sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Recordar é Viver: "Dona Zenaide, 80 anos de vida e a paixão pelo Corinthians"









Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Em nossa eclética coluna, reservamos o espaço para homenagear a senhora Zenaide Corra Alvarenga, que  no ultimo dia 09 de janeiro completou 80 anos e muito bem vividos.
Dona Zenaide, inaugurou a nova idade, reunindo seus familiares e amigos, esbanjando saúde e muita vitalidade. Talvez seja em nossa cidade a mais antiga e fiel torcedora do glorioso Sport Clube Corinthians Paulista.  E uma das razões de nossa homenagem é porque foi a dona Zenaide que nos ensinou a gostar e praticar o esporte, mais notadamente o futebol. Acredito que se não fosse ela, não estaríamos escrevendo esta coluna, publicada na “Comarca” há 22 anos.

Tudo começou no inicio dos anos 60, quando ainda morávamos com nossos pais, na colônia dos empregados da extinta Companhia Paulista de Estrada de Ferro, onde também a dona Zenaide residia com o marido Arnaldo Alvarenga.

Na época, juntamente com os demais garotos, também filhos de ferroviários,  brincávamos pra valer, até porque espaço é que não faltava: rodar pião, bola de gude (burca), bilboquê, bets (bétia), carrinho de rolimã, soltar pipas (papagaio), estilingue com mamona, caçar borboletas com peneiras, etc.  Só que correr atrás da bola era o preferido. A dona Zenaide incentivava a todos até porque o campinho ficava próximo a casa dela. Assim como pegava em nosso “pé”, quando fazíamos uma arte. Era como se fosse uma segunda mãe para todos. Falava em alto e bom som “molecada vocês tem é que “torcer” para o Corinthians, isto sim é que time”. 

Era a época do rádio com as grandes transmissões esportivas. Na sua residência, que era a de número 9, ouvíamos a Rádio Bandeirantes, sob o comando de Fiori Giglioti, o “locutor da torcida brasileira”. Com uma memória invejável, sabia de tudo, jogos, escalação, resultados, classificação, etc. e tal. Também ensinou todos a torcer pela seleção brasileira. Me recordo que na Copa de 1966 (Inglaterra) ela ficou entristecida com a desclassificação prematura da seleção brasileira, ainda na primeira fase. Entretanto a alegria voltaria quatro anos depois, com a memorável conquista do tri-campeonato do México. A seleção sob o comando do Pelé encantou o mundo e deixou a dona Zenaide mais feliz do que nunca. O jogo final assistimos pela TV em preto e branco, na casa dos Alvarengas, que ficou lotada. Pra completar a festa, o `seo´ Arnaldo acertou sozinho o “bolão dos ferroviários”, com o incrível placar  de Brasil 4 x 1 Itália.

Mas a sua grande paixão mesmo sempre foi o Corinthians. Sabia a história de cada jogador alvinegro. Os goleiros Gilmar e Ado, os beques Zé Maria, Ditão,  Baldochi, Lidu e Pedrinho. O meio de campo com Edson, Dino Sani e Rivelino. Na frente Paulo Borges, Flávio Minuano, Mirandinha e Eduardo. O Corinthians vivia um jejum de 23 anos sem títulos (de 1.954 a 1.977), o famoso tabu de 11 anos contra o Santos (de 1.957 à 1.968), mas a dona Zenaide não desanimava jamais, muito pelo contrário, ficava ainda mais fiel. Uma paixão pelo “Timão” que continua mais forte do que nunca.
                          
A FAMÍLIA: Dona Zenaide nasceu na cidade de Jaú e foi casada com o sr. Arnaldo Alvarenga, funcionário da Cia. Paulista de Estradas de Ferro. Chegaram em Garça em meados do ano de 1.963, adotaram a cidade, para não sair mais. O casal teve 9 filhos, com uma curiosidade, todos os nomes iniciados com a letra “r”: Rosangela, Roldney, Rosana, Roseli, Reginaldo, Rosimeire, Roberto, Ronald e Renata. Com a desativação do trem, a demolição da estação e da colônia, foi morar na vila Rebelo. Com certeza formou uma família honrada e feliz. Nos flagrantes, dona Zenaide (à dir) com a amiga Jovita, curtindo uma praia. Acompanhada dos filhos/netos, e ainda com a filha Rosana e amiga Maria Regina. Parabéns sempre dona Zenaide e vai Corinthians!!!