Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Não foi fácil, mas finalmente encontramos o Valter Donizeti Hilário do Nascimento, o “Nenão”, campeão amador da temporada de 1975 pelo ótimo time do Frigus. O Nenão, que andou um bom tempo morando e trabalhando fora, agora está novamente residindo em nossa cidade. O Nenão é filho do sempre lembrado Juvenal “Barbeiro”, um dos treinadores mais famosos e lendários do futebol amador e também do Garça FC na década de 70.
Nascido em Guarantã, próximo de Lins, o Nenão chegou em Garça ainda criança, com seus 4 anos. Pouco tempo antes, a sua família foi tentar a sorte em São Paulo. Infelizmente não deu certo. Não restou alternativa senão voltar para o interior. Foram morar na Fazenda Igurê, na casa dos avós. Ali o `seo´ Juvenal trabalhava de barbeiro. Só que pensou melhor e decidiu trabalhar na cidade. O começo não foi fácil, pois vinha a pé desde a fazenda. Tempos depois mudou em Vila Manolo, onde foram morar numa casa ao lado campo da vila, onde o time do Real mandava seus jogos.
Ali, num campo de terra, o Nenão começava a curta carreira no futebol. Começou no dente de leite, comandado pelo professor Rui Pinheiro, nos campeonatos realizados no Garça Tênis Clube. Disputou o certame regional da categoria no ano de 1970. Apesar de bem jovem jogou no La Plata, outro time da Vila Manolo. Ainda defendeu o Frigus, Transribas e Casa Ipiranga.
Mas foi no Frigus que o Nenão viveu a melhor fase. Atacante canhoto, ponta esquerda, batia bem na bola. Além do que, tinha um portentoso chute nas cobranças de faltas. Na época, o técnico do Frigus era o Juvenal “Barbeiro”, pai do Nenão.
O Frigus foi campeão da temporada de 1975. A final do campeonato foi contra o forte time do Ipiranga. Segundo o Nenão, foi um dos jogos mais difíceis que disputou. Ele lembra com detalhes: “O campo do Garça estava lotado de torcedores. Eu comecei na ponta esquerda, uma pouco mais recuado. Se tomássemos um gol, dificilmente conseguiríamos empatar. Meu pai mandou ficar mais na marcação. O Ipiranga era forte. No tempo normal empate em 0 a 0. Aí veio a prorrogação, também disputadíssima. Jogamos bem fechados, e novamente 0 a 0. Na disputa por pênaltis, o Frigus ganhou de 5 a 4 e foi campeão pela primeira vez do Amador.”
No ano seguinte, o Ipiranga reverteria, sendo campeão justamente em cima do Frigus. Em 1977, o Frigus voltava a ser o rei da várzea, conquistando o bi-campeonato amador.
Veja uma das formações do Frigus, no campeonato amador de 1975. Em pé, da esquerda para direita: Juvenal “Barbeiro” (treinador), Jair Proença, Fucinho, Bitika, Buião, Natal, Rildo e Vardinho; agachados: Berto Nico, Chiclé, Tonho, Jurandir, Nenão e Ari Euzébio (massagista). Apesar da insistência do pai/técnico Juvenal “Barbeiro”, que botava fé no seu futebol, ele optou por não jogar mais pra valer, em ritmo de competição. O futebol era só um momento de diversão. Preferiu continuar trabalhando no Frigus, e fez carreira como gerente de vários frigoríficos, nas cidades de Rancharia, Catalão (Goiás), Campo Grande/MS, Maringá/PR, Blumenau/SC, Arapongas/PR, e até mesmo no Paraguai. Aposentou-se no ano de 2.010 e retornou para Garça em 2.014.
Recentemente encontramos o Nenão, irmão dos saudosos Walmir, o Nezinho (um dos fundadores do Vimec em 1977), e do Vilson, o conhecido Batata, campeão amador com o Salec em 1.980, acompanhados do Polaco (foto) e Cirsão (foto acima), que jogaram juntos com ele no Frigus.
Durante a resenha o Nenão deu sua opinião sobre o atual estágio do futebol brasileiro: “o Brasil Ficou pra traz faz tempo, não evoluiu. Muitos craques jovens vão jogar no exterior. Com isto os times brasileiros vão se enfraquecendo”.
O seu ídolo no futebol é o Admir Antônio França, o “Grilo”, que jogou no Garça no começo dos anos 70. Ambos também jogaram juntos no Frigus. E acrescenta: “ O Grilo era um jogador completo, habilidade em campo e visão de jogo. Merecia ter jogado num time grande”.
Atualmente o Nenão vem enfrentando problemas de saúde, tudo por conta da diabetes, que lhe causou problemas de visão. Também tem dificuldades para se locomover. Mas está em tratamento médico, precisará usar uma prótese para andar, e continua esperançoso numa cirurgia, para voltar a enxergar novamente.