quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Apoio do BNDES e Prefeitura não banca Itaquerão, e construtora quer empréstimo de R$ 70 milhões



Daniel Tozzi, Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro
Os responsáveis pela obra do Itaquerão ainda não receberam nenhum centavo dos apoios prometidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e pela Prefeitura de São Paulo, mas já sabem de uma coisa: mesmo que tudo o que foi acordado seja cumprido, isso não será suficiente para bancar a construção.
A obra do estádio do jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014 tem custos financeiros que não foram incluídos no orçamento original de R$ 820 milhões. Por isso, o fundo imobiliário formado para levantar a arena já busca um empréstimo de cerca de R$ 70 milhões para garantir que não faltará dinheiro para a construção.
Teoricamente, o financiamento do BNDES e os créditos tributários da prefeitura custeariam 100% da obra do estádio. Dos R$ 820 milhões orçados, R$ 400 milhões viriam do empréstimo do banco estatal e R$ 420 milhões dos chamados CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento) emitidos pelo município.
No entanto, a chegada desses recursos à obra tem demorado mais tempo do que o Itaquerão pode esperar. Algumas operações financeiras foram feitas para adiantar os recursos e outras serão realizadas para custear a construção. Essas operações têm um custo, e será esse custo que terá de ser coberto por um empréstimo extra.
Os bancos que fizeram esses empréstimos (Banco do Brasil e Santander) cobram juros sobre esses empréstimos-ponte. O gasto com isso acaba entrando no custo da obra.O empréstimo vai cobrir, por exemplo, os custos dos dois empréstimos-ponte pegos pela Odebrecht para antecipar o dinheiro do BNDES. Com a demora do financiamento do banco estatal, foi necessário que a construtora procurasse bancos comerciais para adiantar R$ 250 milhões para a construção.
Outro "gasto" que será pago pelo empréstimo extra é o do deságio dos CIDs. Esses créditos, que serão emitidos pela Prefeitura, poderão ser usados para pagamento de impostos municipais só depois que o Itaquerão estiver pronto. A obra do estádio, no entanto, precisa desses recursos já. Por causa da pressa, os construtores do Itaquerão vão ter que abrir mão de parte do benefício.
Quando a Prefeitura repassar parte dos CIDs aos responsáveis pela obra do Itaquerão, eles pretendem vender os certificados a outras empresas para levantarem dinheiro no ato. A empresa que comprar o crédito, porém, não deve pagar 100% do seu valor já que terá de esperar até meados de 2014 para usá-lo. Uma perda com a venda dos CIDs já está prevista nas contas do Itaquerão. Só não se sabe ainda de quanto ela será.
Juntos, o desconto da CIDs da prefeitura e os juros dos empréstimos-ponte devem girar em torno dos R$ 70 millhões. A estimativa foi confirmada pela Odebrecht. "É prevista a necessidade de empréstimo extra. O valor exato deste empréstimo depende do efetivo deságio dos CIDs, mas o valor indicado [R$ 70 milhões] é uma boa referência", informou a construtora ao UOL Esporte.
Ainda segundo a Odebrecht, esse empréstimo já foi discutido com o Banco do Brasil, instituição que deve fazer o repasse dos recursos do BNDES ao Itaquerão. Ela ressaltou também que o crédito será tomado por causa das operações financeiras feitas para garantir a obra, mas não se trata um aumento no custo da estádio.