sexta-feira, 25 de abril de 2014

A BRL TRUST, dona do “Fielzão”, já gasta por conta, e espera mais R$ 350 milhões do Corinthians




Por Blog do Paulinho 


Neste sábado (26), o Corinthians reunirá seu Conselho Deliberativo para aprovar, além do aumento no valor da construção do “Fielzão”, a liberação de novo empréstimo, desta vez de R$ 350 milhões, a ser destinado aos caixas da BRL Trust.
Segundo contrato assinado, pelo presidente Mario Gobbi, cabe a empresa decidir a melhor utilização dos recursos, não ao clube, como faz entender o Edital de convocação do Conselho, que ficará “apenas” com o ônus de mais um endividamento.
Conversando com gente do mercado, verificamos, durante a semana, que a relação entre Corinthians e BRL Trust pode ser ainda mais temerária do que imaginávamos.
Vale lembrar que a proprietária do estádio já teve seus bens, e de seus sócios, indisponibilizados pela Justiça Federal, e, recentemente, teve que pagar R$ 10 milhões para que um processo que a acusava criminalmente de fraude fosse abafado.
A BRL Trust é ré, na Justiça Federal do Rio de Janeiro, porque era a administradora do fundo FIP Patriarca.
Esse fundo foi criado para investir em empresas que não tinham ações em bolsa, e são regulados pela CVM, ou seja, são fundos que têm ação em bolsa mas investem em empresas que não os têm.
97% dos investimentos do FIP Patriarca eram direcionados ao famoso BANCO BVA, que quebrou e deixou rombos escandalosos no mercado.


A BRL Trust como administradora dos recursos do FIP foi acionada na justiça federal porque mesmo tendo vaga no conselho do BVA nunca repassou aos acionistas do FIP Patriarca (cujos recursos injetava no BVA) que a situação do parceiro era caótica.
Ou seja, a BRL Trust injetava dinheiro em um negócio ruim para ela mesmo, como administradora de fundos.
Na prática, lucrava com o prejuízo de seus clientes.

Essas ações têm a intenção de reverter investimentos de vários investidores que perderam com o BVA.
Um dos exemplos é o caso da INFRAPREV – processo nº 0145976-15.2013.4.02.5101 (ação indenizatória decorrente de ato ilícito), na Justiça Federal do Rio de Janeiro.
O escritório Bichara, Barata e Costa conhece bem o imbróglio.
Logo, quando o BRL Trust iniciou a prática de pagar para retirarem processos “criminais”, na verdade, começou a se “acertar” com alguns representantes de clientes.
Mas a pendência é grande, e não deve findar tão cedo.
A grande questão, que deve ser bem avaliada, e investigada por conselheiros do Corinthians, é que, apesar das dívidas serem antigas, somente agora a BRL Trust resolveu acertá-las.
E com grande utilização de dinheiro.
De onde estariam sendo retirados os recursos da empresa que divulgou, em balanço, possuir apenas R$ 700 mil de Capital Social  ?
Fato é que o Corinthians está injetando dinheiro na BRL Trust, que nunca prestou contas, nem disse como gastará o montante.
Não seria ilógico pensar que, pela proximidade com a Odebrecht, e de alguns dirigentes alvinegros – um deles, Raul Corrêa da Silva, é auditor de seus balanços – a BRL poderia desviar parte da grana para quitar dívidas, fazer Caixa 2 (para si ou terceiros), campanha política, quitar prejuízos anteriores para encerrar processos, etc.
Tudo é possível quando não há transparência nas informações e os “parceiros” parecem não se importar com a atual situação.
R$ 420 milhões de CIDs, R$ 400 milhões do BNDES, R$ 200 milhões em empréstimos pontes, R$ 350 milhões em novos empréstimos… todo esse dinheiro está sendo administrado pela empresa revelada na matéria.
Mais de R$ 1 bilhão dessa dívida, terá que ser pago pelo Corinthians, que já forneceu, em garantia, 1/3 do Parque São Jorge, a comercialização de sua marca, além da cessão de uso do terreno em Itaquera.
Tudo indica, descrente de que o clube poderá arcar com o prejuízo, a BRL TRust, com anuência dos parceiros, já estaria gastando por conta, entre acertos, desacertos e comissões, que certamente fazem parte desses negócios.

EM TEMPO:
Os procuradores da Fazenda Nacional não podem nem ouvir falar em empresas que são donas de outras empresas.
O procedimento pressupõe que você nunca colocará a mão nos bens dessas empresas.
Logo, quando a BRL Trust quebrar, vamos nos deparar com outras empresas que são donas dela, mas que são de outras empresas… e na ponta, acharemos empresas sediadas em paraísos fiscais… nunca terão patrimônio a executar.
Sobrará o Corinthians, o Estádio, a CEF…