sexta-feira, 12 de maio de 2023

Recordar é Viver: "Lobão, um grande zagueiro do futebol suíço"



Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Hoje a coluna homenageia um dos grandes jogadores do futebol suíço, literalmente. Estamos falando de Luiz Carlos Soares, o conhecido Lobão. Um jogador típico do futebol suíço, dos campos de terra, aquele zagueirão raiz, que foi um dos destaques da modalidade em sua época. Como sempre falo, se não fosse eles, tradicionais peladeiros de antigamente, que “comeram muita poeira”, nos campos atrás do Hospital São Lucas, o futebol suíço não seria o que é hoje.

Tudo começou lá, ao lado do cafezal da Fazenda Cascata, onde tinha o Campo dos Escoteiros, Eletrônica, Independente, Kussumoto, e o primeiro, que ficava no interior do bosque municipal. Por ali desfilaram muitos jogadores, que “seguraram a peteca” numa fase bem difícil, ainda em formação, com somente jogadores da cidade. Paralelamente o futebol de campo estava em evidência, era o carro chefe.

E o Lobão estava neste meio. Defendeu por muito tempo somente dois times: Independente e Eletrônica. Sempre atuando como zagueiro, na lateral direita ou esquerda. Tinha muita vitalidade, e com um preparo físico invejável, praticamente corria os noventa minutos dos jogos.

Sabia bater firme na bola, e quando avançava, passava do meio de campo, dava cada “bomba” para o gol. O goleiro nem via onde a bola entrava. Segundo o Danilo Pozzer, colega de time, às vezes furava até a rede.

Numa ocasião, o Lobão protagonizou um lance inédito no jogo Independente x Kosminho, jamais acontecido (veja no capitulo abaixo)

O Lobão foi tri-campeão da modalidade: no Independente, nos anos de 1982 e 1983. Depois com o fim do Independente, foi jogar na Eletrônica, sendo campeão no ano de 1994. Ficou no time comandado pelo Carlão e Carlinhos até o final da agremiação. Depois, o Lobão, decidiu também pendurar as chuteiras.



Veja uma das formações do Independente campeão, que posou para a posteridade no campo de pelada do Garça Tênis Clube. Em pé, da esquerda para direita: Alcides Vaz, Telêmaco, Dr. Jair, Toninho Peres, João Peleteiro, Ricardo Martinez, Lobão e Adalberto; agachados: Danilo, Haroldinho, Washington “Cateto”, Jair de Marchi, Valdir Tramontini e Dr. Joaquim.    

BOLA ESTOURADA: No campeonato municipal de 1982, Independente e Kosminho, disputavam o clássico da rodada, no Campo dos Escoteiros. Quem organizava a competição era o esportista Galdino de Almeida Barros, com apoio da então CCE/Comissão Central de Esportes. O jogo valia a liderança, e os dois times eram rivais, desde os jogos das “peladas” do Garça Tênis Clube. Pois bem, não é que o juizão, designado para apitar o confronto, ficou doente no sábado à noite e não pode ir. No domingo bem cedo, o Galdino, por volta das 7h15, aparece em minha casa “intimando” para eu apitar. Confesso que até deu aquele frio na barriga. Mas como eu sempre colaborava, peguei o apito, os cartões e encarei a parada.

O jogo transcorria normalmente, pegado e bem disputado. Bola pra lá, bola pra cá. Até que num bate rebate, a bola espirra e vai em direção ao meio de campo. De um lado vem o Lobão correndo, do outro vem o também zagueirão João Carlos, preparando-se para o chute. Eis que os dois gigantes, dão uma tremenda imprensada. Eu perto do lance, só escutei o barulho do estouro, parecido com uma bomba, a bola simplesmente explodiu, murchou e só foi poeira subindo. Tanto o Lobão como o João Carlos, ficaram estáticos, um olhando para a cara do outro, boca aberta e perplexos. Eu como juiz, o que fazer? Num primeiro momento pensei até em expulsar os dois, pois eles simplesmente acabaram com o jogo. Brincadeiras à parte, solicitei uma nova bola, bola ao ar, o jogo seguiu normalmente. O placar final apontou empate em 2 a 2. A “finada” bola do jogo fiz questão de guardar como recordação, depois de costurada. Na última semana, promovemos o encontro do Lobão e João Carlos, protagonistas do inédito lance, que entrou para a história do futebol suíço garcense.





AMIGOS x CORINTIANOS:
Além de um bom papo, o Lobão é um profundo conhecedor do futebol. Uma ótima memória, sabe das escalações, resultados, campanhas, títulos, etc, principalmente quando o assunto é o Corinthians. Ahhh, e também dizem que é um bom pescador. Aí já não sabemos. O Lobão é presença certa nos eventos esportivos da cidade. Um que não falta é o tradicional “Encontro dos Corintianos”. Até porque é um fiel torcedor corintiano, mais um do bando de loucos. Nos flagrantes quando encontrou dois ídolos: o super Zé Maria, ex-lateral direito, e o goleiro Waldir Peres, juntamente com o filho Ariel.



Se o time da Eletrônica acabou, os jogadores e dirigentes remanescentes continuam se encontrando até hoje (foto). Até porque eles tem muitas histórias e causos para contar. Quanto ao Lobão, tempos atrás, sofreu uma pequena “contusão”, estando no DM. Mas como um bravo guerreiro em campo, vem enfrentando um complicado adversário e se superando a cada dia que passa, seguindo firme e resoluto, em franca recuperação. E já está virando o jogo, rumo a mais uma vitória, que virá em breve. O Lobão está com pensamento positivo, focado, e logo, logo, voltará a bater aquele mesmo bolão de antigamente. Só não pode estourar a bola novamente.