Carlinhos esbanjou muita vitalidade, atuando até recentemente |
José Carlos de Lima é dessas pessoas que gostam de uma boa conversa. E se envolver a sua paixão pelo futebol suíço, em especial, ao extinto time da Eletrônica, surgem fatos e histórias que mereceriam uma `edição especial´. Esse militar aposentado, que praticou o seu futebol até recentemente, contribuiu muito para o desenvolvimento da modalidade ao longo das décadas. Por toda a sua atuação no futebol garcense, o conhecido Carlinhos da Eletrônica, pode ser considerado um grande `Destaque Esportivo´.
A sua forte ligação com o time que fundou, ao lado de vários amigos, começou na Sexta-Feira Santa de 1971, quando `nasceu´ a Eletrônica. A equipe marcou época no tempo do `terrão´, sendo inicialmente comandada por Carlinhos e pelo Zezo Sganzerla, que se afastou ao final de 1984.
“Eu sempre estive à frente da Eletrônica até por volta de 1995, quando a equipe encerrou as atividades”, recorda Carlinhos, que se lembra nos mínimos detalhes de toda a trajetória do time, que teve, entre outros, Dagoberto, Afrânio, Roberto Galdino, Tonhá, Zé dos Santos, Magno, Aníbal, Nicola, Carlão, Macalé, Baiano, enfim, atletas amadores muito conhecidos no futebol suíço, que ficaram juntos por mais de duas décadas, até o encerramento das atividades.
Aliás, a equipe conquistou o seu único título municipal em 1994. O futebol suíço realmente mereceu ter a Eletrônica em sua galeria de campeões.
Um flagrante do nosso `Destaque Esportivo´, no Platzeck, defendendo o time da Guarda Municipal nos anos 70 |
Carlinhos, com a Eletrônica, no campo do GTC, no início da década de 80; ele é o quinto em pé, da esquerda para direita |
Carlinhos se transformou numa `figurinha carimbada´ quando dos jogos do master e suíço |
Carlinhos defendendo outra agremiação?
Isso foi raro. Mas aconteceu e por um bom motivo, como explicou Carlinhos: “Nós tínhamos um torcedor especial, o `Tio Zé´ (Sganzerla), que vinha todos os domingos de São Manuel para acompanhar os nossos jogos. Não faltava em nenhum!!!”, relembra.
Porém, o destino quis que o simpático torcedor viesse a falecer no início de 1987. “Como ele era muito querido por todos, ficamos sem clima para disputarmos o campeonato daquele ano. Reunimos e resolvemos que naquele ano não disputaríamos. Por isso, cada um jogou pelo time que quis, inclusive eu, defendendo a Fitotécnica”, explicou, acrescentando que em 1988 `a turma´ se reuniu novamente.
Carlinhos não deixou de citar outro torcedor ilustre, o João Fubá. “Ele ia em todos os jogos, a pé, sem antes deixar de passar na feira livre para vender a sua pimenta, que tanto sucesso fez”. “Ele esteve com a gente em muitos momentos da existência da Eletrônica”, disse, em tom de muito saudosismo.
Com a camisa do Alfa, num amistoso em Tupã, ao lado do amigo Plínio Dias |
Uma memória privilegiada para os `causos´
Carlinhos, ao longo da entrevista feita originalmente para o extinto `Comarca de Garça´, lembrou-se de vários `causos´ ocorridos ao longo dos mais de 20 anos à frente da Eletrônica. Minucioso, não se esqueceu de nenhum detalhe.
Um deles diz respeito ao técnico meio-campista e atacante Afrânio Carlos Napolitano, que, em determinado jogo, com a Eletrônica perdendo por 1 x 0 para o Motorista, teria saído do campo e ido beber água tranquilamente. “A partida acontecendo, o ´pau quebrando´ e o Afrânio, naquela tranquilidade dele, bebendo água pausadamente, para o nosso desespero”.
A fim de tranquilizar Carlinhos, o atleta teria falado: “Fique tranquilo, pois vou voltar, vou marcar dois gols, vamos virar e vencer!!!”. “E não é que aconteceu isso mesmo?”, contava, às gargalhadas, o nosso `Destaque Esportivo´, sem antes dizer que “Difícil foi aguentar o Afrânio falando: eu não disse? Pra quê essa sangria desatada?”.
Outro `causo´, digno do folclore do futebol suíço, diz respeito a um dos clássicos da época: Eletrônica x Independente. “O jogo foi em nosso campo, onde hoje está a PPA. O Independente jogava pelo empate. Mas o Zezo, de cabeça, foi lá e marcou o gol que nos deu a vitória. Porém, o incrível dessa história é que um atleta do Independente, teria confessado depois do jogo que agraciara o árbitro com uma `gorjeta´, não para ele prejudicar a Eletrônica, mas simplesmente para não aparecer em campo. Ele nem deu sinal de vida, mas mesmo assim vencemos”, contou, divertindo-se.