Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Outros tempos. Outro
futebol. A foto que recebemos da Seleção Brasileira de 1.958, esperando o trem
da estação de Poços de Caldas/MG foge dos padrões atuais. Seria possível hoje
em dia uma cena desta? Parte da delegação na maior tranquilidade, da esquerda
para direita: Nilton
Santos, Dino Sani, Gilmar, Bellini, Garrincha, Moacir, Dida, Joel, Mazolla,
Zagalo e Pelé. Naqueles tempos era assim mesmo. Sem muita badalação, era jogar
bola e trazer o primeiro título mundial para o Brasil.
Fica até difícil imaginar “as estrelas” de hoje
numa situação como esta. De fato o tempo passou, o mundo mudou. Na era da
internet, carrões, jatinhos particulares e badalações, o “extra” campo vai
deixando o futebol num segundo plano. Mas creio que a grande maioria de
torcedores ainda prefere o verdadeiro futebol brasileiro de antigamente. Onde a
arte e o malabarismo individual do craque brasileiro superava o preparo físico
e os esquemas táticos praticados na atualidade.
Como bem disse o corintiano
Roberto Justo Fernandes: “a boleirada de hoje não quer sabe de jogar bola, não
tem amor ao time, e não chega nem nos pés dos jogadores de antigamente. Craques
da bola? O Brasil já não fabrica mais. Por isto que será difícil a Seleção
Brasileira ganhar outro título mundial”.
PRÉ-TEMPORADA MINEIRA: Você sabia que a seleção fez a pré-temporada na cidade
de mineira de Poços de Caldas? Tudo começou ali e foi muito bem planejado pelos
dirigentes brasileiros. Dos 33 convocados na lista inicial, o
médio Zizinho, já com 37 anos, foi a ausência reclamada por parte da imprensa.
O elenco se apresentou no dia 7 de abril e iniciou os treinamentos nas cidades
mineiras de Poços de Caldas e Araxá. Para fechar a lista de 22 jogadores, a
equipe fez quatro jogos preparatórios – dois contra o Paraguai (5 a 1 e 0 a 0)
e dois contra a Bulgária (4 a 0 e 3 a 1). Houve ainda um jogo-treino contra o
Flamengo (derrota por 1 a 0) e outro contra o Corinthians, a três dias da
viagem para a Europa. O Brasil goleou por 5 a 0, com gols de Pepe (2),
Garrincha (2) e Mazzola.
Mas aí veio o drama: Pelé recebeu uma entrada violenta
do lateral corintiano Ari Clemente e sofreu torção de tornozelo. Pelé corria o
risco de ser cortado (Almir Pernambuquinho entraria em seu lugar). Só que a
comissão técnica decidiu levar Pelé mesmo machucado, pois ele estaria apto a
entrar na terceira partida.
Em se falando desta preparação não podemos deixar de registrar as
fotos que o nosso conterrâneo e palmeirense Pedro da Silva Falcão ganhou de um
amigo policial militar, que na época fez parte da equipe de segurança da
seleção brasileira. A maioria estão autografadas (foto) pelos futuros craques
campeões. Uma verdadeira relíquia. Antes de desembarcar na Suécia, o escrete
nacional passou na Itália para dois amistosos: 4 a 0 contra a Inter de Milão e
4 a 0 na Fiorentina. Neste amistoso, o ponta direita Garrincha foi sacado do
time por causa de uma molecagem nessa partida. Ele driblou os adversários,
passou pelo goleiro e, em cima da linha de gol, ficou esperando a chegada de
mais outro defensor antes de tocar de calcanhar.
A campanha vitoriosa em 6 jogos: Brasil 3 x 0 Áustria, Brasil 0 x
0 Inglaterra, Brasil 2 x 0 Rússia, Brasil 1 x 0 País de Gales, Brasil 5 x 2
França e Brasil 5 x 2 Suécia, final disputada no dia 29 de junho de 1.958.