Por Wanderley `Tico´ Cassolla
A cada
dia que recebemos a notícia de uma pessoa, de um conterrâneo, um parente, amigo
ou amiga que venceu a batalha contra a COVID, não tem jeito de não vibrar, gritar
de alegria e agradecer a Deus. É como se o nosso time fosse campeão e marcasse
um golaço, já nos acréscimos. Aos poucos estamos vencendo o Covid/19, um
adversário cruel, ainda meio que desconhecido. Os cientistas e a medicina estão lutando bravamente, com uma estratégia fulminante. Dentro em
breve a pandemia acaba, o vírus receberá um cartão vermelho. De outro lado,
temos que colaborar, fazer a nossa parte também, “jogando bem fechado,
retrancado”, enfim se protegendo de todas as formas.
Na
última semana quem conseguiu esta grande façanha, e com certeza a maior vitória
da sua vida, foi o Celso Aparecido Felipe de Sousa, o conhecido e admirado
Celsinho, ex-craque do Garça. Uma vitória maiúscula, que durou bem mais que
noventa minutos. O Celsinho, depois que testou positivo para o vírus no dia 3
de agosto, ficou trinta dias internado no hospital, destes,18 intubados. A alta
medica foi no dia 3 de setembro. A primeira conversa que tivemos com ele foi
emocionante, pouco falamos de bola. Nem bem o cumprimentei, ele já emendou: antes
de mais nada, eu quero fazer uns agradecimentos.
“Primeiro,
gratidão a Deus, por estar aqui de volta, e por ele ter me dado esta nova
chance de viver. A todos os familiares, amigos, a todos as igrejas que, unidas, oraram por mim; a todo pessoal do Hospital São Lucas, pelo excelente
atendimento, e não vou citar nomes, para não cometer alguma injustiça; dos
médicos que me atenderam, desde o centro do COVID, a UPA e UTI, aos
enfermeiros, faxineiras, quem servia a alimentação. Que Deus ilumine todos, os
capacitem cada vez mais, e que continuem a salvar vidas. Lá só tem craques,
todos verdadeiros camisas 10. Cada um merece uma medalha de ouro, profissionais
que merecem ser bem mais valorizados. São verdadeiros heróis. Um dia gostaria
de revê-los e dar aquele abraço fraternal. Também a secretária Municipal da
Saúde, Deyse Regina Serapião Grejo, que ocupa o cargo com competência, sempre
atenciosa, principalmente com minha esposa Leila. A todos o meu muitíssimo
obrigado e minha eterna gratidão
A RECUPERAÇÃO: Será lenta, como a de todas pessoas que pegaram o COVID e se recuperaram. Estou fazendo fisioterapia às segundas, quartas e sextas, e mais um pouco em casa, onde faço complemento. Aí vou até viajando e lembrando dos tempos de preparação física nos times onde jogava. Como perdi muita musculatura, tenho que ter bastante cuidado agora. Estou nas mãos de grandes profissionais do SUS, que dão atendimento todo especial, fazendo com que a gente fique com a estima super elevada. Ainda não estou conseguindo andar. As pernas não são mais as mesmas de quando jogava bola e marcava gols, alguns de faltas lá da intermediária. Mas quero estar em forma logo.
JOGAR
BOLA: Já não sonho mais em correr
atrás da bola. Estou bem tranquilo quanto a isto. Acho que já vivi a minha fase
no futebol. No ano de 2.019, jogando pelo Levi´s no futebol suíço, sofri uma
fratura da patela e já queria parar. Até porque não estava conseguindo
conciliar mais com as atividades profissionais. Mas vou estar torcendo para que
a cidade, depois da pandemia, volte com aquela alegria de antes na área
esportiva. De outro lado tenho conversado bastante com o Júlio César
(Secretário Municipal de Esportes) e as notícias são as melhores possíveis. O
Júlio vem desenvolvendo um grande trabalho, ele é do ramo, primeiro está
recuperando as praças de jogos. Também tem vários projetos em mente,
especialmente para o público jovem. O esporte tem que ser mais forte que a rua,
pois traz educação, disciplina e saúde. Quanto ao retorno do Garça FC., segundo
o Celsinho, primeiro tem que ter um estádio em condições, no caso o “Platzeck”,
depois a montagem do time. Um sonho que não pode acabar jamais.
A CARREIRA: O Celsinho começou a jogar bola bem cedo, lá na vila Manolo, nos times treinados pelo Rivelino. Antes de mudar para Ibitinga, jogou nas equipes do Zé Marília e Dr. Adilson, dono do Greminho. Na “terra do bordado” participou da escolinha de futebol do Nei, ex-ponta esquerda do Palmeiras dos anos 60. Como se destacou rápido, foi para a Ferroviária de Araraquara, onde ficou por três anos. Até que recebeu uma interessante proposta do Appoel Kfar Saba, de Israel, time da região da capital Tel Aviv. Após esta experiência no exterior, retornou ao Brasil, e jogou no Flamengo (Guarulhos), Inter de Limeira, União de Mogi das Cruzes, União Agrícola Barbarense e o Garça, quando na temporada de 2.000, foi vice-campeão da Série A-III. Em 2.002 encerrou a carreira no futebol profissional.
Depois que parou com o futebol profissional, o Celsinho voltou às origens, jogando no Amador pelo Vimec e Ferroviária. No futebol suíço defendeu o Flamengo, Vimec (tetra-campeão), Dinos, Unidos, Vagão Lanches, Independente, quando foi artilheiro do municipal e o Levi´s. Na foto recebendo o troféu do também goleador Téia. Na outra foto, Celsinho matando saudades na visita do Museu da Ferroviária de Araraquara.
RECADO DO CELSINHO: "A Covid é uma doença muito grave. Depois que a gente pega é muita dor e sofrimento, para o paciente e principalmente para os familiares. Não é fácil sair dela. Tem que haver um respeito mútuo, nada de aglomerações. No tempo que fiquei internado, vi muitas famílias perderam seus entes queridos, amigos que partiram, foi bem complicado, difícil de acreditar. Desejo muita força para todos. Peço, encarecidamente, que as pessoas se respeitem, nada de aglomeração. Tomar muito cuidado, vacina e as proteções necessárias. A gente tem que continuar a vida. Deus só deseja o melhor para nós."