sábado, 18 de outubro de 2014

Recordar é Viver: `Celsão, um futebol de muita raça´








Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Na última terça feira (14) nossa cidade sofreu mais um duro golpe: a notícia do falecimento do Celso Travençolo, esportista que marcou época na década de 70.  Celsão, como era mais conhecido, não jogou bola por muito tempo, mas o pouco que “correu atrás da bola” sempre esteve em evidência. Depois que encerrou a prematura carreira, se tornou um próspero comerciante, comandando o Bar e Restaurante Odeon e o Hotel Plaza Odeon, juntamente com o irmão Omar, herdando o dom do pai, o “seo” Geraldo Travençolo. Nas horas de folgas era um grande  apaixonado por pescarias.

Mas voltando ao futebol, ainda garoto o Celsão jogava no Clube Atlético Ipiranga. Não demorou muito e foi treinar no Garça. Acabou sendo contratado. Um zagueiro forte e vigoroso, e um porte físico avantajado. Canhoto, era firme no desarme e tinha o ponto forte o passe da bola. Constantemente fazia lançamentos da intermediária e colocava os atacantes na cara do gol. Além do que batia faltas, com potentes chutes, não dando chances ao goleiro de defesa. Uma das formações do Garça, temporada 1972/73. Em pé, da esquerda para direita: Paraná, Chiquinho, Pedroso, João Luiz, Abegar e Celsão; Agachados: Índio, Grillo, Pulga, Foguinho e Escurinho. O Celsão também jogou no time do Tiro de Guerra, comandado pelo Sargento Adib Mures Saker e ainda nos Veteranos do Garça, do técnico João Folguieri.

Lembro que numa ocasião, quando defendia o Ipiranga, eu estava no banco de reservas.  Era o jogo semi-final da Copa Lions ano de 1972. 0 jogo estava 0 a 0. Eis que surgiu uma falta nas proximidades da grande lua, no campo de defesa do Ipiranga. O Celsão chegou e arrumou a bola. O goleiro adversário (não botando fé) nem barreira pediu. O Celsão se aproximou e desferiu um portentoso chute. A bola foi praticamente em linha reta e entrou no ângulo (quase furando as redes), no gol do fundo do “Platzeck”. Foi o gol de falta mais longe que tive a felicidade de ver "ao vivo". 

Recordamos o Ipiranga, no jogo inaugural do Campo da Escola Agrícola, quando venceu o Barol, pelo placar de 1 a 0, gol do ponta-esquerda Claudião. Em pé da esquerda para direita: João Truzzi (técnico), Mamede (diretor), Bertinho, Cripa, Ademir, Béia, Buzega, Celsão Travençolo, Jaime Nogueira Miranda (Interventor federal em Garça) e Nelsinho Carvalho (diretor); Agachados: Ali Darhouge, Zé Santana, Tofóli, Siri Santana, Cláudião e Davi.

No Corinthians: Jogando pelo Garça, o Celsão ficou famoso pelo interior, o que valeu um convite para treinar no Corinthians.  Assim que se apresentou no Parque São Jorge o Celsão já participou de um treinamento coletivo do time profissional.  No “segundinho” tinha que marcar ninguém mais, ninguém menos que Rivelino, ídolo do time. O Celsão não se intimidou e encarou a fera. Até levou uns dribles, mas numa bola dividida mandou o Rivelino, quase que no alambrado. O Riva se levantou, chegou próximo do garcense, deu um leve tapa no ombro, e falou: “Voce é fera e se depender de mim fica no Corinthians”. Uma pena que o Celsão não acertou com o time mosqueteiro. Na outra foto, numa das últimas visitas que fez no Estádio Municipal “Frederido Platzeck”. À direita, Celsão, o goleiro Chiquinho e Bô, ex-jogadores do “Azulão”, da década de 70.