sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Recordar é Viver: "Zamboni, a paixão pela aviação"


Por Wanderley `Tico´ Cassolla

No último sábado foi comemorado o `Dia do Aviador´, os “motoristas dos céus”. A coluna hoje recorda um pouco dos pilotos garcenses e homenageia o José Zamboni Júnior, o piloto camisa 10 da “Sentinela do Planalto”. Além do que o Zamboni é mais um conterrâneo que tem orgulho em dizer que é garcense e para onde vai, alçando voos pelo Brasil, sempre faz questão de divulgar o nome de Garça.

Uma paixão que vem desde a sua infância. “Desde que me conheço por gente, tive atração por avião. Não podia ouvir um barulho de avião, que já olhava para o céu. Pode até aparecer meio esquisito, preferia ganhar presentes de aviãozinho, do que uma bola para jogar futebol, bem mais comum entre a garotada”.

Mas para entrar no mundo da aviação, não foi fácil não. “Naquela época as dificuldades eram enormes, bem mais difícil que os dias atuais, principalmente quanto aos custos para conseguir a licença. Enquanto não completei os 18 anos, o primeiro requisito para atingir meu objetivo, tive que trabalhar bastante. Fui garçom, copeiro no Garça Tênis Clube, frentista no Posto Jóia, trabalhava durante o dia, a noite ia para o segundo turno. Economizei ao máximo para bancar todos os custos. Além do incentivo da minha família, entra em ação o meu tio, Sidnei Hermógenes Sampaio. Este jamais vou esquecer. Só tenho que agradecer do fundo do meu coração. No ano de 1.979, ele trabalhava para a família Atala, em Jaú. Precisou se ausentar para exames médicos de rotina, e me indicou para substituí-lo. Fui “montando um caixa”, e com o acerto do Posto Jóia, arrumei todo o dinheiro para bancar o curso em Marilia. Lá fui muito bem recebido pelo Dr. Orilton Vanin, presidente do Aero Clube. O Dr. Vanin vendo minha garra e determinação já me arrumou o primeiro emprego com a família Zilo. Fazia voos para o Pantanal mato-grossense. Depois retornei para Garça, estou na luta até hoje, fazendo aquilo que mais gosto. Já trabalhei para a Comercial Antonio Perez, o saudoso empresário Antonio “Biga” Marangão, a Cooperativa da Garcafé, José Herculano Ribas, onde pilotei o lendário Bonanza V-35, Jaime Nogueira Miranda e também para o filho Jaiminho, Arthur Hoffig, e a empresa R.C.G. Assim como um garoto que gosta de jogar bola, quer jogar num time grande, eu também tive outro sonho. Graças a Deus, consegui realizar há cerca de 5 anos: trabalhar para o empresário Flávio Perez, um grande amigo do peito mesmo. E estamos juntos, rasgando os “céus brasileiros”, faça chuva ou faça sol, levando o progresso e o nome de Garça. Quanto a pendurar as chuteiras? Sou vou parar mesmo, depois que o médico me obrigar."






O Zamboni conseguiu a primeira licença, de piloto privado no ano 1.980. Atualmente é piloto comercial e IFR (voo por instrumentos), a mesma licença de uma companhia aérea, podendo pilotar até um avião Boing. Ao longo de mais de três décadas, o palmeirense Zamboni já teve o privilégio de conhecer e levar inúmeras celebridades, desde artistas, cantores, políticos esportistas: o “rei” Roberto Carlos (foto), Oscar do Basquete (foto), a dupla Chitãozinho e Xororó, o astronauta Marcos Pontes (foto), a dupla Milionário e Zé Rico, senador Kajuru, a atriz Tais Araújo, cantor Sérgio Reis, apresentadora Ana Maria Braga, empresário Luciano Hang e tantos outros. 

Nas viagens, o Zamboni nunca teve problemas ou “levou algum susto” pilotando as aeronaves. Primeiro pela proteção divina, segundo porque sempre priorizou a manutenção e cuidados dos aviões, por isto, nunca teve problemas mecânicos. Já enfrentou “mau tempo”, em condições adversas, mas com sua experiência, driblou a situação, com aquela categoria de um jogador camisa 10, daqueles do futebol brasileiro do passado. O avião é um dos meios de transporte mais seguro que existe.

De outro lado, o seu ídolo na aviação é o coronel Braga, um grande líder da memorável Esquadrilha da Fumaça. Uma curiosidade: mesmo sendo palmeirense, no futebol tem como ídolo o eterno craque Rivelino, ex-Corinthians. E na aviação tem um velho e importante ditado, como enfatiza Zamboni: “Existe piloto que não é aviador. Existe médico que não é doutor. Existe gente que não gosta de avião. Mas qualquer um pode ter esta paixão. Aviador é quem ama a aviação. Aviação é paixão”. 


A coluna também lembra os eternos aviadores garcenses do passado, durante a formatura da turma de pilotos do anos de 1.949. O presidente do Aero Clube de Garça, era Alberto Alves, o quinto em pé da esquerda para direita.

DIA DO AVIADOR: No dia 23 de outubro de 1.906, o brasileiro Alberto Santos Dumont, conseguiu a proeza de ser o primeiro humano a voar. A sua invenção, o famoso 14 Bis, fez um voo no Campo Bagatelle, em Paris, na França, e deu o “pontapé” inicial na grande revolução nos meios de transporte da terra. Através da lei nº 218, de 4 de Julho de 1936, foi oficializada o dia 23 de outubro, como “Dia do Aviador”. Em 23 de Outubro também se comemora o `Dia da Força Aérea Brasileira´.

UM GÊNIO TRICOLOR:  Alberto Santos Dumont, “o pai da aviação”, nasceu no dia 20 de julho de 1.873, na Fazenda Cabangu, na cidade de Palmeira, atual Santos Dumont, no Estado de Minas Gerais. Era um gênio. Além do avião 14 Bis, inventou o relógio de pulso, o chuveiro quente, o ultraleve e o dirigível. Poucos sabem, mas o Santos Dumont adorava o futebol. Gostava de jogar bola, mas não tinha lá muita afinidade com o balão de couro.   

No Rio de Janeiro, era apaixonado pelo Fluminense, um membro assíduo do clube. Segundo informações, Dumont não apenas frequentava, mas participava ativamente das atividades na sede do tricolor carioca. Sua paixão era tamanha, que chegava até apitar jogos de futebol, no Estádio das Laranjeiras, do Fluzão. Também praticava tênis e era árbitro nas competições entre sócios. Santos Dumont foi o sócio número 11 do Fluminense. Em São Paulo, as evidências indicam que seria palmeirense.