sexta-feira, 12 de junho de 2015

Recordar é Viver: "Felício Martini, o adeus a um corinthiano!"









Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Na última quinta feira (11) a cidade perdeu mais um grande esportista: Felicio Martini. Com 87 anos de idade bem vividos, “seo” Felício era um corintiano fanático e torcedor fervoroso do Garça FC. Adorava falar sobre futebol. Sempre que o encontrava, já vinha duas perguntas tradicionais: "O Corinthians vai ser campeão este ano?" E em seguida: "E o Garça, hein? Quando será que vai voltar?"

Há dois anos atrás, por indicação do Abegar, ex-lateral do Garça, passamos quase que uma tarde inteira com ele falando de futebol, evidentemente. E registramos o encontro. Na foto, posando, com a camisa do Corinthians, ao lado do Abegar. Os assuntos principais: Corinthians, Seleção Brasileira e Garça Futebol Clube. Com uma memória invejável, muitos casos ele recordou. Segundo o “seo" Felício, um dos segredos de sua vitalidade era o trabalho. O primeiro emprego que teve foi logo que terminou a 2ª Guerra Mundial (1945), quando era ainda bem jovem.  Desde então nunca parou mais. Já estava aposentado, mas ultimamente ainda trabalhava na empresa Tratorgarça do Herédia.  Era um excepcional torneiro mecânico e soldador. E batia a “bigorna” com todo vigor.

A paixão pelo Corinthians começou há muito tempo. Seu ídolo era Roberto Rivelino. O “seo” Felício, por exemplo, viu a estréia do “Reizinho do Parque” em Bauru, diante do Noroeste. Sempre acompanhou o “Timão”, ouvindo as transmissões primeiramente pelo rádio (quando ainda eram de válvulas) e depois na televisão. Lembra com detalhes da conquista do Troféu do IV Centenário, em 1.954. E também  do título do Campeonato Paulista de 1.977, após jejum de 24 anos, no memorável gol do Basílio. Este time marcou muito o “seo” Felício. Em pé da esquerda para direita: Zé Maria, Tobias, Ruço, Moisés, Ademir e Cláudio Mineiro. Agachados: Vaguinho, Basílio, Palhinha, Geraldo e Edu.

Além destas conquistas, o “seo” Felício viu o seu glorioso Corinthians ganhar duas Copas do Mundo de Clubes da FIFA, três Copas do Brasil, uma Copa Libertadores da América, cinco Campeonatos Brasileiros, uma Recopa Sul Americana, uma Supercopa do Brasil, um Campeonato Brasileiro da Série “B”, cinco Torneios Rio-São Paulo. E ainda  vibrou com o “Timão” ganhando 22 dos 27 títulos paulistas.

Outra paixão  era o Garça Futebol Clube. Nos últimos tempos andava um tanto quanto chateado pela ausência do futebol profissional. Só que jamais esquecia do “Azulão”. Tinha na ponta da língua o nome dos atletas que defenderam o Garça nos anos 50: Máximo, Martin Carvalho, Doleite, Luizinho, Agamenon, Altamiro Gomes, Basílio, Ceci, Ferrari, Paraguaio, Carlito e Liquinho, entre outros. E também do Garça dos anos 70. Em pé da esquerda para direita:  Plínio Dias, Ari Lima, Tuta,  Lula, Bô e Abegar; Agachados:  Davi, Cláudio Belon, Osmar Silvestre, Itamar e Helinho. Era um time de fazer inveja.

Um jogo para ele foi inesquecível. No ano de 1970, o Garça enfrentou o Corintinha de Presidente Prudente, no Estádio “Alfredo de Carvalho”. O empate garantia o Garça na próxima fase. Aos 41 do segundo tempo, o avante Cabrita fez o gol do Corintinha. Aos 45, o Garça desceu para o ataque, e o lateral esquerdo Abegar, foi até a linha de fundo, e chutou direto para o gol, a bola entrou no ângulo. A vibração foi  demais. Só que a seu lado, o amigo e fanático torcedor Joaquinzinho, não suportou de tanta emoção, teve um enfarte e faleceu. Uma cena que jamais vou esquecer, finalizou.  O “seo” Felício foi casado com a dna. Gioconda, e o casal teve os filhos Tânia Mara, Telma, dr. Tito, e as gêmeas, Talita e Terezinha.