Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Hoje a coluna recorda um dos
grandes zagueiros da várzea garcense de antigamente: José Augusto de Almeida,
mais conhecido nos meios esportivos como “Zé Bituca”. Na época, os zagueiros eram
verdadeiros “xerifes”, ficavam lá trás na defesa só desarmando, encarando os
atacantes e chutando a bola pra tudo quanto é lado. Era uma futebol de muita
raça e força. Jamais podia passar do meio de campo. Ir lá na frente, nem
pensar. Talvez num “corner’ para tentar um gol de cabeça.
O Zé Bituca foi um destes
zagueiros, que começou a desmistificar esta tradição. Como um bom canhoteiro,
batia fácil na bola. Não era de dar chutão não. Procurava jogar antecipando ao
adversário, atuando com eficiência no desarme, graças a excelente forma física.
Sem falar que tinha boa impulsão, subia muito de cabeça. E de vez em quando
deixava sua marca nas redes contrárias.
Jogou nos melhores times de
sua época, entres os anos 60/70. Dentre os principais estão o Flamengo, de Vila
Rebelo, Bangu, Jambo, Frigorifico Barol, Ipiranga e o SASP (Sociedade Atlética
Sentinela do Planalto). Depois no futebol suíço defendeu por muito tempo o
Kussumoto “A”, um dos grandes da modalidade, na época do terrão, nos campos
atrás do Hospital São Lucas.
Entre os anos de 1.971/72
tive a oportunidade de jogar com o Zé Bituca, no Ipiranga. Na época, eu estava no início de
carreira, e ele já era um jogador consagrado. Um líder na defesa ipiranguista. Atuava
de quarto zagueiro, e tinha como companheiro de zaga o Admir Martinelli e o
Broginho. Nestas duas temporadas o Ipiranga teve a defesa menos vazada do
campeonato. Quando o Ipiranga precisava
da vitória era comum o técnico Faruk Salmen escalar o Zé Bituca na lateral
esquerda. Aí ele se tornava um verdadeiro ponta esquerda, tal a facilidade que
tinha para ir ao ataque. O Zé
Bituca tinha uma jogada que era a sua marca registrada: a bicicleta. Não tinha
um jogo sequer que ele não praticava o difícil lance.
Mas
um lance jamais vou esquecer: o gol de cabeça que o Zé Bituca marcou no Estádio
Municipal “Frederico Platzeck”, em jogo válido pelo Campeonato Amador. Não
somente pela beleza do lance, mas também pela distância. A potente cabeçada foi
do círculo central. Isto mesmo. Na época ele jogava no SASP, e o gol foi no
time do Rodoviário, do goleiro Otacílio Borborema. Pra mim foi um dos gols mais
incríveis que aconteceu no “Platzeck”. Jamais vi outro igual. Para muitos
esportistas foi o “gol do século passado.
Recordamos
alguns flagrantes de sua passagem no futebol garcense. No torneio início de
mais um Campeonato Amador: Zé Bituca (esq), com a camisa do SASP, posando ao
lado de Eudes Quaresma, da Fazenda São Francisco e Nelsinho Semensato, da Casa
Ipiranga.
Depois no time do
Frigorífico Barol. Em pé da esquerda para direita: Argemiro Beguine
(dirigente), Chola, Cirsão, Osvaldinho, Mauro, Zé Bituca e Agamenon; Agachados: Valter Palmital (dirigente), Viola, Charuto, Titica, Nelsinho
Semensato e Buião.
Depois no memorável time do
Bangu, da Vila Nova, Zé Bituca, é o ultimo em pé a direita. Há um ano atrás o
Zé Bituca falecia, mas ficará por todo o sempre incrustado no carinho, no
coração, na ternura e na sinceridade do nosso cantinho da saudade.