sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Recordar é Viver: "Rogerinho Jr. e o seu gol antológico"

 

Azeitona, Rogerinho Jr. e o ex-goleiro do Corinthians, Ronaldo Giovanelli

Por Wanderley `Tico´ Cassolla

No dia 20 de outubro de 1996, o Garça enfrentou o XV de Caraguatatuba, no “Platzeck”, num jogo dramático válido pelo Campeonato da 2ª Divisão de profissionais, empatou pelo placar de 1 a 1 e garantiu o acesso à Série A-III (Paulisteca/97).

O Garça estava perdendo o jogo e, consequentemente, a vaga. Porém, coube a Rogerinho, há exatos 27 anos, marcar um gol antológico, aos 37 minutos do segundo tempo, garantindo a igualdade no marcador e a vaga na divisão superior.

Veja a ficha técnica do jogo: Garça: Zé Maria; Sérgio Ananias, Xande (Du) Hélio e Rogerinho Jr; Campagnolo, Edilson, Doriva (Marinho Rã) e Júlio César (Tichak); Nadiel e Paulo César. Técnico: Luizinho.

XV de Caraguatatuba: Paulinho; Beto Brasília, Marcelo, Amaral e Da Silva; Vado, Edinho e Leandro; Paulo César, Garcia e Genaro. Técnico: Eduardo Gonçalves. Arbitragem: Flávio de Carvalho, auxiliado por Rubens José Forte e Edie Mauro G. de Toffoli. Observador: Carlos Russo Bachelli.

Na época, o Jornal Comarca de Garça assim noticiou: “Foi sofrido, chorado, dramático, tenso e nervoso, mas o jogo entre Garça e XV de Caraguatatuba terminou empatado e levou o Garça ao Paulisteca em 1997. Um público muito bom esteve no “Platzeck”, com a certeza de que o time não deixaria escapar em hipótese alguma, o tão sonhado acesso. O primeiro tempo de jogo terminou com o placar em branco. No começo do segundo tempo, o Garça sofreu um duro golpe, logo aos 6 minutos, com gol marcado por Garcia, após receber passe do habilidoso Genaro. 

O Garça partiu com tudo pra cima do adversário, mas nada de gol. Quando o desespero estava na fisionomia dos torcedores, no apagar das luzes, aos 37 minutos, o lateral Rogerinho Júnior avançou pela ponta esquerda, cortou para o meio e na entrada da grande área, no gol dos eucaliptos, soltou uma verdadeira bomba, indefensável para o goleiro, que saltou sem nada poder fazer, a não ser ver a bola estufar a rede e a torcida explodir de emoção, como há muito tempo não se via no “Platzeck”. 

Foi um verdadeiro grito de gol, cheio de muita emoção, com o torcedor tendo a certeza do acesso. Com o apito final, aos 50 minutos de jogo, a torcida invadiu o gramado, a fim de comemorar com os atletas, o tão sonhado e esperado acesso para o Paulisteca/97”.

Vale lembrar que naquela temporada subiram três times: Jaboticabal (campeão), com 65 pontos ganhos, Grêmio Mauense e Garça, com 51. O Garça terminou como terceiro colocado pelo saldo de gols, o segundo critério de desempate. O exemplar do jornal é o de nº 6.919, que o torcedor Elisaldo “Nêgo” Alves, guarda com muito carinho.

Recordamos uma das formações do Garça, daquela temporada vitoriosa. Em pé da esquerda para direita: José Alcides Faneco (prefeito municipal), Luiz Carlos Beline (dirigente), Antonio “Biga” Marangão (dirigente), José Luiz (treinador de goleiros), André (preparador físico), Xande, Sérgio Nunes, Hélio, Rogerinho Jr. e Paulo Sérgio; agachados: Washington “Cateto” (dirigente), Zé Luiz (massagista), Timbó, Marinho Rã, Júlio César “Pirainha”, Fabinho, Sérgio Ananias e Paulinho.

CARREIRA:  A coluna homenageia o mariliense Rogério Natalino Jacinto, ou, Rogerinho Júnior, o lateral que nasceu num dia de natal, filho do conhecido “Azeitona” e dona Margarida, que marcou o memorável gol, lembrado até hoje pelos torcedores.  

O Rogerinho Jr. começou a jogar bola cedo, pois sempre acompanhava o pai “Azeitona”, então goleiro do Lupércio. No final dos anos 80, o MAC fez um amistoso em Lupércio. O Rogerinho se destacou, e de pronto, recebeu o convite para jogar nas equipes de base do MAC. Em Marília o seu futebol foi crescendo. Até que tempos depois, dirigentes do Garça, através do Pedro Soares, fizeram o convite para que ele defendesse o “Azulão”. Com bastante empenho e dedicação conquistou a posição na lateral. Até que foi profissionalizado, disputando as temporadas de 1995 e 96. Na ocasião trabalhou com os técnicos Zé Rubens e Luizinho, num time que tinha grandes jogadores, desde o consagrado Marinho Rã até os “pratas da casa”, Sérgio Ananias e Júlio César “Pirainha”.

Canela, Rogerinho Jr. e Branco, ex-seleção brasileira, com a camisa do Mogi Mirim

Depois de sua ótima passagem no Garça, quase foi para o São Paulo. O então presidente Jorge Ábido até acertou um amistoso no CT da Barra Funda, com o Garça perdendo de 4 a 0. Entretanto, as negociações para a ida do então garoto revelado na Fazenda Esméria não prosperaram. O Rogerinho Jr. foi para o XV de Piracicaba, depois Mogi Mirim, Ceará, Matonense, Guaratinguetá, Santo André, Nacional de São Paulo, Marília, Joinville e CRB de Alagoas e Noroeste de Bauru, onde teve boa passagem: vice-campeão da Série A-2 na temporada de 2005, garantindo o acesso para a 1ª Divisão do Campeonato Paulista e vaga na Série “C” do Campeonato Brasileiro. No tradicional clube bauruense encerrou a carreira no ano de 2007. Retornando às origens em sua querida Lupércio, jogou nos times amadores da região, em Ocauçu, Marilia e Garça. Atualmente, e mais por lazer, defende o master lupercense.

Sempre ligado ao mundo da bola assiste, na medida do possível, um jogo do amador ou um futebol na televisão. O time do coração é o Palmeiras, e tem como ídolo, o ex-lateral/ala garcense, Roberto Carlos.

Numa análise do atual estágio do futebol brasileiro, o Rogerinho Jr, diz que “o nível técnico diminuiu muito, comparando com a seleção pentacampeã de 2002. Havia mais jogadores, bem melhores tecnicamente, hoje a maioria dos jogadores estão na mão de empresários. Antigamente o adversário tremia quando enfrentava a camisa amarelinha. Hoje ninguém respeita mais”.

Deixando um pouco o futebol de lado, o Rogerinho Jr. é vereador em Lupércio, desde o ano de 2016, atualmente ocupando o importante cargo de presidente da edilidade. E a paixão pelo esporte da família Jacinto não para, está no DNA. Começa com o pai Azeitona, passa para o Rogerinho Jr, e prossegue com o filho Giovani, que com 16 anos, está frequentando a escola do vôlei, do consagrado Bernardinho, em Marilia, com um futuro bastante promissor.