sexta-feira, 24 de julho de 2020

Recordar é Viver: "Jaime Nogueira Miranda apoiou bastante o esporte garcense"









Por Wanderley Tico Cassolla


Na edição passada, “O Mais” noticiou um dos assuntos mais emblemáticos da política garcense, ocorrido há cinquenta anos. No dia 17 de junho de 1.970, a cidade era surpreendida com a intervenção na prefeitura. O prefeito Júlio Marcondes de Moura, foi afastado com base no Ato Institucional nº 5, por ordem do presidente do Brasil, General Emílio Garrastazu Médice. No lugar de Julinho, assume o cafeicultor Jaime Nogueira Miranda. A população ficou estarrecida. Um momento único e triste na política que jamais será esquecido.

Naquele ano eu recebia convite do Ipiranga para disputar o Campeonato Amador, apesar de ser ainda muito jovem, de 13 para 14 anos. Antes tinha disputado uma competição interescolar pelo Escola Artesanal, e depois outra em Marília, na categoria dente de leite, representando o Garça Tênis Clube, comandada pelo professor Rui Pinheiro. Em ambos os torneios ganhei a medalha de artilheiro. Talvez isto despertou o interesse dos dirigentes ipiranguistas, liderados pelo Nelsinho Carvalho. Confesso que ficamos radiantes com o convite. Naquela época disputar o Campeonato Amador era bem difícil. Tinha bons times e grandes jogadores. Conseguir vaga não era pra qualquer um.

Entretanto uma dúvida era geral. Com a intervenção na Prefeitura, sairia o campeonato? No ano anterior (1969) não teve também. Recordo que a maioria dos jogadores e dirigentes ficavam no “footing” em frente o Cine São Miguel, “cornetando” pra tudo quanto é lado. Eu lá, só ouvindo a boleirada mais antiga comentar. Torcendo, é claro, para ter o campeonato. A vontade era demais para disputar. Infelizmente acabou não acontecendo.

Com isto o Ipiranga foi arrumando alguns amistosos e preparando o time. Até que no ano seguinte (1.971), o Sr. Jaime Miranda, convocou vários esportistas e teve o campeonato. Na Comissão Central de Esportes o diretor foi Mário Baraldi e na Liga Municipal de Futebol, o Sr. João Truzzi. O Ipiranga “contratou” vários jovens. Lembro do Alcir, Nôzinho, Sambinha, Carlinhos. E o Sr. Jaime Miranda, demonstrando muita esportividade, e para surpresa de todos, passou a frequentar os campos onde os jogos estavam sendo disputados. Com isto ganhou a admiração e respeito dos times e jogadores. O campeonato foi empolgante e bem disputado. No final o Serenata acabou sendo o grande campeão da temporada.

A organização conseguiu até “fardamento” para os juízes, tudo de primeira. Veja no flagrante. Em pé da esquerda para direita: João Truzi, Mario Baraldi,  Sérgio de Stefani, Jaime Miranda, Moises Rodrigues Santana, Adecildo Alves “Nenê Caveirinha e Sasso; agachados: Maquininha, Antonio Cavalaria, Tatinha, Ranulfo José da Silva e Ximenes. Todos devidamente uniformizados com roupas pretas, a moda na  época, e com o distintivo da LMF (Liga Municipal de Futebol). O Sr. Jaime Miranda, se empolgou tanto que até participou de um jogo festivo no final de ano, entre uma seleção dos “Magros” e “Gordos”. Veja na foto o time dos “Gordos” : Em pé da esquerda para direita: Antonio Cândido do Carmo, Pedro Kruzick, Juvenal Hilário do Nascimento, Pedro Falcão, Bulho, Alfeu Stoque, Antonio Maceloni, Olegário “Chola” Damaceno e Toninho Marques; agachados: João “Manolinho” Folgueiri, Professor Paulinho, Dito Soldado, João Alexandre Colombani, Jaime Nogueira Miranda, Bukvich, Aníbal Bonfim e Zeca Manchini. Segundo o Aníbal me contou, o “seo” Jaime marcou dois gols, um de pênalti, com direito a paradinha. Como interventor federal comandou Garça até o ano de 1.973, entregando a Prefeitura para o prefeito Pedro Valentim Fernandes.

Lembro que naquele ano formei no curso secundário. Quando fui receber o diploma, era o Sr. Jaime Miranda quem estava procedendo a entrega, para mais de uma centena de jovens formados. Quando me aproximei (foto), o Sr. Jaime nos entregou e falou o seguinte. “Ei, você é aquele loirinho, camisa 9, que joga no Ipiranga, no time de camisas vermelha. Um dia você vai jogar no time do Garça”. Se eu já estava contente com o diploma, fiquei mais contente ainda, pelas palavras e boa memória dele. A profecia deu resultado. No ano de 1.976 eu estreava no time profissional do Garça, no Campeonato da 2ª Divisão de Profissionais. No “Platzeck”, jogo entre Garça 2 x 1 Barretos. Gols de Tico e Heitor “Tiarim” Gonçalves.