sexta-feira, 1 de julho de 2016

Recordar é Viver: "O dia que o Garça ganhou do Santos, bicampeão paulista"









Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Há exatos 60 anos, o Garça Esporte Clube realizou um jogo que entrou para a história de nosso futebol profissional. No dia 29 de junho de 1.956, o Garça recebeu no Estádio de Vila Williams, o Santos Futebol Clube, então bi-campeão paulista (1955/56), com sua equipe principal e venceu o amistoso por 2 a 0.

Curiosamente quem nos passou esta informação foi o são-paulino Luiz Antonio Sganzerla (foto), que com uma memória privilegiada, tem muitas histórias para contar do futebol profissional garcense. Até porque entre os anos de 1.953 à l.960, o Luiz foi fotógrafo do “Foto Esber”, e acompanhou a maioria dos jogos do Garça, tanto em nossa cidade como na casa do adversário.

Num bate papo informal, o Luiz não só falou da vitória do Garça, como recordou as escalações de ambas as equipes que se enfrentaram, assim como outros acontecimentos que ocorreram durante os noventa minutos. Só nos restou, então, fazer buscas nos arquivos do “Jornal Comarca” para confirmar os fatos.

E pudemos notar que foi mesmo um dia inesquecível para os torcedores que lotaram o antigo campo do Garça em Vila Williams. A cidade praticamente parou para acompanhar o jogo e ver de perto os ídolos do time praiano. Há!!! foi neste ano que um garotinho de apelido “Gasolina” começou a treinar no Santos, em seguida se consagraria como “Pelé”, o maior jogador da história do futebol mundial.  Três meses depois, no dia 07/09/1956, o “rei” estreava no Santos e já marcava seu primeiro gol, no jogo Santos 7 x 1 Corinthians-STA-SP.

A manchete da Comarca foi a seguinte: “Com um futebol vistoso o Garça Esporte clube suplantou o Santos F.C. – campeão paulista”, em reportagem do esportista Orlando Covolan, que fez rasgados elogios a vitória do Garça.

Atuando com mais lucidez e objetividade, o alvi-anil garcense soube se impor com categoria ao Santos Futebol Clube, vencendo-o por 2 a 0. Não atuou a contento o quadro santista. Jogando desembaraçadamente na primeira fase os garcenses dominaram quase que inteiramente seu contendor. A ausência de Jair motivou descontentamento na torcida. Os gols foram assinalados na etapa inicial: Cecy e Evaldo os goleadores. Boa atuação de Antonio Assunção Pereira, árbitro da Federação Paulista de Futebol. A renda foi de aproximadamente Cr$-180.000,00.

Os quadros que estiveram em ação: Garça: Velasco, Agamenon e Charret; Altamiro, Mauri e Carret; Liquinho (Irineu Palmeira) e Zigomar; Haroldo, Cecy e Evaldo – Técnico: Martin Carvalho; Santos: Manga (Barbosinha); Hélvio (Wilson) e Ivan (Freitas; Ramiro (Valdir) e Fiote; Zito (Cássio), Alfredo (Zinho) e Carlinhos; Pagão, Vasconcelos e Doval – Técnico: Lula.

Nesta semana conseguimos reunir, depois de 60 anos, três jogadores que envergaram a gloriosa camisa do Garça, na memorável vitória em cima do Santos. Veja em pé da esquerda para direita: Agamenon, que atuou na lateral direita, Irineu Palmeiras, meio campista que entrou no lugar do Liquinho, e o atacante Haroldo Pereira Martins. Foi um encontro pra lá de agradável, onde os três recordaram vários lances e jogadas, em especial os gols do Ceci e do Evaldo. Falaram também de outros jogos do Garça. Afinal de contas eles tem muitas histórias para contar, pois vivenciaram uma época de ouro do futebol profissional.

Na outra foto, veja uma das formações do glorioso Garça, na temporada de 1.958, quando o técnico era Moacir. Em pé da esquerda para direita: Agamenon, Aldo, Adilson, Xisto, Altamiro e Dadico. Agachados: Haroldo, Vicentinho, China, Cecy e Plínio Dias.
Na próxima semana, continuaremos com o “segundo tempo” deste histórico jogo.