sexta-feira, 11 de março de 2016

Recordar é Viver: "O ponta-esquerda Peba"









Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Ele foi um ponta esquerda que marcou época no início dos anos 70, quando foi bi-campeão amador no Induscômio: José Fernandes Lopes Filho, mais conhecido por “Peba” nos meios esportivos.
Peba era o típico atacante a moda antiga: um ponta esquerda ofensivo, daqueles que jogavam do meio de campo pra frente. Nada de voltar para ajudar na marcação. Época em que o futebol tinha a formação tática, no famoso 4-2-4, ou seja, quatro jogadores na defesa, dois no meio de campo e quatro atacantes. Além é claro, do goleiro (ou guarda metas). Diferentemente dos dias atuais, onde os esquemas táticos se resumem na defesa, meio de campo e somente um atacante. Por isto os gols ficaram escassos, e placares com muitos gols é coisa rara.

Além de jogar avançado, o Peba quando tinha posse da bola, partia para cima dos zagueiros. Com sua afinada perna esquerda, dava alguns dribles desconcertantes, chegava na linha de fundo e cruzava para os atacantes finalizarem. Segundo nos relatou o técnico Ednalvo Cardoso de Andrade, um dos trunfos do Induscômio era o ataque. Sempre jogava de forma ofensiva, com o Sarará na ponta direita e o Peba na esquerda, bem abertos. Eles tinham ordem para não recuar. O Sarará tinha mais velocidade, o Peba era mais técnico.

A trajetória do Peba começou no juvenil da Ferroviária, quando ainda jogavam descalços e nos campos de terra. Na época era difícil comprar uma chuteira, e os times não tinham condições de doar aos atletas. Era amador puro mesmo. Lembra que no ano que foram campeões, a revelação foi o garotinho Paulo Roberto, o “Pelezinho”, que depois se tornou profissional no Garça, e se consagrou no Internacional (RS) e no futebol catarinense. Depois jogou no Internacional garcense. Nesta época surgiu o goleiro Waldir Perez, que logo foi para o Garça (campeão da 2ª divisão no ano de 1969), Ponte Preta, São Paulo e Seleção Brasileira. O auge da carreira do Peba foi no Induscômio, onde se tornou bi-campeão amador de 1.972/73, ganhando nas duas oportunidades do forte Serenata.  

Péeba recorda de alguns jogadores que tinham tudo para se tornarem profissionais, citando o goleiro Cabrini, os zagueiros Corinho e Goiano, o meio campista Reinaldo Portelinha e o atacante Sarará. Dos dirigentes se lembra do Osmar Gonzales, o “Pítia”, um verdadeiro faz tudo, roupeiro, cartola, massagista e até técnico quando necessário. Lembra também do Nelsinho Carvalho, do Ipiranga, outro grande esportista. Por motivos profissionais o Peba teve que se mudar para Ourinhos, onde reside até os dias atuais. Lá ainda jogou, por pouco tempo,  no Olímpico. Depois, no futebol society, apenas como lazer e diversão. Faz questão de frisar que o futebol de hoje é baseado em estratégias e esquemas. Na nossa época era mais natural, mais original, mais verdadeiro, onde a meta era marcar gols.

Recordamos o memorável time do Grêmio Esportivo e Social Induscômio, no dia do jogo da entrega das faixas no Estádio Municipal “Frederico Platzeck”. Em pé da esquerda para direita: Fontes, Osni (goleiro), Corinho, Washington, Reinaldo Portellinha, Goiano e Tonho;  agachados: Zé Luiz Portugues, Sarará, Béia Galvão, Jonas Zago e Peba.

No outro flagrante, posando com os colegas campeões: Tonhá, Reinaldo Portellinha e Peba. Veja em foto recente, como está o corintiano José Fernandes, o Nande para os familiares, festejando mais uma conquista do time mosqueteiro. É casado com a Luiza, tem três filhos: Diogo, Rafael e Bruno e três netos. O Peba é reconhecidamente um gabaritado cirurgião dentista e um dos maiores e mais afamados pescadores na região de Ourinhos