quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Recordar é Viver: "Benê Varonelli e o Dia do Radialista"












Por Wanderley `Tico´ Cassolla


No último dia 7, foi comemorado o Dia do Radialista. Apesar de um pouco atrasado, não poderíamos deixar passar em branco esta data, assim como prestar uma homenagem ao ex-radialista Benedito Varoneli. 

Como sempre me dizia o “ex-becão” Ari Lima, do Garça FC: “falar naquela latinha não é fácil não. Tem que saber e ter conhecimento, além de responsabilidade”. Uma profissão difícil, que exige dedicação máxima. O homem do rádio presta um grande serviço de utilidade pública. A notícia não para, acontece a todo momento. E lá estão eles, com a informação precisa e “em cima do lance”.  Seja um aviso de utilidade pública, um furo de reportagem em primeira mão, ou nos entretenimentos. 

E o que  seria do futebol se não tivesse o rádio. Com certeza não teria o mesmo glamour que tem. Apesar do avanço da tecnologia, internet, o rádio continua líder e com audiência única, levando sonhos e emoções aos ouvintes. Por tradição, Garça sempre revelou e teve excelentes profissionais na área do rádio, que fazem (ou fizeram) sucessos em nível local, regional, nacional e internacional. 

Falar o nome de todos seria impossível. Então escolhemos o “não tanto corintiano” Benedito Varoneli, ou “Benê Varoneli”, que marcou época em nossos microfones nos anos 70/90. Tudo graças aquele “vozeirão” grave, tão marcante nos radialistas de antigamente. Uma paixão que vem do nascimento em Pirajuí, e desde que aqui chegou, ainda bebê de colo. Escolheu Garça e não saiu mais. 

Os primeiros contatos com os microfones foram no serviço de som “A Voz de Garça”, que ficava em cima da antiga Estacão Rodoviária (hoje Lojas Cem). O convite veio dos eternos amigos Nilson Bastos Bento e seu pai João Bento, responsáveis pelo serviço de som. Era ali que a moçada fazia o “footing” à noite, na Praça Pedro de Toledo, após uma sessão no Cine São Miguel. A música nos discos vinil “LP”, embalava os jovens enamorados da época. Não demorou muito e o Benê foi convidado para  trabalhar na Rádio Clube de Garça. E fez história. 

Quem não se lembra do programa apresentado todas as noites “Músicas para ouvir baixinho”, que terminava pontualmente à meia noite? Um programa ouvido em toda a região. Com isto recebeu convite e aceitou trabalhar na Rádio Clube de Marília, do amigo Wilson Matos, Rádio Verinha e Rádio Dirceu de Marília. De volta à nossa cidade ainda trabalhou na Rádio Universitaria, do José Abrão. Benê, é um excelente músico, seja no violão ou no cavaquinho. Da sua época faz questão de enaltecer alguns ícones do rádio garcense, destacando Clodoaldo Serzedelo, Alfeu Stoque, José Nello Marques, João Colombani, Tadeu de Brito, Zancopé Simões, além do Nilson Bastos Bento, este o “Pelé” dos microfones. O rádio nunca foi a atividade principal do Benê, paralelamente exerceu outras atividades, trabalhou na Prefeitura, Padaria do Takiuti, Frigus, e por último no SAAE/Serviço de Águas, quando atingiu a merecida aposentadoria.

Mas os fatos e causos do rádio ainda não saem de sua memória. Um em especial. No começo dos anos 70, quando trabalhava em São Paulo, estava num posto de gasolina, com seu violão cantando sucessos musicais da época, do Nelson Gonçalves e Demônios da Garoa. Até que um senhor parou para abastecer o seu Fuscão, e ficou encantando com o jovem cantor. Ao se aproximar, não só o cumprimentou, como fez um convite para ir trabalhar com ele. Este senhor era nada mais, nada menos, que o Zé Béttio, uma verdadeira lenda do rádio brasileiro. O Benê chegou a se apresentar na Rádio Record em várias ocasiões. Faltou pouco para deslanchar na carreira de cantor. Também recorda com saudades da época que acompanhou o time de Veteranos do Garça: Benê (cavaquinho), Joãozinho da Banda (este um verdadeiro artista no sopro e no pandeiro), Piola Bombeiro (surdo) e Dr. Romeu (timba). Era show dentro e fora dos gramados. 

DOSE DUPLA? Você sabia que o Dia do Radialista é comemorado em duas datas?  21 de setembro ficou conhecida no meio radiofônico como Dia do Radialista, porém uma lei alterou a data de comemoração oficial da categoria, passando para 7 de novembro. A história do Dia do Radialista teve início em 1.943, no Governo Getúlio Vargas. O então presidente sancionou uma Lei com a qual fixava um piso salarial, ou remuneração mínima para os profissionais da categoria. Com uma mudança imposta pela lei 11.327, de 24 de julho de 2.006, no governo do presidente Lula, os radialistas passaram a ter duas datas para comemorar, além do tradicional Dia do Rádio (25 de setembro). O dia 21 de setembro virou uma data simbólica e 7 de novembro a oficial. A mudança aconteceu em decorrência a uma homenagem ao músico e radialista Ary Barroso, que nasceu no dia 07 de novembro de 1.903. Os radialistas ainda comemoram o Dia Mundial do Rádio, celebrado internacionalmente no dia 13 de fevereiro.