Por Wanderley `Tico´ Cassolla
O grande time do Garça, da temporada de 1.971,
sofreu mais um desfalque. Faleceu na última sexta feira (9), na cidade de São
Paulo, onde estava residindo, o meio campista Hélio de Souza, o Helinho (foto),
aos 71 anos, de causas desconhecidas. Ele fez parte daquele memorável “Azulão”,
que está entre os melhores times já montados na cidade em todos os tempos.
Helinho havia perdido a esposa há cerca de um mês e desde então andava bem
entristecido.
Helinho chegou contratado no começo do ano,
juntamente com o Bô, ambos vindos do Linense e logo tornaram titulares
absolutos. Com um porte físico privilegiado, Helinho era incansável no meio de
campo. Fazia dupla com o Plínio Dias, alternando na posição de volante. Na
época era comum os times atuarem na formação 4-2-4. Só que o Helinho jogava
mais avançado, pois tinha melhor
finalização, aliado a um chute portentoso, seja com a bola rolando ou na
cobrança de falta. Carinhosamente era apelidado pelos companheiros de “Helinho
Boi”, pelos torcedores de “Patada Atômica”, graças ao poderoso chute, numa
alusão ao craque Rivelino, tri-campeão mundial na Copa do México em 1.970.
Dos jogadores do Garça FC, o Helinho foi o que teve
a “maior bomba” nos pés, seguido do Teotônio, Itamar Belasalma e Celso
Travençolo.
Vamos recordar o Garça, de 1.971. Em pé da esquerda
para direita: Plínio, Ari Lima, Tuta, Lula, Bô e Abegar; agachados: Davi,
Cláudio Belon, Osmar Silvestre, Itamar Belasalma e Helinho “Boi”.
Este time foi campeão da “Série Arthur Friedenreich”
do Campeonato da 1ª Divisão e ganhou o direito de disputar a final no Parque
Antártica em São Paulo. Era para ser um quadrangular, mas teve um rolo extra
campo e aconteceu um pentagonal, com o Garça, SAAD, Catanduvense, MAC e Rio
Preto. O campeão foi o MAC, que garantiu o acesso na principal divisão
paulista.
Tendo boa participação nas finais, Helinho já foi
contratado pelo MAC para disputar o “Paulistão” em 1.972, onde ficou por três
anos. O time de maior projeção que defendeu foi o Corinthians entre os anos de
1.975 e 76.
Em toda a carreira, Helinho ainda jogou no Linense, SAAD, Ferroviária de Araraquara, Ponte, Santa Cruz e Colorado, do Paraná, onde no ano de 1.980 parou com o futebol profissional.
No alvinegro do Parque São Jorge, segundo o “Almanaque do Corinthians”, de Celso Unzelte, Helinho disputou 55 jogos, alcançando 24 vitórias, 16 empates e 15 derrotas e marcou 2 gols. Um deles, em cima do conterrâneo Waldir Peres, goleiro do São Paulo, talvez o maior importante da sua carreira. Veja no outro flagrante, Helinho envergando a camisa corintiana, em pleno Maracanã, contra o flamengo, com o craque Zico, caído no chão.
GOLS INCRÍVEIS: No dia 07 de março de 1.976, jogaram no Parque Antártica, Corinthians x São Paulo, no derby da capital, que ficou conhecido como o “clássico dos frangos”. Os dois goleiros Waldir Peres (SP) e Tobias, foram os destaques negativos e tomaram verdadeiros “perus”. Aos 30 minutos do 1º tempo, falta para o Corinthians, quase que da intermediária, Helinho ajeitou foi soltar a “bomba”. Saiu um tiro “xôxo”, mesmo assim passou por entre as pernas de Waldir Peres e entrou no gol. O Corinthians acabou vencendo o Tricolor pelo placar de 3 a 2.
Já o outro gol aconteceu em Garça, assim que foi
contratado. Quem nos contou foi o ex-lateral Abegar. O lance foi no jogo
amistoso contra a Cafelandense, em comemoração ao aniversário da cidade. O
Garça estava ganhando fácil por 3 a 0, e saiu uma falta próxima da grande área,
no gol do fundo do “Platzeck”. O goleirão fez a barreira, o juizão apitou, veio
o Helinho e acertou uma bomba, saiu um foguete. A bola furou a rede fez “um
rombo”, o `juizão´ demorou para validar o gol. Sem falar que a bola bateu num pé de
eucaliptos, que havia lá nos fundos do campo, que chacoalhou por inteiro,
quebrando três galhos. Sem falar que ainda acertou o ninho de um tucano, e voou
pena pra tudo quanto é lado. Segundo o Abegar, o casal de tucanos, que todo ano
vinha chocar ali, nunca mais apareceu.