Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Em nossa eclética coluna,
reservamos o espaço para homenagear a senhora Zenaide Corra Alvarenga, que no ultimo dia 09 de janeiro completou 80 anos
e muito bem vividos.
Dona Zenaide, inaugurou a
nova idade, reunindo seus familiares e amigos, esbanjando saúde e muita
vitalidade. Talvez seja em nossa cidade a mais antiga e fiel torcedora do
glorioso Sport Clube Corinthians Paulista.
E uma das razões de nossa homenagem é porque foi a dona Zenaide que nos
ensinou a gostar e praticar o esporte, mais notadamente o futebol. Acredito que
se não fosse ela, não estaríamos escrevendo esta coluna, publicada na “Comarca”
há 22 anos.
Tudo começou no inicio dos
anos 60, quando ainda morávamos com nossos pais, na colônia dos empregados da
extinta Companhia Paulista de Estrada de Ferro, onde também a dona Zenaide residia
com o marido Arnaldo Alvarenga.
Na época, juntamente com os
demais garotos, também filhos de ferroviários,
brincávamos pra valer, até porque espaço é que não faltava: rodar pião,
bola de gude (burca), bilboquê, bets (bétia), carrinho de rolimã, soltar pipas
(papagaio), estilingue com mamona, caçar borboletas com peneiras, etc. Só que correr atrás da bola era o preferido. A
dona Zenaide incentivava a todos até porque o campinho ficava próximo a casa
dela. Assim como pegava em nosso “pé”, quando fazíamos uma arte. Era como se
fosse uma segunda mãe para todos. Falava em alto e bom som “molecada vocês tem
é que “torcer” para o Corinthians, isto sim é que time”.
Era a época do rádio
com as grandes transmissões esportivas. Na sua residência, que era a de número
9, ouvíamos a Rádio Bandeirantes, sob o comando de Fiori Giglioti, o “locutor
da torcida brasileira”. Com uma memória invejável, sabia de tudo, jogos, escalação,
resultados, classificação, etc. e tal. Também ensinou todos a torcer
pela seleção brasileira. Me recordo que na Copa de 1966 (Inglaterra) ela ficou
entristecida com a desclassificação prematura da seleção brasileira, ainda na
primeira fase. Entretanto a alegria voltaria quatro anos depois, com a
memorável conquista do tri-campeonato do México. A seleção sob o comando do Pelé
encantou o mundo e deixou a dona Zenaide mais feliz do que nunca. O jogo final assistimos
pela TV em preto e branco, na casa dos Alvarengas, que ficou lotada. Pra
completar a festa, o `seo´ Arnaldo acertou sozinho o “bolão dos ferroviários”,
com o incrível placar de Brasil 4 x 1
Itália.
Mas a sua grande paixão
mesmo sempre foi o Corinthians. Sabia a história de cada jogador alvinegro. Os
goleiros Gilmar e Ado, os beques Zé Maria, Ditão, Baldochi, Lidu e Pedrinho. O meio de campo com
Edson, Dino Sani e Rivelino. Na frente Paulo Borges, Flávio Minuano, Mirandinha
e Eduardo. O Corinthians vivia um jejum de 23 anos sem títulos (de 1.954 a
1.977), o famoso tabu de 11 anos contra o Santos (de 1.957 à 1.968), mas a dona
Zenaide não desanimava jamais, muito pelo contrário, ficava ainda mais fiel. Uma
paixão pelo “Timão” que continua mais
forte do que nunca.