Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Continuamos
recordando os jogadores que chegaram a presidente do Garça. Na coluna anterior,
começamos com o ex-meio campista Celso Felipe de Souza, o Celsinho, o atual
mandatário do Garça AC. A próxima semana será com ex-atacante Rodolfo Devito.
Hoje será a vez não um jogador, mas do mascote do Garça Esporte Clube, na
década de 50. O destaque vai para Antonio “Biga” Marangão, que de mascote na
década de 50, virou presidente no ano de 1.984. Também vamos falar do seu lado
jogador, do futebol de salão (futsal) ao varzeano.
O Garça FC foi fundado no
dia 15 de fevereiro de 1.965, tendo como presidente o esportista Antonio
Alexandre Marques. A partir daí viveu uma das melhores fases, até que no final
dos anos 70 encerrou as atividades. Retornou com tudo no ano de 1.984, graças a
dedicação, empenho e competência do presidente “Biga” Marangão, aquele mascote
de mais de 34 anos atrás. Uma situação, digamos inédita, para nós que
acompanhamos o futebol de longa data. Será que existe outro caso igual?
Pois bem, o palmeirense
“Biga” Marangão montou um time forte e competitivo, trazendo grandes jogadores,
como o goleiro Carlos Alberto, Canhoto, Airton Rocha, Albino, João Luiz,
Botinha, Arengui, etc. O resultado não poderia ter sido melhor: vice-campeão da
3ª Divisão em 1.984, e o acesso para a divisão superior. Vale lembrar que o
campeão foi o Capivariano, que ganhou do Garça, na cobrança de pênaltis, na
decisão disputada em Jaú. Na foto, “Biga” Marangão e o dirigente Washington
“Cateto”Araujo, recebendo o troféu na sede da Federação Paulista de Futebol.
Estranhamente o cobiçado troféu está desaparecido.
O Garça viveu grandes
momentos. Quando jogava no “Platzeck” ficava lotado de torcedores. Bons
momentos que jamais serão esquecidos. Na época sempre conversava com o “Biga”
Marangão. Ele entusiasmado, falava que estava realizando um sonho de infância.
Adorava assistir jogos do Garça, no Campo de Vila Williams, quando admirava o
trabalho do diretor Manoel Joaquim Fernandes, o Manolo”. Assim como era fã dos
craques do passado, citando Altamiro Gomes, Carlito, Martin Carvalho,
Paraguaio, Ceci, Liquinho, e tantos outros. Era um time que dava gosto ver
jogar. Um futebol romântico, com espetáculo à parte.
Veja a foto histórica do
Garça e seu ilustre mascote. Em pé da esquerda para direita: Máximo, Dias, Doleite, Coutinho, Tão Acorinte
e Basílio; Agachados: Garcia, Carlito, Paraguaio, Ceci e Evaldo. Ao fundo (a esq.), o início da construção do Hospital São Lucas.
Avançando para o ano de
1.984, quem não se lembra do primeiro jogo noturno do Garça, contra o
Taquaritinga, O presidente “Biga” Marangão, trouxe (e bancou) os lendários
craques, Ademir da Guia, César Maluco (ex-Palmeiras) e Ivair, “o príncipe” da
Portuguesa, para jogar no novo time do “Azulão”. Uma noite inesquecível e
vitória do Garça, por 1 a 0, gol do Araújo.
Mesmo envolvido com o
Garça, o “Biga” Marangão, ajudava paralelamente o esporte amador. Lembro que
numa ocasião forneceu o uniforme para todos os times do campeonato rural. No
futebol citadino doou prêmios aos campeões, desde troféus, bolas, até terreno e
moto. E com seu “jeitão simples” jamais negava algo para os times que o
procuravam. Uma pena ter falecido no início do ano de 2016.
BIGA JOGADOR: Como bom brasileiro, na
juventude o “Biga” Marangão também tentou ser um jogador de futebol. No futebol
de salão jogou pelo Banco Português do Brasil, onde era funcionário, um torneio
entre os bancários. No ano de 1.963
resolveu disputar o varzeano pelo recém time do Municipal.
Veja a formação, em
pé da esquerda para direita: Nelson Semenssato, Serginho Zancopé, José Luiz, Carlos, Nena e Motroni; agachados: Nobuo, Milton, Luiz Helder “Alemão” Bosquê, Serginho e “Biga”
Marangão. No campeonato marcou um gol antológico, diante do Guarani, campeão
daquela temporada. Quem sempre me contava o lance era o Nelsinho Semenssato,
capitão do Municipal. O prélio foi no campo de Vila Williams. Era 45 minutos do
segundo tempo, e estava 0 a 0. Até que o ponta Nobuo sofreu falta. A barreira
foi formada. Ao apito do juizão, o “Biga” saiu correndo em direção a bola,
antecipou o Alemão (cobrador oficial), e bateu forte de esquerda. “Um `canudo´,
a bola entrou no ângulo e ficou grudada na rede. Ganhamos de 1 a 0. Jamais vou
esquecer este gol e a vitória. Acredito que foi o único que marcou na carreira".
Ainda segundo o Nelsinho, desde então ele já demonstrava liderança no time, era
mais dirigente do que jogador. E eu concluo: “se hoje tivéssemos um “Biga”
Marangão no comando do Garça, com certeza o futebol profissional estaria
fazendo bonito no interior paulista, para alegria de todos os torcedores
garcenses”.