Por Wanderley `Tico´ Cassolla
“O tempo passa torcida
brasileira”, foi um dos mais famosos bordões do narrador Fiori Giglioti, o grande
comandante da cadeia verde-amarela nas memoráveis jornadas esportivas, na época
de ouro do rádio brasileiro. Já está
indo para dois meses do falecimento do amigo e goleiro Waldir Peres, o mais
consagrado jogador garcense de todos os tempos.
A medida que o tempo vai
passando, estamos recebendo materiais ou pertences do Waldir Peres, como por
exemplo, fotos, revistas, vídeos de celulares, camisas de jogos, etc. A última
que tivemos acesso, graças ao corintiano Enéas Filho, foram três álbuns com fotografias
inéditas, assim como recortes de jornais destacando as monumentais defesas e
vitórias no gol do São Paulo, assim como na Seleção Brasileira. Fotos ao lado
de grandes jogadores do futebol brasileiro e mundial. E um recorte de jornal
nos chamou atenção: quando Waldir Peres se encontrou com o papa João Paulo II,
no mês de junho de 1.980. Na época ele era o capitão do São Paulo e presidente
do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo, e entregou uma
camisa bordada com fio de ouro, com o nome de todos os todos os atletas do São
Paulo. “Para mim foi uma sensação emocionante, por esta com o papa
pessoalmente, no gramado do Morumbi, onde foi realizada uma missa. O João Paulo
II foi um dos maiores papas que tivemos nos últimos tempos. Fiquei muito
emocionado por entregar a camisa e beijar o anel dele em cima do palco. Depois
o papa me perguntou se eu era jogador de futebol. Falei que era e ele agradeceu
o presente”.
A CARREIRA: Como atleta profissional,
Waldir Peres, atingiu números que dificilmente (ou nunca) serão batidos por
outro conterrâneo. O primeiro título de campeão juvenil foi com o Paulistinha,
no ano de 1.965. Depois, foi novamente pelo Garça, no ano de 1.969, no único
título do futebol profissional. No ano de 1.970 foi contratado pela Ponte
Preta, e três anos depois se transferiu para o São Paulo, se tornou um dos maiores goleiros da história. De
03/11/1.973 à 26/05/1.984, fez 617 partidas (só perde para Rogério Ceni em
presenças), com 300 vitórias, 195 empates e 122 derrotas. O primeiro jogo foi
contra o Coritiba (empate em 0 a 0) pelo campeonato brasileiro. No último
enfrentou o time Café, com vitória de 7 a 1. Ganhou o Brasileiro de 1.977, contra
o Atlético/MG, onde teve papel decisivo nas cobranças de pênalti e os Paulistas
de 1.975/80 e 81.
Os
números de Waldir Peres no tricolor paulista impressionam. Os dados a seguir
“tiramos” do site oficial do São Paulo. É o recordista de jogos sem
sofrer gol no Morumbi em jogos do brasileirão: 6 jogos, de 13/07/1.974 à
12/10/1.975. É recordista de minutos sem sofrer gol no Morumbi em jogos do
Brasileirão: 651 minutos, de 02/06/1.974 à 19/10/1.975. Recordista de jogos sem
sofrer gol no Morumbi pelo Paulistão: 76 jogos. Falo sem medo errar: praticamente impossível um outro goleiro do
tricolor superar estes números. O goleiro ainda tem o feito de nunca ter sido
expulso, recebendo o prêmio Belfort Duarte, entregue pela Confederação
Brasileira de Desportos, antecessora à CBF, troféu que poucos jogadores
ganharam.
Na Seleção Brasileira, Waldir Peres estreou no dia 4 de outubro de 1.975,
na vitória por 2 a 0 sobre o Peru. Com a Seleção, conquistou a Taça do
Atlântico (1.976), Taça Oswaldo Cruz (1.976), Copa Rio Branco (1.976), Copa
Roca (1.976) e Torneio Bicentenário USA (1.976). Ainda participou de três Copas
do Mundo: na Alemanha em 1.974, na Argentina em 1.978 e na Espanha em 1.982,
sendo a última delas como titular.
Outro recorde que dificilmente será batido
foi no lendário Estádio do Maracanã, em jogo do campeonato brasileiro/85, quando
era goleiro do Guarani (Campinas), defendeu três pênaltis durante os 90 minutos, em partida dramática
contra o Flamengo. Encerrou a carreira no ano de 1.989, no mesmo time o
consagrou, a Ponte Preta de Campinas. Depois tentou a vida de técnico, mas não
obteve o mesmo sucesso como goleiro.