Por Wanderley `Tico´ Cassolla
No último dia 7, foi
comemorado o Dia do Radialista. Apesar de um pouco atrasado, não poderíamos
deixar passar em branco esta data, assim como prestar uma homenagem ao
ex-radialista Benedito Varoneli.
Como sempre me dizia o
“ex-becão” Ari Lima, do Garça FC: “falar naquela latinha não é fácil não. Tem
que saber e ter conhecimento, além de responsabilidade”. Uma profissão difícil,
que exige dedicação máxima. O homem do rádio presta um grande serviço de
utilidade pública. A notícia não para, acontece a todo momento. E lá estão
eles, com a informação precisa e “em cima do lance”. Seja um aviso de utilidade pública, um furo
de reportagem em primeira mão, ou nos entretenimentos.
E o que seria do futebol se não tivesse o rádio. Com
certeza não teria o mesmo glamour que tem. Apesar do avanço da tecnologia,
internet, o rádio continua líder e com audiência única, levando sonhos e
emoções aos ouvintes. Por tradição, Garça sempre revelou e teve excelentes
profissionais na área do rádio, que fazem (ou fizeram) sucessos em nível local,
regional, nacional e internacional.
Falar o nome de todos seria impossível.
Então escolhemos o “não tanto corintiano” Benedito Varoneli, ou “Benê
Varoneli”, que marcou época em nossos microfones nos anos 70/90. Tudo graças
aquele “vozeirão” grave, tão marcante nos radialistas de antigamente. Uma
paixão que vem do nascimento em Pirajuí, e desde que aqui chegou, ainda bebê de
colo. Escolheu Garça e não saiu mais.
Os primeiros contatos com os microfones
foram no serviço de som “A Voz de Garça”, que ficava em cima da antiga Estacão
Rodoviária (hoje Lojas Cem). O convite veio dos eternos amigos Nilson Bastos
Bento e seu pai João Bento, responsáveis pelo serviço de som. Era ali que a
moçada fazia o “footing” à noite, na Praça Pedro de Toledo, após uma sessão no
Cine São Miguel. A música nos discos vinil “LP”, embalava os jovens enamorados
da época. Não demorou muito e o Benê foi convidado para trabalhar na Rádio Clube de Garça. E fez
história.
Quem não se lembra do programa apresentado todas as noites “Músicas
para ouvir baixinho”, que terminava pontualmente à meia noite? Um programa
ouvido em toda a região. Com isto recebeu convite e aceitou trabalhar na Rádio
Clube de Marília, do amigo Wilson Matos, Rádio Verinha e Rádio Dirceu de
Marília. De volta à nossa cidade ainda trabalhou na Rádio Universitaria, do
José Abrão. Benê, é um excelente músico, seja no violão ou no cavaquinho. Da
sua época faz questão de enaltecer alguns ícones do rádio garcense, destacando
Clodoaldo Serzedelo, Alfeu Stoque, José Nello Marques, João Colombani, Tadeu de
Brito, Zancopé Simões, além do Nilson Bastos Bento, este o “Pelé” dos
microfones. O rádio nunca foi a atividade principal do Benê, paralelamente
exerceu outras atividades, trabalhou na Prefeitura, Padaria do Takiuti, Frigus,
e por último no SAAE/Serviço de Águas, quando atingiu a merecida aposentadoria.
Mas os fatos e causos do
rádio ainda não saem de sua memória. Um em especial. No começo dos anos 70,
quando trabalhava em São Paulo, estava num posto de gasolina, com seu violão
cantando sucessos musicais da época, do Nelson Gonçalves e Demônios da Garoa.
Até que um senhor parou para abastecer o seu Fuscão, e ficou encantando com o
jovem cantor. Ao se aproximar, não só o cumprimentou, como fez um convite para
ir trabalhar com ele. Este senhor era nada mais, nada menos, que o Zé Béttio,
uma verdadeira lenda do rádio brasileiro. O Benê chegou a se apresentar na
Rádio Record em várias ocasiões. Faltou pouco para deslanchar na carreira de
cantor. Também recorda com saudades da época que acompanhou o time de Veteranos
do Garça: Benê (cavaquinho), Joãozinho da Banda (este um verdadeiro artista no
sopro e no pandeiro), Piola Bombeiro (surdo) e Dr. Romeu (timba). Era show
dentro e fora dos gramados.
DOSE DUPLA? Você sabia que o Dia do Radialista é
comemorado em duas datas? 21 de setembro ficou conhecida no
meio radiofônico como Dia do Radialista, porém uma lei alterou a data de
comemoração oficial da categoria, passando para 7 de novembro. A história do
Dia do Radialista teve início em 1.943, no Governo Getúlio Vargas. O então
presidente sancionou uma Lei com a qual fixava um piso salarial, ou remuneração
mínima para os profissionais da categoria. Com
uma mudança imposta pela lei 11.327, de 24 de julho de 2.006, no governo do
presidente Lula, os radialistas passaram a ter duas datas para comemorar, além
do tradicional Dia do Rádio (25 de setembro). O dia 21 de setembro virou uma
data simbólica e 7 de novembro a oficial. A mudança aconteceu em decorrência a
uma homenagem ao músico e radialista Ary Barroso, que nasceu no dia 07 de
novembro de 1.903. Os radialistas ainda comemoram o Dia Mundial do Rádio,
celebrado internacionalmente no dia 13 de fevereiro.