sexta-feira, 22 de julho de 2016

Recordar é Viver: "Zé Bituca, um zagueiro que marcou época"







Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Hoje a coluna recorda um dos grandes zagueiros da várzea garcense de antigamente: José Augusto de Almeida, mais conhecido nos meios esportivos como “Zé Bituca”. Na época, os zagueiros eram verdadeiros “xerifes”, ficavam lá trás na defesa só desarmando, encarando os atacantes e chutando a bola pra tudo quanto é lado. Era uma futebol de muita raça e força. Jamais podia passar do meio de campo. Ir lá na frente, nem pensar. Talvez num “corner’ para tentar um gol de cabeça.

O Zé Bituca foi um destes zagueiros, que começou a desmistificar esta tradição. Como um bom canhoteiro, batia fácil na bola. Não era de dar chutão não. Procurava jogar antecipando ao adversário, atuando com eficiência no desarme, graças a excelente forma física. Sem falar que tinha boa impulsão, subia muito de cabeça. E de vez em quando deixava sua marca nas redes contrárias.

Jogou nos melhores times de sua época, entres os anos 60/70. Dentre os principais estão o Flamengo, de Vila Rebelo, Bangu, Jambo, Frigorifico Barol, Ipiranga e o SASP (Sociedade Atlética Sentinela do Planalto). Depois no futebol suíço defendeu por muito tempo o Kussumoto “A”, um dos grandes da modalidade, na época do terrão, nos campos atrás do Hospital São Lucas.

Entre os anos de 1.971/72 tive a oportunidade de jogar com o Zé Bituca, no  Ipiranga. Na época, eu estava no início de carreira, e ele já era um jogador consagrado. Um líder na defesa ipiranguista. Atuava de quarto zagueiro, e tinha como companheiro de zaga o Admir Martinelli e o Broginho. Nestas duas temporadas o Ipiranga teve a defesa menos vazada do campeonato. Quando o Ipiranga precisava da vitória era comum o técnico Faruk Salmen escalar o Zé Bituca na lateral esquerda. Aí ele se tornava um verdadeiro ponta esquerda, tal a facilidade que tinha para ir ao ataque. O Zé Bituca tinha uma jogada que era a sua marca registrada: a bicicleta. Não tinha um jogo sequer que ele não praticava o difícil lance.

Mas um lance jamais vou esquecer: o gol de cabeça que o Zé Bituca marcou no Estádio Municipal “Frederico Platzeck”, em jogo válido pelo Campeonato Amador. Não somente pela beleza do lance, mas também pela distância. A potente cabeçada foi do círculo central. Isto mesmo. Na época ele jogava no SASP, e o gol foi no time do Rodoviário, do goleiro Otacílio Borborema. Pra mim foi um dos gols mais incríveis que aconteceu no “Platzeck”. Jamais vi outro igual. Para muitos esportistas foi o “gol do século passado. 
  
Recordamos alguns flagrantes de sua passagem no futebol garcense. No torneio início de mais um Campeonato Amador: Zé Bituca (esq), com a camisa do SASP, posando ao lado de Eudes Quaresma, da Fazenda São Francisco e Nelsinho Semensato, da Casa Ipiranga.

Depois no time do Frigorífico Barol. Em pé da esquerda para direita: Argemiro Beguine (dirigente), Chola, Cirsão, Osvaldinho, Mauro, Zé Bituca e Agamenon; Agachados: Valter Palmital (dirigente), Viola, Charuto, Titica, Nelsinho Semensato e Buião.

Depois no memorável time do Bangu, da Vila Nova, Zé Bituca, é o ultimo em pé a direita. Há um ano atrás o Zé Bituca falecia, mas ficará por todo o sempre incrustado no carinho, no coração, na ternura e na sinceridade do nosso cantinho da saudade.