Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Há 47 anos, no dia 9 de outubro de 1977, o Corinthians realizou um dos jogos mais importantes desde a sua fundação em 1º de setembro de 1910. Um jogo que valeu dois recordes, que jamais serão batidos. Como sempre um grupo de garcenses esteve presente no memorável jogo. Mal sabiam eles que entrariam para a história de dois gigantes do futebol brasileiro. Naquele dia, um domingo à tarde, o Corinthians enfrentou a Ponte Preta, no Estádio Cicero Pompeu de Toledo, em São Paulo, no segundo jogo válido pela decisão do Campeonato Paulista de 1977.
Um total de 146.082 pessoas, com um público pagante de 138.032, dentre eles 36 garcenses e também jafenses, que foram ao então “Morumbi”, para o jogo que poderia ser o fim do tabu, depois de 22 anos, 8 meses e 7 dias sem títulos.
É o maior público da história num jogo do Corinthians e também o maior do Estádio do `Morumbis´, desde que foi inaugurado no dia 02 de setembro de 1960.
Só lembrando, que naquela temporada, o Campeonato Paulista foi decidido em 3 jogos. No primeiro disputado no dia 05/10/1977: Corinthians 1 x 0 Ponte Preta, gol de Palhinha. No segundo (09/10/1977): Corinthians 1 x 2 Ponte Preta, gols de Vaguinho para o Corinthians, Dicá e Rui Rei para a Ponte Preta. No terceiro (13/10/1977), Corinthians 1 x 0 Ponte Preta, gol de Basílio. Recordamos, a seguir, como foi a ficha técnica do histórico jogo:
Final do Campeonato Paulista de 1977 -
Local: Cícero Pompeu de Toledo, São Paulo, SP
Data: 09 de outubro de 1977 (domingo) – 16:00 horas
Árbitro: Romualdo Arppi Filho
Gols: Vaguinho (Corinthians); Dicá e Rui Rei (Ponte Preta)
Cartão vermelho: Adãozinho (Corinthians)
Público: 138.032 pagantes (público total: 146.082)
Renda: Cz$ 4.239.010,00 (cruzados)
CORINTHIANS
Jairo; Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir: Ruço, Luciano (Adãozinho) e Basílio; Palhinha (Vaguinho), Geraldão e Romeu; Técnico: Oswaldo Brandão.
PONTE PRETA
Carlos; Jair, Oscar, Polozzi e Odirlei: Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rei (Helinho) e Tuta (Parraga) – Técnico: Zé Duarte
DELEGAÇÃO GARCENSE: Numa excursão organizada pelo saudoso Marcelo Nassif Avelar, trinta e seis garcenses saíram no domingo bem cedinho rumo a São Paulo, em ônibus fretado no Expresso de Prata. A maioria formada por jovens, jamais tinham assistido um jogo ao vivo do Corinthians ou sequer visitado o imponente Morumbi. Foi uma viagem cercada de alegria e muita expectativa. O ônibus saiu da Praça José Antônio de Carvalho, ao lado da antiga Delegacia de Polícia. Após o Marcelo explicar todo o roteiro de ida e volta e dos cuidados a serem tomados, todos fizeram uma oração. Em seguida, para descontrair o grupo, foi a vez de cantar o hino do Corinthians, animação geral. Pronto, partiu São Paulo!
Lembro que teve uma parada num posto da Rodovia Castelo Branco. A grande maioria estava com a grana curta para tomar um café ou comprar um lanche. Foi aí que o Lourenço Sebastião, o mais velho da turma, comprou dois pães bem grandes e dividiu com todos. Fomos saboreando dentro do ônibus, numa viagem tranquila. Por volta das 11 horas chegamos, com muita gente no entorno do Morumbi. A fila de torcedores para entrar já estava sendo formada e os portões foram abertos às 12 horas. Neste intervalo, foi o tempo de comprar uns pacotes de laranja já descascadas e entrar na fila. As laranjas foram o “almoço” daquele domingo.
Por sermos um dos primeiros da fila, a entrada foi até que tranquila. Agora não foi fácil esperar o jogo até as 16 horas, sentados na arquibancada descoberta, sem poder levantar, para não perder o lugar. Confesso que nunca vi um campo tão lotado e bonito, totalmente vestido de preto e branco (foto). Muitas bandeiras eram desfraldadas, ficava até difícil de ver os jogadores em campo. Muita festa antes da bola rolar, por conta do presidente Vicente Matheus e Eliza, a torcedora símbolo.
Bem, quanto ao jogo, o Corinthians saiu na frente com gol de Vaguinho. Porém tomou a virada, gols de Dicá e Rui Rei. A fiel torcida não parou um só minuto de incentivar o time, mas não deu. Com o apito final do árbitro Romualdo Arpi Filho, a tristeza tomou conta geral. Em silêncio fomos todos saindo do campo cabisbaixos e confesso que foi uma longa caminhada até o ônibus. Foi duro aceitar, hoje entendemos que faz parte do futebol perder ou ganhar um título. O suado título seria conquistado no meio da semana, dia l3, uma quinta feira, na vitória por 1 a 0, gol do Basílio. Este acompanhamos pela televisão aqui em Garça, depois a comemoração foi pelas ruas do centro da cidade, com muitos corintianos. Começou no Restaurante Odeon, indo pela Rua Carlos Ferrari até o Edifício do Comércio, depois voltava pela Rua Heitor Penteado. O Zé da Igreja Matriz puxando a fila, com um alto-falante, onde foi acoplado um toca fita tocando o hino do Corinthians. Todos festejando a pé, cantando, e finalmente, soltando o grito de campeão, depois de muito tempo.
No flagrante veja o Lourenço Sebastião com o ingresso do segundo jogo, uma verdadeira relíquia, que trouxemos para Garça como lembrança.
Lembrar o nome de todos os garcenses que enfrentaram esta verdadeira epopeia é impossível. A nossa memória já não é a mesma de antigamente. Mas estes com certeza foram e entraram para a história de estatísticas do futebol brasileiro: Marcelo Nassif, Luizinho AD Seguros, Lourenço Sebastião, Roquinho, Brigite, João Mochila, Caíque Arantes, Luisinho Bagagi, Carlão Kruzick, Pedro Luiz, Facina, Júlio Cassola, Dr. Milton, Dario Furquim e Luizinho Anunciação, dentre outros.