sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Recordar é Viver: "Um jogo com a despedida do campo"

 



Por Wanderley `Tico´ Cassolla

No último domingo recebi um convite inusitado: participar de um “jogo de despedida” do campo de pelada do Garça Tênis Clube. Fiquei um tanto quanto surpreso, mas respondi afirmativamente para o são-paulino João Galhardo, o autor do inédito convite.

Confesso que, nos meus tempos de jogador, fui convidado para participar de jogos festivos e também da inauguração de campos. Me recordo do Campo do Toyotão, do antigo campo da Escola Agrícola, do Campo de futebol suíço em São Sebastião/SP, do Estádio Municipal de Alvorada do Sul/PR, assim como da inauguração dos refletores do “Platzeck” e do Estádio Municipal de Presidente Alves/SP, dentre outros.

E por mais que eu esteja envolvido com o futebol, nunca vi a realização de um jogo de “despedida de campo”. Marcado para começar as 9 horas, chegamos pontualmente as 8h45. De cara encontramos logo na entrada do GTC, o goleiro Zu, já nos desafiando e afirmando que não iriamos marcar gols nele. Pra variar o Zu perdeu a “aposta” mais uma vez.

O pessoal foi chegando, num misto de alegria e de tristeza. Alegria por reencontrar os amigos e poder bater uma “bolinha”. Tristeza, daquele que pode ser o último jogo, naquele campo de terra, onde a bola rolou por muito tempo, levantando poeira para tudo quanto é lado.


Na época a grande maioria dos atletas jogavam descalço mesmo. As “tradicionais peladas” eram disputadas nas noites de quarta-feira, sábado à tarde e nos domingos de manhã. Tudo era controlado rigorosamente pelo sr. Carlos Manchini, um palmeirense fanático, já falecido, e que dá nome ao campo. Ele levava um livro de presença para o sócio assinar, mas era obrigatório chegar até 15 minutos antes. Fechado o livro, eram montados os times paga jogar.  

Caso chegasse depois do horário, sem chances, só na próxima “pelada”. Lembro que três times marcaram época, o Kosminho, Independente e Juventude, que saíram dali, para disputar os campeonatos municipais da modalidade. Muitos outros marcaram época: Vexame, Kukunká, Al Fatah, Pequena Potência, montados para disputar as Olimpíadas do GTC. Bons tempos que não voltam mais.

Quanto ao “jogo de despedida” foi bem disputado, só não teve muita correria, pois a maioria dos atletas já está com a idade um pouco avançada, ou veem de contusão. Faltou futebol e sobraram risadas. Faz parte. Teve até torcedores, registrando em fotos e vídeos, os gols e lances pitorescos, que estão nas redes sociais.  


Confesso que em determinado momento, com a bola rolando, eu um tanto quanto cansado, parado num canto, voltei no tempo. Na minha memória lembrei de vários craques que ali desfilaram, todos tradicionais “peladeiros”. A maioria não está mais entre nós: Zeca Manchini, Mário Baraldi, Colombani, Eronides, Toninho Orujian, Paulo Renato, Chico Ramalho, Gervásio, Agenor, goleiro Piazentim, Plinio Dias, Morozine, Alvaro Gaúcho, Helder Bosque, Edgar do Café, Plínio Cabrini, Dr. Romeu, Corinho, Cacaio Vollet, Carlinhos Morozine, e outros que não lembro no momento. Joguei muitas vezes contra estes “peladeiros”.  A saudade bateu.

Pra variar não teve um vencedor, o jogo terminou empatado em 8 a 8, com rigorosa arbitragem do palmeirense Marcelo Semenssato. Para o time de “coletes laranja” marcaram: Fabiano Ramos (3), Adhemar (2), Paulo Zago, Carlinhos e França. Para os "coletes amarelos" marcaram: Gasparelo(3), Tico Cassolla (2), Paulo (2) e Ricardo. Ah! Teve até pontapé inicial com o convidado especial, o são-paulino Toninho Ornellas, o mais experiente que esteve no domingo no GTC. Veja os times que estiveram em ação (foto). Após o jogo aconteceu uma confraternização no Recanto do Paulo Boy. Aí quem deu a bola, ou melhor, preparou caprichosamente o churrasco, foi o Marquinhos `Vai´ e seu auxiliar, Cléber.

No meio da semana, tivemos um bate papo informal com o Kim Brandão, presidente do GTC. sobre o assunto. O Kim nos adiantou, “Que de fato o clube recebeu uma proposta de construção de campos de Beach Tennis, um dos esportes do momento, no local do campo de pelada. Entretanto não tem nada definido. Tudo ainda está no início. Vai depender do projeto apresentado, depois da aprovação de nossa diretoria e, em conformidade com o estatuto do clube, devem ser vencidos todos os trâmites burocráticos. Logicamente se a proposta for viável, será analisada minunciosamente e levada adiante, uma vez que o clube quer agregar ainda mais os sócios. A nossa diretoria pensa no atual momento e no futuro também. Até porque o GTC sempre priorizou pela prática esportiva entre os seus associados”.