sexta-feira, 23 de junho de 2023

Recordar e Viver: "Gabriel Tedesco e o encontro com o craque Zico"

 


Por Wanderley `Tico´ Cassolla

E você já teve a oportunidade de encontrar o seu ídolo preferido, seja ele, um jogador de futebol, artista, cantor ou alguém em especial? Convenhamos, não é nada fácil “dar de cara” e até mesmo se aproximar de uma personalidade. Às vezes somente num golpe de sorte para dar certo, tirar uma foto ou conseguir um autógrafo.

Tem que estar na hora certa e no momento certo. Foi o que aconteceu com o Gabriel Magdaloni Tedesco Simões, que teve a rara de felicidade de se encontrar com Arthur Antunes Coimbra, simplesmente Zico, ex-jogador de futebol e um ídolo do futebol brasileiro e mundial.

O alegre encontro, no final do mês de março passado, foi no aeroporto de Guarulhos/SP. O Gabriel relata como aconteceu: “Eu estava retornando para minha casa em Jaraguá do Sul/SC. O Zico indo comentar o jogo da seleção brasileira, no canal que o ex-narrador Galvão Bueno, mantém no Youtube. De início fiquei meio que receoso em pedir para tirar uma foto (selfie). Havia muita gente no aeroporto, creio nem sabiam quem ele era. Mas fui em frente. Aproximei “da fera” e falei que estava voltando de uma fábrica (risos), era grande fã dele. O discreto Zico, atendeu o pedido de pronto. Como imaginava foi super simpático, digno de um craque mesmo. Ainda me perguntou: que time eu torcia? Respondi: São Paulo. Gentilmente me deu um aperto de mão, respondi com um tapinha no ombro da dele. Em seguida a foto para a eternidade, juntamente com a Karine, colega de trabalho. Depois que “bati a foto” muita gente também aproveitou a rara ocasião. E ele, pacientemente, atendeu a todos”. Se já o admirava, passei a admirá-lo ainda mais. O Zico, para mim, confirmou ser um eterno craque da bola, dentro e fora dos gramados”.

DE TICO A ZICO: Voltando no tempo, vamos à década de 80, idos de 1986/87. Nesta época o garotinho Gabrielzinho, sempre acompanhava seu pai, o Fernando Tedesco, nos jogos do Campeonato Amador de nossa cidade. Nós jogávamos no mesmo time, o tradicional Ipiranga. O Fernando Tedesco era um atleta versátil, atuava no meio campo e também na zaga. Demonstrava muita raça em campo, sabia bater bem na bola, nas cobranças de faltas tinha “um canudo”.

O Gabrielzinho sempre ficava por perto do pai, adorava ficar chutando a bola do jogo. Entrava com o time em campo e já queria a bola. Até “complicava” o bate bola/aquecimento dos jogadores. Mas não via a hora de tirar fotografia, pegava e segurava a bola, não largava jamais.

Eu gostava de brincar com o Gabrielzinho. Chutava a bola meio que longe e ele ia correndo buscá-la. Às vezes, entre um chute e outro, tropeçava e caía. Mas logo levantava, nada de chorar. Era comum, antes do jogo começar, pedir para eu  marcar um gol. Já pensava “hoje tenho que caprichar”. Assim que marcava, corria até o banco de reservas. De pronto ele levantava, e vinha correndo em minha direção, para comemorar. Eu o pegava no colo, ele gritava todo contente, com os braços erguidos “é gooooooooool”. Depois voltava rápido e feliz para o banco. Mas lembro também do dia que o Fernando Tedesco, num jogo contra a Casa Ipiranga, no “Toyotão”, tomou o cartão vermelho (por entrada violenta), com apenas quinze minutos de jogo. Apesar de argumentar com o juizão Moisés Santana, não teve jeito: “chuveiro mais cedo”. O Gabrielzinho adentrou ao gramado, abraçou o pai e saiu chorando de campo. O Ipiranga perdeu o Fernando Tedesco e o jogo para o rival, pelo placar de 3 a 1.

Desde então e até hoje, o Gabriel tem como ídolo no futebol, o seu pai Fernando Tedesco. “Eu presenciei muitos momentos incríveis com ele. Me fez gostar do futebol, até tentei jogar bola. Inspirava nele, quis ser um meio campista, volante. Mas jamais aproximei do futebol dele. Meu pai vivia (e ainda vive) intensamente o futebol, mesmo sendo amador. Uma da grandes alegrias que tive, foi a oportunidade de jogar ao seu lado, quando de um amistoso do time do Pé de Cana (foto) nos anos 90. Jamais esquecerei este dia”.

Recordamos umas das formações do Ipiranga. Em pé, da esquerda para direita: Paulo Cuba (técnico), Élcio, Beline, Tião Barbosa, Renato Burato, Plininho, Kir e Ike; agachados: Tico, Fernando Tedesco, Flor, Esquerdinha, Renato Galvão, Donizete e Alício (massagista). Na frente, o “mascotinho” Gabrielzinho, firme, segurando a bola do jogo.

O Gabriel antigamente tirava retrato com o Tico, atualmente com o ícone Zico. Show de bola. Você cresceu, não virou jogador de futebol, optou pelos estudos. Se formou engenheiro têxtil, trabalha numa empresa sul coreana, que faz elastano (lycra). É casado com a Mariana, pai do Miguelzinho e filho de uma palmeirense, a Marisa. Morou por muito tempo no nordeste brasileiro. Apesar de ter nascido em Marilia, jamais esquece de seu berço, vivenciados aqui: “Tenho muitas saudades de Garça, espero um dia voltar. Uma cidade onde vivi muitos anos e aprendi muitos valores da vida”

ZICO, A CARREIRA: Está entre os melhores jogadores da história do futebol brasileiro e mundial. A carreira do Zico, jaqueta 10, praticamente foi no Flamengo do Rio de Janeiro, onde é apontado pelos torcedores como o “maior de todos”. Defendeu o rubro negro carioca entre julho de 1971 à fevereiro de 1990. No total foram 732 jogos e 509 gols marcados (maior artilheiro do clube). Foi campeão estadual 7 vezes: 1972, 1974, 1978, 1979, 1979 (especial), 1981 e 1986; Campeão Brasileiro em 1980, 1982 e 1983. Campeão da Copa União em 1987; Campeão de Copa Libertadores em 1981, e Mundial de Clubes neste mesmo ano. Na seleção brasileira foram 89 jogos, marcou 66 gols, destes 48 em jogos oficiais. Foi considerado o melhor jogador do mundo em 1983. No início da carreira recebeu o apelido de “Galinho”. Depois, consagrando mundialmente, passou a ser conhecido como White Pelé, ou seja, o Pelé Branco.