sexta-feira, 3 de março de 2017

Recordar é Viver: "Buzega, um polivalente no gol e na linha"









Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Hoje a coluna homenageia um atleta que marcou época em nossa várzea no início dos anos 70. Um jogador polivalente, diferenciado, pois atuava tanto de goleiro como zagueiro. Quem não se lembra do José Aparecido Modesto, o Buzega, que jogou no Rebelo e no Ipiranga, onde viveu grandes momentos?

Se jogador de linha que atua em duas ou mais posições é difícil encontrar, imagina então um que é goleiro e zagueiro. Este foi o incrível Buzega, que encarava as duas posições com a maior naturalidade e dava conta do recado. Para ele tanto fazia. Era difícil saber em qual jogava melhor. Os técnicos o preferiam com a jaqueta 1, numa posição ingrata, que poucos desejam. O Buzega tinha um físico privilegiado, que o ajudava a praticar grandes defesas com as famosas “ponte aéreas”. Como defensor preferia a lateral direita, pois era firme no desarme e tinha muito fôlego para ajudar o ataque. Que o diga o ponta direita Bidiu, com quem fez um dos melhores “lado direito” do Ipiranga. Fora dos gramados foi um verdadeiro “playboy”, com seu jeito extrovertido e panca de galã entre as fãs torcedoras.

Mas uma passagem jamais vou esquecer, pois estava presente. No ano de 1972, o Ipiranga foi jogar contra o Maquinho, no “Abreuzão”. O objetivo principal dos dirigentes do MAC era observar duas jovens promessas garcenses: os meios campistas Alcir (filho do Ceci) e Nôzinho. O jogo foi disputadíssimo, com o placar final apontando o empate em 1 a 1. O Buzega entrou como goleiro, no intervalo foi substituído pelo Pompéia. Logo no começo do 2º tempo, o lateral direito Béia se contundiu. O técnico Faruk Salmen não pensou duas vezes, colocou o Buzega. Ele não só acertou a defesa naquele lado, como aprontou uma correria danada, apoiando constantemente o ataque. De seus pés saiu o cruzamento da linha de fundo para o gol de cabeça do Claudião. Neste jogo eu era o centroavante.

Nos vestiários, chegaram dois dirigentes do MAC. E para surpresa geral, ao invés do Alcir e Nôzinho, queriam saber quem era o goleiro/lateral direito. Uma pena que sua idade já era um pouco avançada para a época.

No idos de 1974 a fatalidade que marcaria definitivamente sua vida. O carro (Fusca) que estava passeando com os amigos Agrião e Pompéia, capotou próximo a AABB de Garça. Com alguns traumas, a carreira foi encerrada prematuramente. 

Hoje o Buzega anda e se comunica com alguma dificuldade, mas jamais esquece dos bons momentos que viveu no futebol. Diz que jogou ao lado de grandes craques, citando o Rabudinho, os irmãos Helinho e Edson Tercioti, além do goleador Claudião. Sem falar no goleiro Jorjão do Prata, que “pegava muito”. 

Veja na foto, o Buzega com o Troféu Garcafé (da Copa Lions), que ajudou o Ipiranga a ganhar pela primeira vez em 1974. Posando com parte do elenco do Ipiranga de 1972. Em pé da esquerda para direita: Broginho, Buzega, Ademir e Takashi. Agachados: Bidiu, Alcir e Fabrão. Depois no Ipiranga, de 1971, no jogo de inauguração do Campo da Escola Agrícola, quando venceu o Frigus, por 1 a 0, gol do Claudião. Em pé da esquerda para direita: Mamede (diretor), Bertinho, Cripa, Ademir, Béia, Buzega e Celsão; Agachados: Ali Daroughe, Ciri Santana, Tofoli, Zé Santana, Claudião e Dito. O palmeirense Buzega tem mais dois irmãos que também jogaram bola: Zeti e Celso. Sem falar que o pai dos três, o Sr. Geraldo Modesto, foi presidente do Ipiranga, no ano de 1969.