sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Recordar é Viver: "Gaúcho, um goleador nato"



Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Dos grandes atacantes que passaram pelo Garça, não podemos esquecer do centroavante Odalgiro Ávila, ou simplesmente “Gaúcho”, que defendeu o “Azulão” na temporada de 1.984. 

Naquele ano o “Azulão” estava retornando ao futebol profissional e o presidente Antonio “Biga Marangão” montou um grande time. A sua meta era, além de dar alegrias ao torcedor garcense, subir de divisão da `Terceirona´ para a `Segundona´, nomenclaturas da época, como campeão ou vice. O Gaúcho foi contratado pelo próprio presidente Biga Marangão, após negociar o passe com o Felipe Cheide, presidente do São Bernardo. Chegou e resolveu o problema dos gols. 

Facilmente entrosou com os novos companheiros, e principalmente com o esquema que o técnico Bô armou para ele. Era ficar lá na frente, esperando os cruzamentos da linha de fundo, ora do Albino pelo lado esquerdo, do Reginaldo “Linguiça” ou Araújo, no lado direito. Pelo meio, sempre recebia aqueles passes precisos do meia direita João Luiz, ou dos lançamentos do experiente Canhoto. Ao longo do campeonato, gols de cabeça e de dentro da área, no melhor estilo Romário, não faltaram. De vez em quando até gols em cobranças de faltas. Com isto o Gaúcho caiu nos braços da torcida, e foi um dos trunfos do “Azulão” na conquista do acesso à `Segundona´. Um detalhe faz questão de ressaltar: “Na época tínhamos uma paixão pelo time. Colocávamos nossas chuteiras e nosso coração em campo”.

GOLS NO GARÇA: Segundo o Gaúcho foi uma experiência única jogar no interior paulista e vestir a gloriosa camisa do Garça, no difícil campeonato da 3ª Divisão de Profissionais. Movido a desafio, topou a parada, numa temporada que marcou sua carreira. O elenco do Garça era muito bom. Começava pelo goleiro Mamela, passava pelo zaga com Pilão, Arenghi e Dinho Parreira, um meio de campo com Airton Rocha, João Luiz e Canhoto, e terminava com Reginaldo (ou Araújo), Gaúcho e Albino.

O Gaúcho marcou o primeiro gol com a camisa do Garça, no dia 22 de abril de 1.984, em cima do Oeste, de Itápolis, na vitória por 2 a 0. O outro gol foi do incansável Airton Rocha.

O gols mais importante, que não sai de sua memória, foi na final do campeonato contra o Capivariano, jogo disputado no Estádio “Zezinho Magalhães”, em Jaú. O Garça fez 1 a 0, gol de Gaúcho, cobrando falta lá da intermediária. “Os batedores oficiais de longe eram o Canhoto e o Pilão, só que senti que o lance era meu. Não deu outra, a bola foi no ângulo”. Com o gol, ainda ganhou uma aposta do presidente Biga Marangão. Só que o Capivariano empatou e levou a decisão para a cobrança de pênaltis, onde venceu e terminou como campeão. 


Mesmo terminando como vice, o Garça também subiu. Um acesso que, segundo ele, jamais será esquecido. No ano seguinte, o Gaúcho voltaria a ser campeão da `Terceirona´, defendendo o Grêmio Mauaense (na foto, segurando a bola). Voltando ao Garça, ele disse que foi uma vitrine que teve no futebol. Jamais esquecerá da presença dos torcedores que lotavam o “Platzeck”, bem como da diretoria presidida pelo “Biga” Marangão, que sempre honrou os compromissos pagando em dia. Veja uma das formações do Garça. Em pé da esquerda para direita: Antônio “Biga” Marangão (presidente), Barbosa (preparador físico), Botinha, Mamela, Dinho Parreira, Osmar “Tanajura”, Júlio Tibério, Arengui e Jair Montemor (dirigente); agachados: Tiana, João Luiz, Gaúcho, Reginaldo “Linguiça” e Canhoto.    


A CARREIRA:
Nascido na cidade de Passo Fundo/RS., ganhou o apelido de “Gaúcho” para o mundo do futebol. Tudo começou quando realizou uma “peneira” no juvenil do São Paulo, levado pelo treinador Milton Cruz. Depois daí, teve uma trajetória de sucesso no futebol brasileiro: em 1981, no Rio Verde, de Goiás; 82, Nacional, de Itumbiara; 83, Esporte Clube Sergipe; 84, Garça; 85, Grêmio Mauaense; 86, Primavera de Indaiatuba; 87, Portuguesa Santista (foto); 88, Chavantense; 89, Oeste, de Itápolis; 89, Quirinópolis, de Goiás. Além de sempre marcar gols nos times que passou, também foi campeão no E.C. Sergipe, Mauaense e Portuguesa Santista. Na cidade praiana jogou ao lado de consagrados jogadores, como Serginho Chulapa, Gilberto Sorriso, Neto, Dema, todos com passagens pelo Santos. O acesso com o Garça, Gaúcho também comemora como mais um troféu de “campeão”. Encerrou a carreira ainda jovem, com apenas 29 anos de idade, quando estava no Quirinópolis. Recebeu uma proposta para jogar e trabalhar na montadora da Volkswagen, situada no ABC paulista.


DEPOIS DO FUTEBOL:
Hoje o Gaúcho segue feliz curtindo a vida ao lado dos familiares e amigos. Está colhendo os frutos de sua paixão: o futebol. Graças a ele, depois de “pendurar as chuteiras” profissional, ingressou na empresa Volkswagen. Começou trabalhando como operacional, e foi galgando novas posições, crescendo na empresa, terminando na inspeção de qualidade. Foram 25 anos de dedicação, suor e muito trabalho. Até conquistar mais um outro importante título: a merecida aposentadoria. Mas não parou de vez. Ainda trabalha com investimento no ramo imobiliário. Atualmente esta morando em Avaré. Quando tem um tempo disponível, sempre acompanha um jogo de bola, torcendo pelo Santos. Ali no “Peixe” está o seu ídolo no futebol, o atacante Marinho. ´

O Gaúcho está casado com a Teresa (foto). Faz questão de frisar “Faz quarenta anos, a mesma esposa desde a época do futebol, a minha eterna paixão”. O casal tem duas filhas, Tatiane e Pâmela, os genros Diogo e Gláuber,  além de três netas, Ana Luísa, Beatriz e Lívia.