Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Na noite da última quinta
feira estava terminando a coluna para este
final de semana, e o assunto seria a vitória maiúscula do Garça sobre o
poderoso Santos, pelo placar de 2 a 0, confronto realizado em nossa cidade no
ano de 1.956. 0 destaque seria para o trio de ferro, formado por Agamenon,
Irineu Palmeira e Haroldo, que infernizaram o time santista, num dos melhores
jogos no Campo de Vila Williams.
Já estávamos na conferência final, quando
recebemos a triste notícia do falecimento do Haroldo, nosso grande amigo de
jornadas esportivas. Não nos restou alternativa senão deixar a matéria do
jogo no “banco de reservas”, e dar o nosso último adeus a um dos principais
jogadores da história do futebol profissional garcense.
O Haroldo era um excelente
bate papo sobre futebol, gostava de conversar com ele, apesar do seu lado um
quanto tímido, graças à origem mineira. Mas tinha uma sabedoria incomum de
bola, quando falava na realidade do futebol brasileiro, de ontem e de hoje. Com
certeza um reflexo do que foi em campo. Isto é o que sempre me falavam antigos
torcedores, que tiveram a oportunidade de vê-lo jogar com a camisa 7 do Garça
Esporte Clube.
Há!!! se jogasse hoje,
estaria rico financeiramente. Mas na sua época era um outro futebol, do amor à camisa e o prazer de correr atrás da bola. Ou melhor, fazer os adversários
correr atrás dele. Isto quando não tomavam dribles, daqueles de sentar a
b....no gramado. Um dom divino que vem desde a infância. “A bola não pode ser
maltratada. Tem que ser tratada com carinho. Quem dá `chutão´ e joga de cabeça
baixa, não nasceu pra ser jogador de futebol”, comentava.
Tudo começou na sua terra
natal Caxambu, no Estado de Minas Gerais, no primeiro time do Fluminense.
Durante um jogo amistoso foi “descoberto” por um dirigente que o levou para o
América do Rio. Lá ficou somente uma temporada, até porque o clube carioca não atravessava um bom
momento.
Acabou recebendo proposta do time de São João da Boa Vista, onde ficou
cerca de três anos. Segundo Haroldo era um time forte e competitivo. Um de seus
melhores companheiros de clube foi o zagueiro Hideraldo Luiz Bellini, o capitão
da Copa de 1.958, na Suécia, que levantou a primeira taça mundial pela Seleção
Brasileira. O gesto ficou eternizado até os dias atuais. Este mesmo gesto
Haroldo fez questão de repetir 54 anos depois, quando foi homenageado pelo
futebol suíço/master no dia 07 de abril de 2.012, num momento de
alegria e também para relembrar do amigo Bellini (foto). Me revelou, certa vez,
emocionado, “que um filme passou na memória”.
Uma passagem pelo América de
São José do Rio Preto, até que chegou em Garça, e não saiu mais. Defendeu o seu
querido “Azulão” por mais de 10 anos. O Haroldo não foi lá de marcar gols, era
ponteiro driblador, partia para cima dos laterais, e gostava de colocar os
atacantes na cara do gol. O principal era o centroavante Paraguaio, que cansou
de marcar gols frutos de seus cruzamentos. Viveu grandes e inesquecíveis
momentos com a jaqueta do “Azulão”. Virou ídolo dos torcedores e sua história
jamais será esquecida.
Com a carreira no futebol
chegando ao fim, perto de completar 40 anos, o Haroldo ingressou no serviço público estadual, e durante muitos
anos trabalhou no Fórum local, até que conseguiu a merecida aposentadoria.
Recordamos sua passagem no Garça, de inicio dos anos 60. Em pé da esquerda para
direita: Haroldo
faleceu aos 94 anos. Era casado com a Dona Lolinha, e o casal teve três filhos:
Haroldinho, Marisa e Marilda.
Como bem disse o seu
inseparável amigo e são-paulino Dr. Caio Celso Nogueira de Miranda: “O Haroldo era
uma pessoa excepcional e com um coração incrível, amigo dos amigos. Foi um
fantástico jogador com a camisa do Garça. Agora virou lenda”.