e criou o famoso bordão: “O Que Vale é Bola na Rede”.                                                               


ADÃOZINHO:
Adão Nunes Dornelles, um gaúcho de nascimento, mas garcense de coração. Viveu grande parte de sua vida em Garça, depois que encerrou a carreira no futebol profissional. Chegou e não saiu mais, casou com a mineira Manoela de Brito, e o casal teve três  filhos Airton, Hamilton e Niltinho (com a foto), todos corintianos, aqui residentes.


Na carreira profissional fez sucesso no Sport Clube Internacional, no famoso “Rolo Compressor Gaúcho”, nas décadas de 40/50. Isto valeu a convocação entre os 22 jogadores que disputaram a IV Copa do Mundo de Futebol da FIFA no Brasil. A rivalidade entre paulistas e cariocas já existia, um lado queria ter mais jogadores que o outro. Dos 22 convocados, 12 eram cariocas, 8 paulistas e 2 gaúchos, que quebraram esta escrita: Adãozinho e Nena, outro bom zagueiro do Inter.



Adãozinho defendeu o Internacional (foto) em oito temporadas, entre janeiro de 1.943 à junho de 1.951, sagrando-se cinco vezes campeão gaúcho. Até hoje está no seleto grupo “top 10” dos principais goleadores, com 108 gols, um a menos que Leandro Damião. Disputou 30 clássicos `Gre-Nais´, com 19 vitórias, 7 empates e 4 derrotas, marcando 16 gols. Depois da Copa do Mundo foi contratado pelo Flamengo, onde ficou entre os anos de 1.951 à 1953. Foram 96 jogos, com 53 vitórias, 24 empates, 19 derrotas e 45 gols anotados. O último time foi o XV de Novembro de Jaú, quando encerrou a carreira no ano de 1957. Por onde passou, o “Negrinho do Pastoreio”, era rápido e ligeiro com a bola nos pés, sempre temido pelas defesas contrárias. Adãozinho faleceu no dia 6 de agosto de 1.991, aos 68 anos de idade.

FIORI GIGLIOTTI: Nasceu na cidade de Barra Bonita e pode ser considerado, um dos melhores narradores esportivos da história do futebol brasileiro. Quem algum dia ouviu uma transmissão de um jogo narrado pelo Fiori sabe o que estamos falando. Tinha um jeitão caipira, tipico de pessoa do interior, que cativava a todos pela simplicidade e humildade. Uma unanimidade no radio esportivo. 

Marcou época na Rádio Bandeirantes, onde trabalhou levando emoções aos torcedores, por cerca de 38 anos. Depois foram mais 5 anos na Rádio Panamericana/Jovem Pan, e mais 10 anos na Rádio Record, na Rádio Tupi e comentarista na Rádio Capital, até que “pendurou” os microfones, no ano de 2.005.

Uma história que jamais será esquecida, um verdadeiro ícone. Fiori Gigliotti tem um recorde de ter narrado 10 Copas do Mundo. A sua idolatria era tamanha que recebeu 162 títulos de cidadania pelo Brasil inteiro, outro recorde que jamais será batido. Faleceu no dia 8 de junho de 2.006, anos aos 78 anos. 

Mas quem não se lembra deste bordões: “Torcida brasileira, carinhosamente, boa tarde”, “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo”, “Segura Waldir Peres, o moço que veio de Garça”, “O tempo paaaassa torcida brasileira”, “Agueeeeenta coração”, “Um crepúsculo de jogo”, “Uma beleeeeza de gol”; “Entrou na área, fuzilou, é gooool”, “Agora não adianta chorar”, “Balão subindo, balão descendo”, “Tenta passar, mas não passa”, “Fecham-se as cortinas, e termina o espetáculo”. E o inesquecivel final de seu tradicional programa “Cantinho da Saudade”, onde contava a vida de um jogador. 

Hoje o referenciamos: “Fiori Gigliotti subiu e está morando no céu, mas ficará por todo o sempre incrustado no carinho, no coração e na memória do nosso Cantinho da Saudade”.