Wanderley `Tico´ Cassolla
No começo dos anos 70, o Garça teve dois grandes centroavantes que depois foram jogar no MAC e fizeram sucesso: Itamar Belasalma e Valdeir Vicente da Costa, o “Pulga”, dois jaquetas 9, artilheiros natos.
No ano de 2019, decorridos quase cinquenta anos, nossa cidade revela um outro atacante, ou melhor, uma atacante: Ana Júlia Marinho Borba, a “Juju”, que está jogando na equipe do Marília feminino. Com apenas 23 anos, a jovem garcense vem se destacando, marcando gols e mais gols.
No ano passado o Marilia foi campeão da Divisão Especial Amador – Série A-2 -, vencendo todos os jogos que disputou. A Juju foi a artilheira do campeonato, com 7 gols em 10 partidas. Convenhamos um ótimo desempenho. Com o título, o Marilia conseguiu o acesso e neste ano está disputando o Paulistão Feminino Sicredi, ou seja, a elite do futebol. Será mais um novo desafio para o Marilia, e também para a Juju, que enfrentará os grandes times: São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos, Ferroviária de Araraquara, dentre outros. Uma grande oportunidade para mostrar todo o seu talento e faro de gol, no melhor campeonato estadual feminino do Brasil.
A estreia do Marilia foi na noite da última quarta-feira, no “Abreuzão”, quando perdeu para o time Realidade Jovem, de São José do Rio Preto, pelo placar de 4 a 0. A Juju não jogou por estar entregue ao departamento médico (vide abaixo). No próximo sábado o Marília, terá um páreo duro como adversário, o Santos, na Vila Belmiro. Será o jogo das Sereias x Tigresas.
Participam do campeonato 11 times, que se enfrentarão em turno único: Corinthians, Ferroviária de Araraquara, Marilia, Palmeiras, Bola Mágica-Ferroviária de Pindamonhangaba, Realidade Jovem de São José do Rio Preto, São Paulo, Red Bull Bragantino, Santos, São José SAF de São José dos Campos e Taubaté. Os 4 melhores classificados avançam à próxima fase, disputada no sistema de “mata-mata”.
O ânimo no time mariliense é dos melhores, desde a Comissão Técnica até as jogadoras. Todos estão conscientes das “pedreiras” que terão pela frente, ao mesmo tempo estão empolgadas de participar do Paulistão Feminino pela primeira vez. Além é claro, de ter a oportunidade de sempre aprender mais, enfrentando as melhores jogadores do futebol brasileiro, muitas delas “estrelas”, com passagens na seleção canarinho e no futebol internacional.
A CARREIRA: A garcense Juju começou a jogar bola com apenas 8 anos. Pertence a uma tradicional família de esportistas, o incentivo vem do pai Kim, passa pelos primos, em especial o Dolão e do tio Betinho Marinho, um atacante bom de bola. Aqui em Garça jogou no futsal e nas escolinhas da SEJEL, sempre se destacando como goleadora implacável. Não somente no âmbito local, como nas disputas regionais, futsal da TV. Record e outras competições, faturando o troféu de artilheira.
Com isto no ano de 2018 foi jogar em Ourinhos, novamente brilhando naquela cidade. Até que no ano de 2019 acabou indo para Marilia. Passou a jogar futsal também. Os técnicos Vinícius e Marinho (futsal), notaram um grande potencial. Aos poucos foi aprimorando suas qualidades técnicas nas duas modalidades.
Como o futebol feminino no Brasil está em fase de profissionalismo, recebe uma ajuda de custos para se manter. E ganha bolsa de estudo, com isto está cursando Educação Física na Unimar, devendo se formar no final do ano.
A Juju ainda é dúvida para disputar o campeonato. Durante os treinamentos sofreu uma lesão de LCA/Ligamento Cruzado Anterior e está em tratamento intensivo. Após avaliações médicas, o caminho indica a cirurgia para o começo do próximo mês. Se de fato isto acontecer, o tempo de recuperação é estimado entre 4 a 6 meses. A nossa torcida é que volte logo e seja a primeira mulher garcense a disputar um campeonato feminino oficial, promovido pela Federação Paulista de Futebol.
Cheia de esperança, a Juju segue em tratamento intensivo. Não vê a hora de voltar a jogar e principalmente marcar gols. Até porque a sua meta principal é defender um time grande aqui do Brasil, talvez no exterior, onde o futebol feminino é melhor e mais organizado. Quem sabe um dia envergar a camisa da Seleção Brasileira.
Para isto se espelha em Ronaldo, o seu ídolo no futebol, que sofreu serias lesões na carreira, mas sempre se recuperava e voltava balançar as redes adversárias.
COPA NO BRASIL: A realização da Copa do Mundo Feminina no Brasil no ano de 2027, entre os dias 24 de junho a 25 de julho será, sem sombra de dúvidas, o maior incentivo para o fortalecimento do futebol feminino brasileiro. Será a 10ª edição do mundial promovido pela FIFA. Nas edições realizadas, os Estados Unidos tem 4 títulos (1991, 1999, 2015 e 2019), Alemanha 2 (2003 e 2007), Noruega (1995), Japão (2011) e Espanha (2023), 1 título cada.
O ânimo e empolgação entre todas as atletas ficou evidente nas entrevistas que estão concedendo. E não foi diferente no elenco mariliense. Como bem nos disse a Juju: “Creio que será um sonho de todas as meninas disputar uma Copa do Mundo no Brasil, com certeza uma grande conquista para nós mulheres”