sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Recordar é Viver: "Júlio Juruna, campeão depois de 40 anos"

 




Wanderley `Tico´ Cassolla

No último sábado estive com a delegação dos botonistas de Garça, participando de uma competição regional, onde conquistamos o título de campeão, graças ao desempenho do Júlio César Martins Teixeira.  O evento foi promovido pela AD Botonistas de Bauru, e além dos locais, estiveram representantes de Garça e Catanduva.


Impossibilitado de participar na íntegra, cheguei um pouco mais tarde, e assumi a condição de técnico. Para nossa satisfação, vibramos muito com a conquista do Júlio Teixeira, que esteve impecável nas disputas. Jogou muito (foto), principalmente na semifinal, quando ganhou do xará Júlio (Bauru), nos pênaltis por 6 a 5. Na decisão, venceu o Luiz, também de Bauru, por 2 a 1. No flagrante, estou ao lado do Marcelo Kagueiama, que foi quarto colocado, e Júlio Teixeira, campeão e o botonista Luporini.

Voltando no tempo, no ano de 1983, era o técnico do garotinho Júlio “Juruna”, que jogava no time dos Fraldinhas, da CCE/Comissão Central de Esportes. Disputamos muitos jogos aqui em Garça e na região, com boas apresentações. Participamos de alguns torneios, mas jamais fomos campeões. Quis o destino, que 40 anos depois, o meu “pupilo” Júlio fosse campeão, noutra modalidade: o futebol de mesa, para nós praticantes, continua como sendo o nostálgico “futebol de botão”.

FRALDINHAS DA CCE: No ano de 1983, a convite do então presidente da CCE: Comissão Central de Esportes -, o são-paulino Ari da Silva Braga, montamos vários times. Um projeto para garotos, com dois objetivos: o primeiro ensinar a garotada entre 10 e 15 anos a jogar bola. O segundo para movimentar o Estádio Municipal “Frederico Platzeck”, que andava meio que parado. No principal palco do futebol garcense, só eram realizados jogos do campeonato amador aos sábados e domingos. Durante a semana ficava fechado. É bom frisar que na época não tinha o futebol profissional na cidade, que só voltaria no ano seguinte, com o retorno do Garça FC, na terceira divisão, comandado pelo palmeirense e saudoso Antonio “Biga” Marangão.

Pois bem, resolvemos abraçar a causa, e colocar a garotada em campo, para correr atrás da bola. Até porque qual garoto não gostaria de jogar no “Platzeck”, o campo do Garça FC?. A primeira meta foi fazer a convocação, através do programa “Bola no Gol”, da Rádio Clube de Garça, então líder de audiência, apresentado pelo palmeirense João Alexandre Colombani.

Pois bem, o grande e saudoso Colombani anunciou no ar, a garotada compareceu em massa. O primeiro treino aconteceu num sábado de manhã. Foi meio que na correria, mas ao final, deu tudo certo.

Para o sábado seguinte, chamamos o incansável corintiano Ednalvo Cardoso de Andrade para colaborar, aí tudo correu satisfatoriamente. O experiente professor Ednalvo organizou um bonito plano de trabalho.

Montamos quatro times, que carinhosamente recebeu a denominação de “Fraldinhas”, para os mais jovens, com idade entre 10 a 13 anos, e os “dente de leite”, entre 14 e 15 anos. Se fosse atualmente, seriam os denominados sub/11 e sub/13. A única regra imposta por Ari Braga, era a de que o garoto tinha que obrigatoriamente estar na escola, além é claro, de ser disciplinado. Com isto, creio que os resultados foram dos melhores. Os jogos foram acontecendo, contra adversários aqui de Garça, de Gália, Vera Cruz, Marilia e Lins. Também disputamos alguns torneios, valendo troféu, não conseguimos ser campeões. Mas partia do princípio de que o “importante é competir”.

Veja uma das formações dos “Fraldinhas”, do ano de 1983. Em pé da esquerda para direita: Fernando Tardim, Rodrigo Brassoloto, Marcelo Abreu, Amadeu, Marcelinho, Fabinho e Tico Cassolla (treinador); agachados: Neto Delicato, Rodriguinho, Cadado, Júlio “Juruna” com a bola do jogo, Marquinhos e Casinha.

JÚLIO “JURUNA”: Num sábado qualquer do ano de 1983, estava treinando a garotada, juntamente com o professor Ednalvo. Recordo que chegou o Sr. Teixeira, segurando a mão de um garotinho e falou: “Arruma um lugar pro meu filho treinar”. Perguntei, o nome e posição que jogava: “Meu filho chama Júlio, joga em qualquer posição, menos de goleiro”. Respondi de imediato: “Será o jaqueta 9 do time, estou precisando de um centroavante para marcar gols”.  

Ao fazer sua apresentação para com a garotada, de pronto ele ganhou o apelido de “Júlio Juruna”, tendo em vista o seu corte cabelo, bem parecido com o índio Mário Juruna, na época um famoso parlamentar de Brasília.

Apesar dos muitos treinos não virou um goleador, tal como o professor. Suas características eram mais para um meio campista, com bom sentido de marcação.

Com o termino dos Fraldinhas, o Júlio ficou por aqui. Estudou, trabalhou, ingressou na Corporação dos Bombeiros, até se aposentar no ano de 2021. No futebol se especializou em jogar o futebol suíço. Tanto é verdade que atuou nos principais times da modalidade, senão vejamos: Guanabara, Kosminho, Vimec, Juventude, Unidos, Lanchonete, Paulista, Dinos, Os Pior, Flamengo. Foi campeão municipal no Dinos, em 2013 e Os Pior em 2015. Disputou ainda o “suíço livre” e foi campeão municipal nos Pior em 2007. No “suíço master”, campeão do torneio preparatório, pelo Os Pior em 2022.

O Júlio Teixeira continua totalmente ligado ao futebol. É torcedor fervoroso do São Paulo, e está radiante com a campanha e últimos resultados do tricolor do Morumbi.  Tem como ídolo Zico e Messi, craques que dispensam comentários.

Apesar de já ter passado a casa dos cinquenta anos, ainda não pensa em pendurar as chuteiras. Tudo graças ao bom condicionamento físico e sem contusão mais séria. Com isto, a promessa é de uma carreira longa, seja no futebol suíço ou de mesa.

Hoje, entre os botonistas, ele ganhou o apelido de “Júlio Reguinha”, por causa da sua precisão na preparação das jogadas, finalizações para o gol e aferição de tudo.