sexta-feira, 16 de abril de 2021

Recordar é Viver: "Helinho, a patada atômica do GFC"




Por Wanderley `Tico´ Cassolla

O grande time do Garça, da temporada de 1.971, sofreu mais um desfalque. Faleceu na última sexta feira (9), na cidade de São Paulo, onde estava residindo, o meio campista Hélio de Souza, o Helinho (foto), aos 71 anos, de causas desconhecidas. Ele fez parte daquele memorável “Azulão”, que está entre os melhores times já montados na cidade em todos os tempos. Helinho havia perdido a esposa há cerca de um mês e desde então andava bem entristecido.

Helinho chegou contratado no começo do ano, juntamente com o Bô, ambos vindos do Linense e logo tornaram titulares absolutos. Com um porte físico privilegiado, Helinho era incansável no meio de campo. Fazia dupla com o Plínio Dias, alternando na posição de volante. Na época era comum os times atuarem na formação 4-2-4. Só que o Helinho jogava mais avançado, pois tinha melhor  finalização, aliado a um chute portentoso, seja com a bola rolando ou na cobrança de falta. Carinhosamente era apelidado pelos companheiros de “Helinho Boi”, pelos torcedores de “Patada Atômica”, graças ao poderoso chute, numa alusão ao craque Rivelino, tri-campeão mundial na Copa do México em 1.970.

Dos jogadores do Garça FC, o Helinho foi o que teve a “maior bomba” nos pés, seguido do Teotônio, Itamar Belasalma e Celso Travençolo. 

Vamos recordar o Garça, de 1.971. Em pé da esquerda para direita: Plínio, Ari Lima, Tuta, Lula, Bô e Abegar; agachados: Davi, Cláudio Belon, Osmar Silvestre, Itamar Belasalma e Helinho “Boi”.

Este time foi campeão da “Série Arthur Friedenreich” do Campeonato da 1ª Divisão e ganhou o direito de disputar a final no Parque Antártica em São Paulo. Era para ser um quadrangular, mas teve um rolo extra campo e aconteceu um pentagonal, com o Garça, SAAD, Catanduvense, MAC e Rio Preto. O campeão foi o MAC, que garantiu o acesso na principal divisão paulista.

Tendo boa participação nas finais, Helinho já foi contratado pelo MAC para disputar o “Paulistão” em 1.972, onde ficou por três anos. O time de maior projeção que defendeu foi o Corinthians entre os anos de 1.975 e 76.

Em toda a carreira, Helinho ainda jogou no Linense, SAAD, Ferroviária de Araraquara, Ponte, Santa Cruz e Colorado, do Paraná, onde no ano de 1.980 parou com o futebol profissional.


No alvinegro do Parque São Jorge, segundo o “Almanaque do Corinthians”, de Celso Unzelte, Helinho disputou 55 jogos, alcançando 24 vitórias, 16 empates e 15 derrotas e marcou 2 gols. Um deles, em cima do conterrâneo Waldir Peres, goleiro do São Paulo, talvez o maior importante da sua carreira. Veja no outro flagrante, Helinho envergando a camisa corintiana, em pleno Maracanã, contra o flamengo, com o craque Zico, caído no chão.

GOLS INCRÍVEIS:  No dia 07 de março de 1.976, jogaram no Parque Antártica, Corinthians x São Paulo, no derby da capital, que ficou conhecido como o “clássico dos frangos”. Os dois goleiros Waldir Peres (SP) e Tobias, foram os destaques negativos e tomaram verdadeiros “perus”. Aos 30 minutos do 1º tempo, falta para o Corinthians, quase que da intermediária, Helinho ajeitou foi soltar a  “bomba”. Saiu um tiro “xôxo”, mesmo assim passou por entre as pernas de Waldir Peres e entrou no gol. O Corinthians acabou vencendo o Tricolor pelo placar de 3 a 2.

Já o outro gol aconteceu em Garça, assim que foi contratado. Quem nos contou foi o ex-lateral Abegar. O lance foi no jogo amistoso contra a Cafelandense, em comemoração ao aniversário da cidade. O Garça estava ganhando fácil por 3 a 0, e saiu uma falta próxima da grande área, no gol do fundo do “Platzeck”. O goleirão fez a barreira, o juizão apitou, veio o Helinho e acertou uma bomba, saiu um foguete. A bola furou a rede fez “um rombo”, o `juizão´ demorou para validar o gol. Sem falar que a bola bateu num pé de eucaliptos, que havia lá nos fundos do campo, que chacoalhou por inteiro, quebrando três galhos. Sem falar que ainda acertou o ninho de um tucano, e voou pena pra tudo quanto é lado. Segundo o Abegar, o casal de tucanos, que todo ano vinha chocar ali, nunca mais apareceu.