sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Recordar é Viver: "Waldir Peres, um garcense com o papa João Paulo II"









Por Wanderley `Tico´ Cassolla


“O tempo passa torcida brasileira”, foi um dos mais famosos bordões do narrador Fiori Giglioti, o grande comandante da cadeia verde-amarela nas memoráveis jornadas esportivas, na época de ouro do rádio brasileiro. Já está indo para dois meses do falecimento do amigo e goleiro Waldir Peres, o mais consagrado jogador garcense de todos os tempos.

A medida que o tempo vai passando, estamos recebendo materiais ou pertences do Waldir Peres, como por exemplo, fotos, revistas, vídeos de celulares, camisas de jogos, etc. A última que tivemos acesso, graças ao corintiano Enéas Filho, foram três álbuns com fotografias inéditas, assim como recortes de jornais destacando as monumentais defesas e vitórias no gol do São Paulo, assim como na Seleção Brasileira. Fotos ao lado de grandes jogadores do futebol brasileiro e mundial. E um recorte de jornal nos chamou atenção: quando Waldir Peres se encontrou com o papa João Paulo II, no mês de junho de 1.980. Na época ele era o capitão do São Paulo e presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo, e entregou uma camisa bordada com fio de ouro, com o nome de todos os todos os atletas do São Paulo. “Para mim foi uma sensação emocionante, por esta com o papa pessoalmente, no gramado do Morumbi, onde foi realizada uma missa. O João Paulo II foi um dos maiores papas que tivemos nos últimos tempos. Fiquei muito emocionado por entregar a camisa e beijar o anel dele em cima do palco. Depois o papa me perguntou se eu era jogador de futebol. Falei que era e ele agradeceu o presente”.

A CARREIRA: Como atleta profissional, Waldir Peres, atingiu números que dificilmente (ou nunca) serão batidos por outro conterrâneo. O primeiro título de campeão juvenil foi com o Paulistinha, no ano de 1.965. Depois, foi novamente pelo Garça, no ano de 1.969, no único título do futebol profissional. No ano de 1.970 foi contratado pela Ponte Preta, e três anos depois se transferiu para o São Paulo, se tornou um dos maiores goleiros da história. De 03/11/1.973 à 26/05/1.984, fez 617 partidas (só perde para Rogério Ceni em presenças), com 300 vitórias, 195 empates e 122 derrotas. O primeiro jogo foi contra o Coritiba (empate em 0 a 0) pelo campeonato brasileiro. No último enfrentou o time Café, com vitória de 7 a 1. Ganhou o Brasileiro de 1.977, contra o Atlético/MG, onde teve papel decisivo nas cobranças de pênalti e os Paulistas de 1.975/80 e 81.

Os números de Waldir Peres no tricolor paulista impressionam. Os dados a seguir “tiramos” do site oficial do São Paulo. É o recordista de jogos sem sofrer gol no Morumbi em jogos do brasileirão: 6 jogos, de 13/07/1.974 à 12/10/1.975. É recordista de minutos sem sofrer gol no Morumbi em jogos do Brasileirão: 651 minutos, de 02/06/1.974 à 19/10/1.975. Recordista de jogos sem sofrer gol no Morumbi pelo Paulistão: 76 jogos. Falo sem medo errar: praticamente impossível um outro goleiro do tricolor superar estes números. O goleiro ainda tem o feito de nunca ter sido expulso, recebendo o prêmio Belfort Duarte, entregue pela Confederação Brasileira de Desportos, antecessora à CBF, troféu que poucos jogadores ganharam. 

Na Seleção Brasileira, Waldir Peres estreou no dia 4 de outubro de 1.975, na vitória por 2 a 0 sobre o Peru. Com a Seleção, conquistou a Taça do Atlântico (1.976), Taça Oswaldo Cruz (1.976), Copa Rio Branco (1.976), Copa Roca (1.976) e Torneio Bicentenário USA (1.976). Ainda participou de três Copas do Mundo: na Alemanha em 1.974, na Argentina em 1.978 e na Espanha em 1.982, sendo a última delas como titular. 

Outro recorde que dificilmente será batido foi no lendário Estádio do Maracanã, em jogo do campeonato brasileiro/85, quando era goleiro do Guarani (Campinas), defendeu três pênaltis durante os 90 minutos, em partida dramática contra o Flamengo. Encerrou a carreira no ano de 1.989, no mesmo time o consagrou, a Ponte Preta de Campinas. Depois tentou a vida de técnico, mas não obteve o mesmo sucesso como goleiro.