Por Wanderley `Tico´ Cassolla
A coluna procura sempre resgatar
os grandes times e jogadores que fizeram parte da história do amadorismo
garcense. Contando com a ajuda dos amigos e também da internet/redes sociais
vamos aos poucos encontrando os craques do passado, que passaram na nossa
várzea. Quem não se lembra do Antonio Carlos Soares, o Picova, um lateral
direito, que nas décadas de 70/80 fez sucesso e era disputado pelos principais
times. Achamos o Picova na vizinha cidade de Pirajuí, onde está aposentado do
Banespa e é um próspero sitiante. Em
Garça ele morou por vários anos na vila Manolo, hoje José Ribeiro.
Na época os times jogavam no tradicional
esquema 4-2-4, com uma linha de zagueiros com a função especifica de marcar. Os
laterais (hoje alas) não passavam do meio do campo. Foi justamente aí que o
Picova se destacava dos demais “becões”. Com um físico privilegiado gostava de
apoiar o ataque, ir a linha de fundo, além do que, tinha um ótimo passe de bola. Assim é que jogou só em time
de ponta da várzea, dentre os principais estão o Barol, Serenata, Ipiranga,
Casa Ipiranga e Vumec.
O auge da carreira do Picova
foi na forte equipe do Serenata, do presidente Paulo Renato Alves de Souza e do
técnico Juvenal Hilário do Nascimento. Com certeza o Serenata, ao lado do
Bandeirante, do presidente João Bento, na década de 50, está entre os melhores
times de todos os tempos. O Serenata era apoiado pela Industria de Óleo e Sabão
do Manolo e contava com seleção dos melhores jogadores de Garça.
Eu tive a oportunidade de
ver o Serenata jogar. Estava começando a carreira no Ipiranga, e enfrentei a
tradicional agremiação verde e branca em várias oportunidades. Confesso que
alguns resultados foram derrotas e por goleadas.
O Serenata tem dois títulos
inéditos para o futebol garcense: bi-campeão do Campeonato
Regional da Liga de Futebol de Marília, nas temporadas de 1.972/73. Nenhum
outro time conseguiu tal feito. Por outro lado, como sempre privilegiou a
competição regional, não teve a mesma sorte em nosso amadorismo. Nos mesmos
anos de 1.972 e 73, disputou a final contra o banco Induscômio, perdendo as duas
decisões, resultados apontados pelos torcedores como verdadeiras “zebras”.
Recordamos o Serenata, posando
com a faixa de campeão regional de 1972, no Estádio Municipal “Frederico
Platzeck”. Em pé da esquerda para direita: Nelsinho, Paraná, Dadi,
Picova, Jorjão do Prata e Mário; agachados: Dominguinhos, Natal, Titica, Helinho
Tercioti, e Edílio Ramos.
Apesar de jogar na
defesa só foi expulso uma única vez na carreira, num lance normal de disputa de
bola, só que o árbitro Agamenon mandou para o chuveiro mais cedo. Veja na outra
foto, um quarteto de destaque da final entre Serenata x Induscômio, Da esquerda
para direita: Picova (Serenata), Washington (Induscômio), Zé Walter e Corinho. Na
outra foto ao lado dos colegas do Serenata: Picova, Jorjão goleiro e Zé Walter.
Agachado está o Edson Tercioti. Picova deixou nossa cidade nos anos 80, e também parou
de jogar bola. Foi trabalhar em São Paulo, onde ficou três anos. De lá voltou
para o interior, indo morar em Pirajuí, onde reside até os dias de hoje (foto).
Os filhos Gustavo, Daniel e Rodrigo não puxaram para o pai em se falando de bola.
Nas horas de folga, acompanha o futebol e continua torcendo pelo São Paulo, ao
lado da esposa Marli. E porque o apelido
“Picova”. Segundo ele tudo porque na época de criança era “bom” de jogar burca (ou bolinha de gude). Tinha facilidade para
embirocar as burcas dentro dos buraquinhos do jogo, quatro ou seis, que a garotada
chamava de “picovas”.