sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Recordar é Viver: "Juraci, um craque do artesanato"

 




Recordar é Viver

Hoje a coluna recorda não um craque da bola ou um time de futebol do passado, mas sim um artista, um craque dos artesanatos: Juraci Martins de Souza, um verdadeiro camisa 10, com mãos diferenciadas, mágicas mesmo.

Nascido na vizinha cidade de Vera Cruz, é mais uma daquelas personalidades, que chegou em Garça ainda pequeno, viu e gostou, para não sair mais. Hoje é um conceituado artesão, especializado em trabalhos de madeira, entalhes, brinquedos, peças decorativas e até escudos de time de futebol. E principalmente as aves Garças, em vários tamanhos e modelos (foto), que adora fazer, pois são as lembranças de Garça. Isto é até uma forma de gratidão da cidade que tão bem o acolheu, assim como um meio de divulgar o nome da “Sentinela do Planalto”.  

No começo, segundo o Juraci, foi desafiador aprender a nobre arte. Mas hoje, graças à experiência e prática, foi se aprimorando cada vez mais, num trabalho rico em detalhes e bem aperfeiçoado.

Hoje é associado da Casa do Artesão e também vende seus produtos através das redes sociais. Com bastante orgulho diz que suas peças, especialmente as lembranças de Garça, já foram vendidas para vários países.

Incansável, participou de todas as Festas das Cerejeiras (foto), feiras da cidade, e também trabalhou aos domingos no lago, ao lado do pedalinho.

Importante frisar que o artesanato dele é feito com aproveitamento de madeira. Uma frase que o Juraci não cansa de falar: “O seu lixo é o meu luxo”.

CHEGADA EM GARÇA: Nascido no ano de 1957, o Juraci chegou, juntamente com os pais, “seo” Manoel Martins e Dona Ercilia Maria e mais dez irmãos, indo morar num sítio no Bairro Roça Grande. Uma família grande, muito unida, os irmãos Diva, Romildo, Jair e Juraci ainda estão vivos, já o Luís, Inair, Ézio, Sidinei, Azeli, Euridice e Paulo, faleceram. Ali o Juraci passou grande parte da infância, estudando na Escola Silvio Sartori até o terceiro ano primário.

Lembra com carinho e gratidão da primeira professora, a dona Vera Lúcia Brandão. Depois a família mudou para Garça, onde concluiu o primário no Grupo João Crisóstomo, o “Grupão”, e o fundamental na Escola “Lydia Ivone Gomes Marques”. O 2º Grau começou no CEI e terminou no Colégio Comercial de Garça, no período noturno. Até porque precisou trabalhar para ajudar em casa no sustento da família. Nada de escolher um serviço, era “abraçar” o que aparecia. Assim trabalhou na Sorveteria Branca de Neve, Cinelândia e Bar Odeon. Em 1973 foi para a Casa Estrela, e em 1980 ingressou no Supermercado Sesi (atual Big Mart Norte), onde ficou até o ano de 1996. Nesta época, nas horas de folga, começou a se aventurar no artesanato em madeira, fazendo placas de nomes de criança. A arte e o dom começou a brotar naquele supermercado, para não sair mais.


FUTEBOL @ FAMÍLIA:
Como um bom esportista, o Juraci é torcedor do Santos FC, e tem como ídolo o saudoso Edson Arantes do Nascimento, o “Pelé”, o maior de todos, "Jamais aparecerá um outro igual", segundo o nobre artesão. Também foi um fervoroso torcedor do Garça FC, dos anos de 1970/80, daqueles de não perder um jogo sequer. Lembra do “Platzeck” lotado de torcedores, o Garça jogando e ganhando, num time que tinha o goleiro Lula, Ari Lima, Bô, Osmar Silvestre, Itamar Belasalma, Pedroso e vários outros. Também prestigiou o futebol amador que tinha bons times como o Ipiranga, Frigus, Casa Ipiranga e outros, que tinham no elenco muitos bons jogadores.

De outro lado e plenamente engajado na comunidade garcense, o Juraci gosta de recordar e viajar no passado, graças à sua memória invejável. Aí tem saudade do movimento dos finais de semana no centro da cidade, do Cine São Miguel, a banda após a missa, os bailes e carnavais nos clubes, os restaurantes e lanchonetes, a fonte luminosa, “O ponto de encontro dos jovens enamorados. Quantos casamentos não saíram dali?” Bons tempos, que não voltam jamais.

Hoje o Juraci se sente uma pessoa realizada, por tudo que fez e já viveu. Tem orgulho da família que formou, o bem maior. Contando, é claro, com a ajuda da esposa Maria Célia, “Companheira de uma vida”, dos queridos e amados filhos Guilherme e Henrique e da nora Fernanda. Por isto, em tom de agradecimento, o Juraci sempre faz questão de falar: “Minha gratidão a Deus pelo dom que Ele me deu”.