sexta-feira, 17 de julho de 2020

Recordar é Viver: "Nicola Rozário, uma pintura de quadro e de gol"















Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Eu sabia que o Nicola Rozario, foi um grande jogador, e também um excepcional mestre ou professor. Mas o outro dom dele, descobrimos esta semana na net, um artista plástico dos bons (pintor). É que circulou na net, uma foto de um quadro de sua autoria, retratando o já “demolido” pontilhão, sob os trilhos da linha do trem da Paulista, que ficava ao lado do atual prédio do Bradesco.

Como bem me falou o são-paulino Gilberto “Paco” Fernandes: “Uma pintura de quadro” (foto), que matou a saudades dos garcenses mais antigos. Depois descobrimos que o Nicola tem vários quadros de antigos prédios e construções de nossa cidade, alguns históricos. Um mais bonito que o outro.

O quadro postado na net., revela a Garça de antigamente, dos anos 50/60, uma cidade pacata e tranquila. Para o amigo leitor, o “pintor Nicola” retratou o pontilhão como se estivesse na Rotatória Marco Zero. Numa viagem, com lembrança de vários prédios comerciais (que já não existem mais), sendo recordados: a direita era a Alfaiataria do Chiriba. À frente, o prédio mais alto era a Agência da TELESP (hoje Vivo). À esquerda, na esquina, era a Loja do Povo, do Sr. Pinchas. Na esquina oposta era o Bar Antártica, dos Irmãos Tarora. Nos fundos do bar, tinha um reservado, e o pessoal gostava de jogar damas. O Sr. Naná era o rei do tabuleiro. Mais a esquerda está até hoje o Hotel Central. Do lado da Loja do Povo, ficava a Vidraçaria do Baraldi. Ao lado do Bar Antartica tinha o Foto Esber, e mais pra frente a Mercearia Triunfo. Quase em frente a Telesp, era o Escritório do Chaves, um pouco mais acima, o Hotel Paulista, do Roberto Eletricista. Convenhamos, uma verdadeira obra de arte.

De outro lado, encontramos no “Memória Garcense”, a foto do mesmo pontilhão, vista de outro ângulo. Do começo da Rua Barão do Rio Branco, ainda com piso  de terra. Segundo o também corintiano Antonio Augusto “Tonhô” Castro, o pontilhão era diferenciado, um pouco curvado, diferente dos demais, que sempre ficavam em linha reta. E quando chovia era comum ficar alagado, dificultando o trânsito dos veículos entre o Bairro Labienópolis e o Ferrarópolis. Como falavam os garcences da época: o lado de baixo e o lado de cima da cidade. Uma foto rara.

Mas como a coluna é predominantemente de esporte, não podemos deixar de falar dos “dotes” futebolísticos do corintiano Nicola. Ele foi um grande meio campista, um meia avançado, um jogador preparador de jogadas. Começou no Paulistinha, formando o meio de campo ao lado do Zezo e Zé Risada, quando jogavam no Campo da Congregação Mariana, onde hoje é a Escola Municipal “Victor Hugo”, no Bairro Labienópolis. Depois passou pelos seguintes times da várzea:  Botafoguinho, Ferroviária, Rebelo, Sotebra, Paulista, Mercado, e até se aventurou em competições regionais, pela equipe de Álvaro de Carvalho. No futebol de salão jogou pelo Induscomio e no time dos professores do Colégio Comercial, nas competições interclasses. No futebol suíço fez história envergando a gloriosa camisa da Eletrônica, por cerca de duas décadas. E um único título de campeão na temporada de 1.994, para alegria dos dirigentes comandantes, Carlão Moraes e Carlinhos Policia. 

Veja uma das primeiras formações da Eletrônica. Em pé, da esquerda para direita: Gilmar Mantovanelli, Zú, Galdino, Macalé, Carlinhos e Carlão; agachados: Magno Bidu, Zezo, Afrânio, Nicola e Aníbal Bonfim. Na outra foto, o Nicola ao lado do inseparável amigo José dos Santos e do ídolo Zé Maria, ex-craque do Corinthians.

Mas não podemos deixar de registrar o gol mais bonito da carreira do Nicola. Aconteceu no futebol suíço, no jogo Eletrônica x Kussumoto “B”, no Campo dos Escoteiros, época do `terrão´. A Eletrônica sofreu o gol de empate aos 39 minutos do segundo tempo, faltando um minuto para o jogo acabar. Na soltura, o Acácio tocou a bola para o Nicola. Ele simplesmente dominou e foi avançando. Driblou, nada mais, nada menos, que  6 jogadores contrários. Até que chegou na frente do goleiro. Com calma, fez um balãozinho, e com um leve toque de direita, encobriu o goleiro. A bola entrou no ângulo. Segundo o  Magno “Bidu”, lateral do time: “Foi uma pintura de gol”.