Por Wanderley `Tico´ Cassolla
No
final do ano passado, encontrei o Flávio José Vieira, nas ruas da cidade, ele
me parou e falou: “Tico, no próximo encontro dos corintianos, eu quero estar
presente. Vê se você e o Enéas (organizador) me chamam. Pô, sou um
fiel corintiano, do bando de loucos, e quero estar presente”.
Respondi: “Flávio,
você já está escalado!”. Ele continuou: “Sou um apaixonado pelo Timão, desde os
tempos de Rivelino, Sócrates, Casagrande, Zenon, Wladimir, Biro-Biro, Ronaldo
Fenômeno, e vários outros. Acrescentei: “Flávio, na próxima conquista faremos
outra festança”. Uma pena que o “Timão” já não é mais o mesmo e nada de
títulos. Só que não deu tempo. Na última terça feira o Flávio nos deixou de
forma trágica e violenta. Um duro golpe que chocou toda comunidade garcense. Difícil
de acreditar. Meu Deus, quanta maldade! Como bem disse sua filha Simone: “Ele não merecia
acabar assim. Mas são propósitos de Deus que nunca entenderemos”.
Convivi
com o Flávio muitos anos. Tal como eu, ele gostava do futebol. Não lembro dele
jogando. Mas adorava assistir jogos do Amador e do Garça no “Platzeck”. Também
tinha uma ótima memória para “discutir” futebol, times, escalações e
“comentários”. Como um grande esportista colaborou com os times do amador,
doando materiais, bolas (no flagrante com o esportista Carlinhos, do
Cavalcante/SEC).
Com um coração pra lá de benevolente, também ajudava as nossas
instituições de caridades, clubes de serviços, pessoas do povo, os mais
humildes. Rifas então, nem se fala. Isto tudo no anonimato. Pouca gente sabia.
Não gostava de se aparecer. Numa ocasião quando eu e o Abegar promovemos o
encontro dos ex-jogadores do Garça, estava difícil comprar bebidas para
recepcioná-los. O Flávio ficou sabendo, me procurou e disse: “Tico, vou dar pra
vocês uma caixa de cerveja e refrigerantes. Podem pegar e manda receber na
lotérica”. Eternamente agradecido. Este era o jeito Flávio de ser. Uma pessoa
do bem, que merecia viver mais tempo entre nós, distribuir mais alegria e solidariedade.
Poderia falar muitas outras coisas boas dele, o espaço é pequeno. Mas, com a
permissão da sua filha Simone, reproduzo partes da mensagem postada na
net.
“Não tem como descrever a dor que estamos sentindo
nesse momento, é tudo muito difícil. Eu, minha mãe Elenice, meus irmãos Arthur
Vieira, Flávio Vieira, Luiz Gustavo e toda a família, estamos tentando nos
apegar aos momentos bons que tivemos com meu pai, que foram muitos. Ele era uma
pessoa muito iluminada, muito pura, alegre e é desse jeito que vamos
lembrar dele sempre. Eu sempre tive a imagem do meu pai, como um ser
indestrutível. Ele era forte, corajoso, enfrentava tudo. Para mim nada nunca ia
acontecer com ele, eu sempre falava que ele só iria nos deixar por ter seus 130
anos e olha lá, porque nada ia acontecer com ele antes disso. Ele sempre tinha
uma palavra positiva, sempre tinha um consolo, a nossa força sempre veio dele.
Assim como a nossa alegria também. Nossas festas eram cheias de música animada
e muita dança, era disso que ele gostava. Ele sempre nos fazia rir, sempre
dançava, brincava com todo mundo. Tenho certeza que aonde ele estiver, é assim
que ele estará. Ficamos impressionados com o tanto que ele era querido, o tanto
de gente que foi se despedir e agradeceu por alguma ajuda que ele deu, todos
tinham uma história para contar dele."
"Meu pai era muito bondoso, tinha um coração enorme, pensava mais nos outros do que nele mesmo. Não merecia acabar assim. Mas são propósitos de Deus que nunca entenderemos. Ele vai fazer muita falta como pai, marido, irmão, tio, amigo e pelo que ele significava para cada um de nós. Tenho certeza que meu pai está em paz e em bom lugar. Major, você sempre será lembrado com esse sorriso. Vamos te amar eternamente”. É Flávio, você nos deixou de forma antecipada. Na nossa comemoração de um próximo título corintiano, com certeza você estará entre nós, reforçando no coro “Timão, eô, Timão, eô. É campeão, É campeão”.
Para você meu
nobre amigo Flávio, rendo-lhe minhas homenagens, recordando a
celebre frase do Fiori Giglioti, eterno locutor esportivo da Rádio
Bandeirantes: “o Flávio da Lotérica “subiu” e foi falar de futebol lá no céu.
Mas ficará por todo o sempre incrustado no carinho, no coração, na ternura e na
sinceridade do nosso cantinho da saudade”.