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Por Wanderley `Tico´ Cassolla
O futebol profissional em
nossa cidade sempre despertou a paixão e o interesse dos torcedores. Ao longo
dos anos, desde os tempos do Garça Esporte Clube e depois do Garça Futebol
Clube, o torcedor compareceu o campo para incentivar os jogadores. Não é à toa
que o antigo campo do Garça, que ficava em frente ao Hospital São Lucas, ficou
pequeno e praticamente inviável para a realização de jogos, pois não tinha mais
espaço para ampliação.
Até que no dia 4 de outubro
de 1966 foi inaugurado o Estádio Municipal “Frederico Platzeck”, com espaço
maior para os torcedores se acomodarem. No início foi construído somente uma
arquibancada coberta. Com o “Azulão” em alta, nova ampliação: a arquibancada
descoberta e um anel atrás do gol de entrada. A fanática torcida prestigiando
mesmo, especialmente nas tardes domingueiras de “casa cheia’. Infelizmente tudo
passou e hoje só restam saudades. E isto não é só em nossa cidade. Muitos times
de cidades tradicionais e bem maiores que Garça também desapareceram. O futebol
do interior perdeu, e de goleada.
Sempre encontramos
torcedores que relatam com saudades, e até com certa dose de emoção, dos bons
tempos que assistiram jogos do “Azulão”. Cada um com sua história, seus causos,
jogos, lances, gols e até confusões.
Recentemente encontramos com
o Elisaldo Alves, antigo morador, nascido em Pederneiras, que ainda guarda na
memória os jogos do Garça, desde os tempos do campo da Vila Williams. E também
quando acompanhava o time fora. Lembra que no começo dos anos 70 foi em Piraju e vibrou com a vitória do Garça. Em PirajU tudo foi normal. Na volta é que o
bicho pegou. Um confronto com os torcedores do MAC, à beira da rodovia, próximo
de Marilia, inconformados com a vitória do vizinho rival.
Segundo o Elisaldo, carinhosamente
apelidado de “Nêgo”, o Garça era um time respeitado em todo o interior
paulista. Ótimos jogadores envergaram a camisa do “Azulão”, mas o Cláudio
Belon, Osmar Silvestre, João Luiz e o raçudo Pedroso se destacavam dos demais.
Hoje eles jogariam em qualquer time grande do futebol brasileiro.
Ainda com saudosismo, ele guarda com muito carinho a Tabela do Campeonato da Primeira Divisão de Profissionais – Série A – do ano de 1970, onde o “Azulão” era o caçulinha da primeira, depois se tornar campeão da 2ª Divisão no ano de 1969.
Além de assistir todos os
jogos, caprichosamente, o Elisaldo foi marcando a caneta, rodada a rodada, os
resultados do time. Um campeonato difícil, enfrentando os vizinhos Noroeste e
MAC. Com destaque para a sonora goleada no Andradina, pelo placar de 10 a 0.
No ano de 1970 o futebol
brasileiro estava em alta com a seleção disputando (e vencendo) a Copa do
México. No final da tabela, uma menção sobre o adiamento de jogos, em
decorrência da participação da seleção canarinho nos gramados mexicanos.
A tabela foi um gentileza da
extinta “Gráfica Comarca de Garça”, que ficava localizada à Rua Heitor
Penteado, nº 89, Fone 317 (só três dígitos), no centro da cidade.
O ATLETA: Como um bom esportista, o Elisaldo Alves, além de torcedor do São Paulo, fã do goleiro Rogério Ceni, jogou bola, no futebol menor da cidade. Gostava de atuar na defesa, mais nas laterais. Com o passar dos anos resolveu que seria atacante. Passou, então, para centroavante e ainda ponta esquerda. Aí se destacou mais, marcando gols ou preparando as jogadas para os demais jogadores.
Começou no Real Garcense,
depois no Água Branca, ambos da Vila Nova, Paulista e XV de Novembro, de Vila
Williams. Nesta época, a várzea era bem disputada. Contava com bons jogadores,
com destaques para o meio campista, o japonês Tadá, o goleador Viola e o goleiro
elástico, Tico Venuto.
No futebol suíço disputou
pelo time do Alfa e Lanchonete Rodoviária, época do terrão, atrás do Hospital
São Lucas. No time do Alfa teve a felicidade de jogar ao lado de seus dois
irmãos: Valter e Wilson Alves, e do primo João Alves.
Recordamos o grande
esquadrão do Alfa. Em pé da esquerda para direita: Paulinho, Ednalvo, Fernando,
Spuri, Sérgio Moreira e Gordo; agachados: Adalto de Paula, Walter Alves, João
Alves, Wilson Alves, Elisaldo e Ataliba.
O tempo passou e hoje com
seus 78 anos, muito bem vividos, o Elisaldo é taxista nas horas vagas. Continua
acompanhando o futebol, e tem dois sonhos, que gostaria que fossem realizados: como torcedor, o retorno do “Azulão” pisando no
tapete verde do Platzeck. Como cidadão, a volta do trem, chegando e partindo da
estação. Até porque ele vivenciou os áureos tempos da ferrovia, como empregado
da Companhia Paulista, por quase trinta anos, até quando se aposentou. Segundo
o Elisaldo, isto só traria desenvolvimento, progresso e muita divulgação para
Garça.