Júlio C. Martins é elogiado por seu trabalho à frente da SEJEL por todos os cantos da cidade |
Com altíssima aprovação, muitas lamentações por sua saída e um legado deixado para muitos anos à comunidade esportiva de Garça, está chegando ao fim a passagem de Júlio César Martins pela Secretaria da Juventude, Esportes e Lazer. Ótima surpresa à frente da pasta, ele iniciou a sua gestão com a desconfiança de alguns, porém, demonstrou uma capacidade elogiada por todos e com aprovação poucas vezes vistas em qualquer setor da administração pública.
Estive entrevistando o ex-secretário que literalmente `ergueu o sarrafo´ no esporte garcense, com inúmeras conquistas e ações que jamais serão esquecidas. Acompanhe o que disse o ex-goleiro campeão com o Santo André da Copa do Brasil em pleno Maracanã sobre o Flamengo em 2.004 e com passagem em vários clubes renomados do país:
BM - Quando do início de sua gestão à frente da SEJEL, muitos imaginaram as dificuldades que você encontraria, mas essas mesmas pessoas hoje o aplaudem e lamentam a sua saída. Qual o segredo para uma mudança tão radical?
JCM - Creio muito que essa avaliação que fizeram quando meu nome foi indicado se deu ao fato de pessoas que não me conheciam e acabaram julgando pelo fato de acharem que um ex-jogador de futebol não teria a capacidade de fazer um gestão séria e positiva no esporte de nossa cidade. Outros devem ter achado que eu iria apenas focar no futebol e esquecer as outras necessidades. Quando assumi a SEJEL, tínhamos 2 professores apenas, hoje temos 12. Os funcionários não tinham material de trabalho básicos, hoje saio e deixo uma secretaria toda estruturada com equipamentos novos. Conseguimos reformar 90% das praças esportivas, instalamos 12 novas academias, construímos o Complexo Esportivo Valdir Tramontini e o Complexo Esportivo Cateto, no Lago. Estamos deixando já um contrato assinado e com o dinheiro para reforma completa do Ginásio Wilson Martini e já estamos finalizando os muros do Platzeck. Hoje estamos atendendo mais de 3.000 mil pessoas em nossa Secretaria. Foram vários convênios que nos possibilitaram trazer investimentos nunca vistos antes, sem contar as reformas nas quadras e campos dos bairros e reforma dos ginásio de Jafa e Colombani e finalizando o `Gafanhoto´(antigo SESI, saída para Álvaro). Acho que essas conquistas de toda nossa equipe e muito disso graças ao nosso prefeito João Carlos que sempre me deu carta branca e recursos para executar tudo que era necessário. Tudo isso fez com que os que duvidaram no inicio, mudassem de opinião e dessem essa avaliação muito positiva nesse final de gestão.
BM - Vários projetos foram implantados, com muita gente envolvida. Nesse aspecto, o que foi mais difícil, o início ou a manutenção dos mesmos?
JCM - Sem dúvida o inicio, pois eu e o Neto (Gamba, diretor de Esportes) iniciamos praticamente do zero, mas demos sorte também que os professores que contratamos trabalharam muito para ter esse resultado positivo e sou muito grato a eles e também aos servidores da SEJEL que abraçaram nossa idéia e foram fundamentais para esse sucesso. Não posso deixar de falar das outras secretarias que, sempre que precisamos, nos apoiaram e fazem parte de todo esse legado que estamos deixando.
Piso do João Gonzales foi reformado em mais uma ação da SEJEL |
BM - No tocante aos locais recuperados para a prática física/esportiva, quais ficaram à disposição da população. E quais foram inaugurados?
JCM - A lista é grande. Reformamos e estão sendo usados o ginásio Alexandre Colombani, ginásio Dionísio Florentino, em Jafa e tambem reformamos a quadra e o telhado do Ginásio João Gonzales. Reformamos e estão funcionando as quadras dos bairros Eucaliptos, Centenário, Vitor Hugo, Araceli e em Jafa. Construímos o Complexo Esportivo Valdir Tramontini e o Complexo Esportivo Cateto, no Lago. Fizemos uma grande parte da acessibilidade do Complexo Manoel Gouveia Chagas (suiço) e construímos pista de skate no Complexo Valdir Tramontini. Vamos iluminar na próxima semana os dois campos do Complexo Esportivo. Também construímos 4 quadras de areia sendo duas ao lado das piscinas do Centro Esportivo e duas no lago. Reformamos a piscina municipal e está em andamento a reforma do Toyotão, em vila Rebelo.
Wilson Martini: secretário deixou tudo encaminhado para a reforma, inclusive o dinheiro na conta da Prefeitura |
BM - Frederico Platzeck e Wilson Martini. Gostaria que você tecesse comentário sobre essas praças esportivas.
JCM - Wilson Martini já assinamos contrato com a empresa que irá fazer a reforma completa tendo previsão de inicio já em janeiro, pois foi um recurso muito aguardado e que enfim conseguimos trazer pra Garça e já se encontra na conta da Prefeitura. O Frederico Platzeck já é uma obra mais complexa pelo tanto de tempo que está interditado, mas dividimos a obra em duas partes: a primeira era demolir e construir os muros do estádio pois estavam caindo e era a parte mais complicada e, graças a Deus, já está finalizando, e a segunda parte basta a nova gestão finalizar a parte de acessibilidade e acabamento para tirar o AVCB e pedir a desinterdição do local. Foi muito difícil pra mim como ex-atleta de futebol, não ter conseguido entregar essa obra, mas eu preferi estruturar toda SEJEL primeiro, já que era muito necessário.
Flagrante da formação da equipe de kickboxing em competição realizada em Tarumã
BM - Foi bem perceptível que artes marciais mereceram um olhar bastante criterioso da SEJEL. Hoje o que vemos são centenas de praticantes. Foi uma surpresa esse crescimento?
JCM - As artes marciais foram um dos nossos carros chefes com certeza. Claro que o convênio com Estado através do Centro de Formação, ajudou muito esse crescimento, mas eram projetos que existiam em nossa cidade mas nunca tiveram esse apoio. Mas com esse convênio, tudo se tornou maior e com mais recurso para que tivesse esse crescimento todo, além de termos excelentes mestres como Ricardo Wester no jiu jitsu, Thiago Jean no Kickboxing e Adilson na Capoeira. Graças ao trabalho desses mestres, hoje as artes marciais de nossa cidade são conhecidas em nível Nacional. Vale lembrar que estou saindo, mas deixando a renovação desse convênio já garantido para 2025, pois assinamos a prorrogação com o Estado.
Garça participou de vários eventos regionais
BM - Pudemos acompanhar competições regionais com a presença de várias modalidades coletivas e individuais. E isso causou um enorme envolvimento dos pais das crianças, que sempre estiveram prestigiando os jogos tanto em Garça como fora. Isso pode ser considerado uma grande vitória?
JCM - Sem dúvida, esses campeonatos infantis são o grande atrativo de todas competições que criamos, pois além de promover o esporte, proporciona a interação entre crianças de diversas classes sociais e faz cada vez mais eles entenderem que, independente de sua classe social, cor ou religião o trabalho em equipe é a base para ter sucesso. O Campeonato Regional de futsal sub/08, sub/10 e sub/12 que criamos, tem tudo pra se tornar uma competição gigante pois só no primeiro ano já participaram 7 cidades, sendo que outras 5 já demonstraram interesse de participar no próximo ano.
BM - No que o seu lado como ex-atleta profissional de futebol, inclusive tendo defendido um dos melhores times da historia do GFC, lhe ajudou nessa empreitada que, certamente, foi uma grande novidade pra você?
JCM - Costumo dizer que vivi nesses 4 anos uma grande aventura, pois ao mesmo tempo fiz algo que eu já fazia quando nos meus últimos anos como atleta, pois era capitão de um grande clube no nordeste e la a política esta presente no futebol diretamente e eu ajudava muito nessa parte extra campo, como gerir um grupo de atletas, fazer essa contato com a gestão do clube para trazer melhorias para clube, mas confesso que fazer a gestão de uma Secretaria de Esportes foi muito desafiador. Eu sou um cara que tudo que me proponho a fazer quero excelência e o melhor para poder cobrar o melhor também e com isso vivi cada dia aqui na SEJEL. O Neto (Gamba, diretor de Esportes) que sempre falava que eu não parava e era acelerado de mais, rsrs, Então acho que o fato de eu ter sido atleta ajudou muito por conhecer as necessidades das pessoas e dos atletas e meu conhecimento e amizades que fiz durante minha carreira me ajudaram muito no próprio Governo do Estado de São Paulo a trazer vários e vários projetos e convênios pra Garça.
BM - Em termos de organização de campeonatos, vimos competições patrocinadas pela SEJEL sempre com muito equilíbrio e muita gente acompanhando. Todos os eventos obtiveram grande êxito e aprovação. O que foi feito de diferente?
JCM - Nas competições de futebol, primeiro, foi ouvir os envolvidos, dar voz aos chamados clubes menores que de menores não tem nada, pois fazem tanto esforço quanto aos outros e fizemos o básico bem feito que é fazer um Regulamento próprio pra cada idade, além de corrigir algumas regras que estavam sendo feitas de forma errada, premiar os campeões com taças de qualidade e não aquelas coisas feias de 2 metros de altura, que não tem nem onde guardar. E quanto às outras modalidades tentamos dar apoio a todos que nos procuraram buscando um parceria para fazer alguma competição pois acredito muito que as competições são uma forma importantíssima de fomentar a procura por vagas nas aulas. Toda vez que fazíamos algum evento, na semana seguinte aumentava muito a procura por vagas na aulas.
BM - Sempre bati na tecla que o problema quando do encerramento de atividades de alguma equipe, em qualquer campeonato, é devido à falta de renovação de dirigentes. Qual sua opinião sobre isso? O que você acha que deve ser feito para o surgimento de novas lideranças?
JCM - Concordo plenamente, prova disso foi o master que, quando perdeu alguns dirigentes para o supermaster, tivemos uma enorme dificuldade ao fazer o último campeonato. Acho que agora, com a SEJEL montando o suiço livre, novamente tende a, naturalmente, começar aparecer novos diretores que nos próximos anos com certeza já irão migrar lá para o suiço. O grande segredo, ao meu ver, é ir renovando nas idades mais novas, pois, conforme vão ficando mais velhos, vão começando a `subir de categoria.
Arquibancadas cobertas do Platzeck |
BM - Houve algo que poderia ter sido realizado mas, por algum motivo, você não conseguiu fazer?
JCM - Acho que são duas coisas: primeiro foi não ter criado o `bolsa-atleta´, pois com ele não iríamos perder tantos bons atletas pra Marilia, por exemplo. São valores baixos, que dariam pra ajudar em muito nossos atletas; segundo e a mais dolorosa foi não ter conseguido terminar a reforma do Estádio Frederico Platzeck pois eu, mais do que ninguém, sabe o quanto seria importante ter feito essa reforma. Mas o primeiro passo foi dado, basta o próximo gestor terminar.
BM - Muito se pergunta: saindo da SEJEL, o que o secretário Júlio César fará no futuro? Quais as possibilidades?
JCM - Muitos me perguntam isso. Acho que vou curtir minha vida de aposentado do futebol. Estou pensando em montar uma empresa de assessoria de projetos pois foi algo que aprendi muito nesses 4 anos aqui na SEJEL e consegui me aproximar muito de pessoas que mexem com isso e é impressionante como faz muita diferença você saber montar projetos e buscar recursos.
BM - Alguma pergunta que você esperava, não foi feita nessa entrevista?
JCM - Acho que consegui passar tudo que fizemos e que conseguimos melhorar.
BM - Qual suas considerações finais como secretário de Esportes que você gostaria de deixar à comunidade esportiva garcense?
JCM - Primeiro pedir para que o próximo gestor dê continuidade a tudo que está andando bem, pois faz muita diferença na vida dessas pessoas que são atendidas hoje. Também peço para que continuem dando manutenção, principalmente nas praças esportivas dos bairros, pois esse é um serviço que não pode parar pois se ficar 2 anos sem fazer nada, já estraga tudo de novo. E desejar um feliz Natal e um ano de 2025 cheio de conquistas e sucesso a todos. E muito obrigado Marcão, por essa parceria desses anos onde muitos também apostaram que iríamos brigar muito e eu sempre falei da minha admiração por você e por tudo que fez, faz e vai continuar fazendo pelo esporte de nossa cidade. Estarei sempre aqui para o que precisarem de mim.